terça-feira, janeiro 17, 2006

Será o vício assim tão grande???

Ontem quando me deslocava para casa, num meio de transporte público, ao chegar a uma paragem reparei num homem que lia o jornal (ou fazia que lia). Era um indivíduo com barba e com o cabelo mal arranjado, para além de mal vestido. Tinha o jornal, dobrado a meio, nas mãos. Quando o veículo parou, um homem que fumava o seu cigarro, com o seu casaco e pasta na mão, avançou para entrar. Quando começa a sua pequena caminhada, atira a metade do seu cigarro que restava para a estrada (é proibido fumar dentro dos transportes públicos). Quando reparo, novamente, no indivíduo que "lia" o jornal verifico que ele tinha contornado um expositor de publicidade e ido até à estrada, ao local onde o cigarro havia caído. Aí chegado ajoelhou-se e resgatou aquele meio cigarro de entre as pedras, tendo de imediato o colocado entre os lábio e fumado avidamente enquanto se afastava da paragem.

Após este episódio alguns pensamentos me assolaram. Aqueles que considero mais significativos são:
O facto de o povo português ser bastante porco. Para constatar este facto basta olhar para um simples passeio. O que vemos? Cuspidelas, cigarros, papeis, maços de tabaco, etc, etc... E em casa a atitude é a mesma? É claro que não porque se não estraga a alcatifa ou a madeira, os sofás, os móveis e muitas outras coisas.
Outra das coisas, que deteve os meus neurónios por momentos, estava relacionada com a crise financeira do nosso país e as dependências. Estando nós numa crise tão profunda como é que vícios como o do tabaco se conseguem manter? A cada dia que passa o número de desempregados sobe desenfreadamente e a capacidade de manter o orçamento das famílias requer, cada vez mais, a máquina de calcular e equações muito complicadas. Será o tabaco um vício assim tão forte que motive atitudes como aquela que o indivíduo que "lia" o jornal teve?

Comentários:

Ora vamos então a umas pequenas correcções:

indíviduo deverá ser indivíduo

proíbido já é proibido há muito tempo

já caido fica melhor se for caído

enquando passará a enquanto

constato que não é constactar

do cuspo resulta a cuspidela e não a cospidela

por fim o Dicionário requer mas não requere  

Obrigado pelos reparos e peço desculpa pelos erros.
Mas além desses reparos, tão importantes como desnecessários os erros, podedias deixar 1 comentário e/ou a tua opinião ao conteúdo (que não deixou de ser inteligível).  

Já me aconteceu andar por mto tempo com alguma coisa que é suposto ser deitado ao lixo por não encontrar caixotes em lado nenhum.Claro que há pessoas que não têm paciência para isso.Mas tb há pessoas com um caixote ao lado q atiram o lixo para o chão. São pessoas mal educadas, sem qq respeito pelos outros e pelo próprio ambiente.Tb já assisti fumarem cigarros que apanham do chão.Acho q isso ultrapassa o vício.É verdadeira miséria.  

De facto, acho que as pessoas não têm cosnciência de limpeza pública. isto é, os passeios são de todos, mas não somos ´nós que os limpamos...mandamos limpar com o dinheiro pago às empresas de limpeza pelas camaras com dinheiro público. E desta forma descartamos as nossas culpas e "passamos a pasta a outros". Atitude certa? Claro que não!
os portugueses são porcos? Talvez, mas também não temos um policia a cada virar de esquina que nos mande apanhar a beata do chão! Não temos multa!
Um amigo meu veio de Zurique esta semana e disse que "Até tinha medo de fumar na rua!" - atitude obviamente portuguesa quando em contacto com outro tipo de comportamentos.

No que diz respeito a orçamentos familiares e despesa do vicio:
eu sou fumadora, até agora não tenho encargos para além dos meus, ainda assim já me vi "obrigada" a reduzir o consumo.
Porque não deixo de vez? porque não quero! A razão é só essa! Estupida? sim... Mas é a minah decisão.
Apartir do momento que o meu vicio interfira na vida de outra pessoa terei que repensar a minha atitude...até lá, beatas no cinzeiro.  

Ora então uma opinião:

Claro que o vício é assim tão forte. Basta atentar que em consultas de cessação tabágica, que incluem sobretudo indivíduos já com patologia, seja respiratória ou cardiovascular, e logo motivados, a taxa de sucesso dificilmente ultrapassa os 10%! E está-se a falar de pessoas a quem é dado apoio psicológico e farmacológico para deixarem de fumar.

O exemplo apontado não será excepção.

Quanto ao apanhar a beata isso decorre dos hábitos de higiene e sobretudo da miséria em que o país, ou as suas pessoas, está(ão)mergulhado(as). E esta miséria não é apenas material mas também (e muito!) uma miséria cívica. O português, na sua generalidade, não tem qualquer cultura ou consciência cívica. Daí precisar de um polícia (!!!) para não atirar uma beata para o chão...

O mal ou a dita crise do país não está apenas dependente dos governantes. E também não será um futuro Presidente da República milagreiro, como se parece configurar no horizonte, que irá resolver a nossa situação. O mal está na formação e mentalidade dos portugueses. Vive-se o dia-a-dia na convicção que alguém deve resolver os problemas mas não se sabe bem é quem...  

Acho que devemos pensar como combater a falta de civismo, existente em Portugal. Aulas de formação cívica? Penso que não. Não parece a melhor opção, basta olhar para a taxa de insucesso escolar. Controlo policial sobre os "porcos"? Não resolverá grande coisa. A força policial já não é suficiente para responder às necessidades actuais, quanto mais a umas suplementares. Por mais que pense não consigo encontrar uma boa medida para tentar solucionar este problema.

Com uma coisa concordo. A mentalidade portuguesa realmente é peculiar. Vivemos o dia-a-dia e resolvemos os problemas a curto prazo. Independentemente das suas responsabilidades e dos problemas que possa ter a sua actitude, o cidadão nacional (do primeiro ministro ao varredor de ruas), não está preocupado com o impacto a médio/longo prazo (aí já será outro que terá de se preocupar; já não sou eu, por isso já não me preocupa!)  
Enviar um comentário

«Inicial