terça-feira, outubro 24, 2006

Para a frente é que é caminho, Portugal...

Recebi este texto por e-mail, e depois de tanto tempo de ausência, acho que merece um post.

"Eu conheço um país que tem uma das mais baixas taxas de mortalidade de recém-nascidos do mundo, melhor que a média da União Europeia.
Eu conheço um país onde tem sede uma empresa que é líder mundial de tecnologia de transformadores.
Mas onde outra é líder mundial na produção de feltros para chapéus.
Eu conheço um país que tem uma empresa que inventa jogos para telemóveis e os vende para mais de meia centena de mercados.
E que tem também outra empresa que concebeu um sistema através do qual você pode escolher, pelo seu telemóvel, a sala de cinema onde quer ir, o filme que quer ver e a cadeira onde se quer sentar.
Eu conheço um país que inventou um sistema biométrico de pagamentos nas bombas de gasolina e uma bilha de gás muito leve que já ganhou vários prémios internacionais.
E que tem um dos melhores sistemas de Multibanco a nível mundial, onde se fazem operações que não é possível fazer na Alemanha, Inglaterra ou Estados Unidos.
Que fez mesmo uma revolução no sistema financeiro e tem as melhores agências bancárias da Europa (três bancos nos cinco primeiros).
Eu conheço um país que está avançadíssimo na investigação da produção de energia através das ondas do mar.
E que tem uma empresa que analisa o ADN de plantas e animais e envia os resultados para os clientes de toda a Europa por via informática.
Eu conheço um país que tem um conjunto de empresas que desenvolveram sistemas de gestão inovadores de clientes e de stocks, dirigidos a pequenas e médias empresas.
Eu conheço um país que conta com várias empresas a trabalhar para a NASA ou para outros clientes internacionais com o mesmo grau de exigência.
Ou que desenvolveu um sistema muito cómodo de passar nas portagens das auto-estradas.
Ou que vai lançar um medicamento anti-epiléptico no mercado mundial.
Ou que é líder mundial na produção de rolhas de cortiça.
Ou que produz um vinho que "bateu" em duas provas vários dos melhores vinhos espanhóis.
E que conta já com um núcleo de várias empresas a trabalhar para a Agência Espacial Europeia.
Ou que inventou e desenvolveu o melhor sistema mundial de pagamentos de cartões pré-pagos para telemóveis.
E que está a construir ou já construiu um conjunto de projectos hoteleiros de excelente qualidade um pouco por todo o mundo.

O leitor, possivelmente, não reconhece neste País aquele em que vive - Portugal. Mas é verdade. Tudo o que leu acima foi feito por empresas fundadas por portugueses, desenvolvidas por portugueses, dirigidas por portugueses, com sede em Portugal, que funcionam com técnicos e trabalhadores portugueses. Chamam-se, por ordem, Efacec, Fepsa, Ydreams, Mobycomp, GALP, SIBS, BPI, BCP, Totta, BES, CGD, Stab Vida, Altitude Software, Primavera Software, Critical Software, Out Systems, WeDo, Brisa, Bial, Grupo Amorim, Quinta do Monte d'Oiro, Activespace Technologies, Deimos Engenharia, Lusospace, Skysoft, Space Services. E, obviamente, Portugal Telecom Inovação. Mas também dos grupos Pestana, Vila Galé, Porto Bay, BES Turismo e Amorim Turismo. E depois há ainda grandes empresas multinacionais instaladas no País, mas dirigidas por portugueses, trabalhando com técnicos portugueses, que há anos e anos obtêm grande sucesso junto das casas mãe, como a Siemens Portugal, Bosch, Vulcano, Alcatel, BP Portugal, McDonalds (que desenvolveu em Portugal um sistema em tempo real que permite saber quantas refeições e de que tipo são vendidas em cada estabelecimento da cadeia norte-americana).

É este o País em que também vivemos. É este o País de sucesso que convive com o País estatisticamente sempre na cauda da Europa, sempre com péssimos índices na educação, e com problemas na saúde, no ambiente, etc. Mas nós só falamos do País que está mal. Daquele que não acompanhou o progresso. Do que se atrasou em relação à média europeia. Está na altura de olharmos para o que de muito bom temos feito. De nos orgulharmos disso. De mostrarmos ao mundo os nossos sucessos - e não invariavelmente o que não corre bem, acompanhado por uma fotografia de uma velhinha vestida de preto, puxando pela arreata um burro que, por sua vez, puxa uma carroça cheia de palha. E ao mostrarmos ao mundo os nossos sucessos, não só futebolísticos, colocamo-nos também na situação de levar muitos outros portugueses a tentarem replicar o que de bom se tem feito.Porque, na verdade, se os maus exemplos são imitados, porque não hão-de os bons serem também seguidos?"

Nicolau Santos, Director - adjunto do Jornal Expresso In Revista Exportar

Comentários:

De facto (também) somos um País do pessimismo, da maldicência, das intrigas, dos "casos" escabrosos, etc.
Contudo, como se pode ver no texto de Nicolau santos, temos coisas boas. Ou mesmo muito boas.
No que diz respeito à saúde - refiro-me à taxa de mortalidade infantil - os números e o nosso lugar no ranking europeu é, de facto, motivo de orgulho.
Sem falsas modéstias.
Pergunto - lá vem o pessimismo! - se a actual política governamental relativa ao SNS não poderá vir, no futuro, a afectar este importante indicador de saúde?
Alegro-me que sejamos capazes de fazer coisas bem feitas.
Falta-nos aprender a conservá-las (bem feitas).
Será o passo seguinte...  

Gostei muito :)

Entao depois da confusão que o ministério da saúde causou ontem..é bom saber que nem tudo está perdido...  

De facto é encorajante! Com certeza os milhares de desempregados e trabalhadores precários do nosso país se deveriam congratular e rebolar de felicidade...

Sejamos sérios! Esta nova corrente do "anti-pessimismo nacional" só dá vontade de rir!  

Realmente, ... em que estaria eu a pensar quando aqui coloquei este post.

Há tantos desempregados pelo país fora;
Há tantos arrumadores;
Há tantas desgraças para abrir os telejornais;
Há tanta coisa para pôr o povo a pensar que as coisas estão mal e para sempre assim ficarão;
Há que pensar que aqueles que conseguem ter sucesso em Portugal devem ser iluminados e não apenas mais uns como os outros;
Há que pensar que nem todos têm capacidade para ter um emprego;
Há que pensar que em vez de se procurar motivar as pessoas a enfrentar as contrariedades temos que tratá-las como uns coitadinhos (como um dos programas da TVI já o faz).

Mas ainda bem que coloquei o post pois assim procurarei não entrar neste ciclo vicioso do pessimismo e da depressão.  

A sensação que ressalta é a nossa (dos portugueses) relevante capacidade de destruir.
Não precisa de ser mencionada, nem comunicada. É inata. Quem "rema contra a corrente" (como é ó caso do artigo de Nicolau Santos) provoca risos. O pessismismo é mais gratificante para as consciências.
Um dia embandeiramos em arco e no dia seguinte "esfodaçamos" tudo.
Não existe uma consciência colectiva enquanto povo. Se não a ganharmos dificilmente seremos um País. Moderno ou antiquado.
Ficamos onde estamos!  

Uma corrente de "anti-pessimismo nacional" pode dar vontade de rir a alguns mas, e isso é que é caricato, pode surtir mais efeito positivo numa economia que uma dúzia de políticas económicas bem intencionadas.

Porque as expectativas dos agentes económicos assumem um papel essencial no desempenho das economias. Palavra de economista.

E porque o ser humano é inter-influenciável. A influenciarmo-nos uns aos outros, porque não fazê-lo no sentido positivo em vez do negativo? Que diabo, pior não havemos de ficar! Pois não?  
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