sexta-feira, março 24, 2006

Regionalização.

Há algum tempo que se tem começado a falar (nos bastidores) sobre uma possível regionalização. Quando Sampaio saiu de cena deixou no ar uma divisão do país em cinco regiões. O novo PR defende que a regionalização não faz sentido. Contudo, e ao que parece, o Governo quer regionalizar. Mas só vai referendar as regiões depois de as legislar.
O que vai mudar com a regionalização? Será apenas uma nova definição de fronteiras? Haverá mais impostos? Como serão distribuidos os "fundos" pelas diversas regiões?
Não sabemos! Mas seria útil haver discussão pública para que seja criada legislação completa e (mais ou menos) consensual, de modo a não estarmos constantemente a fazer acertos.
A meu ver, as cinco regiões propostas não beneficiam, em nada, o interior (talvez o Alentejo consiga tirar proveitos), que actualmente é a zona do país que mais incentivo precisa.

Comentários:

Hoje, muitos portugueses, questionam a "não-regionalização" do País e interrogam-se sobre a
validade dos "espantalhos" levantados - pela Dirieita - sobre esta questão.
Nessa altura - do referendo - jogou-se contra a regionalização a descentralização ( entendia-se política, económica, administrativa, cultural,...)

Deu no que deu...!  

A pergunta formulada: "Como serão distribuidos os "fundos" pelas diversas regiões?" sendo pertinente é o cerne da questão da regionalização.
Da regionalização versus coesão nacional.
A coesão passa pela solidariedade orçamental. As regiões mais desenvolvidas deverão libertar "fundos" a favor das menos desenvolvidas...senão será a "regionalização pelas assimetrias".  

Eu não concordo muito com regionalização. Portugal não tem dimensão para isso nem é um país que tenha divisões naturais/históricas entre as suas regiões. Não somos como a Espanha em que há todas aquelas regiões, algumas delas até já foram reinos independentes há vários séculos e mantêm as suas identidades tradicionais bastante vivas.

Como é óbvio concordo plenamente que se deve tentar ao máximo desenvolver as zonas do país que mais problemas têm. Não me parece que seja necessário regionalizar para isso.  

A "uniformidade nacional" - identidade, se quisermos - não é tão sólida como, à primeira vista, parece. Temos características regionais bem marcadas e, por vezes, estravasando o território. Exemplos: um alentejano do interior tem grande identidade com o estremenho do outro lado da raia, assim como, o minhoto com o galego. O que não temos é "nacionalidades",como Espanha. Essa a grande diferença. Cá dentro, por muito caricatural que pareça, gostamos muito de glosar e invectivar "os do Norte" e os "mouros do sul". Esta glosa, essencialmente usada na gíria futebolística, tem o seu "fundo" de verdade. Haverá outras asserções na mesma onda...

O que torna actual este problema da regionalização é o contexto onde hoje (e no futuro) estamos inseridos - A Europa. E o desenvolvimento europeu é subsidiário do conceito de "Europa das Regiões". Foi esse conceito que levou a maioria dos Estados europeus a (administrativamente)regionalizarem-se. As regiões tiraram melhores proveitos dos fundos de coesão europeus. Portugal perdeu, para já, este comboio.
Quando (e se) criarem as Regiões será tarde? Talvez!
O que não deixa de ser genuinamente
português - chegar atrasado!  
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segunda-feira, março 20, 2006

Aborto...

Pelo que nos é sugere o consumo de pílula do dia seguinte a questão do aborto não deve ser abordada novamente. Pode haver muitos argumentos a favor e outros contra, mas é necessária uma melhor educação para a saúde de modo a que medidas como o aborto possam ser discutidas (e possivelmente instituídas).


PS:
Gostava só de lembrar Sérgio Vieira de Mello, 3 anos depois do início da invasão do Iraque, que disse que aquele era um país muito complexo e que a sua invasão era a pior solução e que muito provavelmente surgiria uma guerra civil.
E ainda lamentar o preço da "rega dos compos de golf".

Comentários:

quanto à questão educional, estamos de acordo.
Agora misturar a pílula do dia seguinte com a interrupção voluntária da gravidez (aborto, como lhe chamam os contra)é...demais!  

Não considero a comparação da pílula do dia seguinte com a interrupção voluntária da gravidez disparatada. Nenhum dos dois deve ser utilizado como método anti-conceptivos. Entretanto é o que se tem verificado com este tipo de pílulas. Daqui podemos pensar que o mesmo ocorrerá com o aborto, se ele for aprovado, sem a tal educação.  

Nenhuma é um método anti-conceptivo. De acordo!

A pílula do dia seguinte é, penso, tomada no sentido de reparar uma imprevidência ocasional. Muitas vezes não há qualquer concepção. Mais ou menos: "o seguro morreu de velho".

A IVG é um tremendo choque para a mulher que concebeu mas que não deseja, ou não pode ter, um filho. Não vale a pena discutir as razões. Elas serão sempre - no meu entender - ponderosas, dolorosas e incontornáveis. E muitas vezes solitárias.
Não creio que a legalização da IVG banalize a sua utilização para além da que hoje (ocultamente) se pratica.  

A questão da água vai, a breve trecho, trazer problemas às populações.

A actual política da água e a sua gestão pública caminha alegremente para o desastre.
A política da água, no século XX, foi baseada no "consumismo". Só nos espaços rurais - onde se fez uma gestão tradicional - houve alguma contenção. Hoje essa política de consumismo levanta ensombrados problemas quanto à gestão da água no séc. XXI. Será o "século da água" na medida em que será marcado pela sua escassez e pela imperiosa necessidade de uma política de sustentabilidade.

É, portanto, necessário entender os ríos e os níveis friáticos subterrâneos como complexos e dinâmicos corpos vivos, e não como simples reservatórios para a colecta de agua;
será importante assumir que a quantidade e a qualidade sâo faces da mesma moeda;
será fundamental compreender que dispor de aguas com qualidade passa por respeitar e preservar a funcionalidade e a vida dos ecosistemas que integram o ciclo natural da agua;
e, finalmente, empenhar-se na recuperação do tradicional valor lúdico, estético e simbólico das paisagem e ambientes acquíferos.

Esta é, uma pequena súmula, do preconizado pela "FUNDAÇÃO PARA UMA NOVA CULTURA DA ÁGUA". Que preconiza uma nova gestão e planificação da água a nível ibérico. O V Congresso Ibérico terá lugar em Faro em Dezembro de 2006.

Seria aconselhável, determinante, que os autarcas algarvios (ou melhor todos os autarcas) aí fossem beber novas ideias.

E já agora os responsáveis pelo
Instituto Regulador das Águas e dos Resíduos (IRAR), não perderiam nada se arranfassem algum tempo para ouvir novas ideias que tratam a àgua não como um negócio, mas como um problema de sustentabilidade dos ecosistemas e, o que é fundamental, cultural.  

Muito interessante o seu espaço. Por isso é que esse blog já faz parte de minha Bibliotec@!

Abs,

Vinicius Factum
Blog de um Cidadão  

pelo que ouvi hoje parece que será marcada nova data para novo referendo sobre o aborto...

Falta de senso ou tentativa de desviar atenções. Qual será a escolha certa?  
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sábado, março 18, 2006

Algumas questões de ÉTICA

Começo com uma situação caricata que se passou durante esta semana numa das enfermarias do hospital de S. João. Será ético ter 20 alunos mais um professor a fazer uma história clínica a um só doente? (são as possibilidades que a faculdade tem, com o orçamento que tem e com a quantidade enorme de alunos que recebe)

Quem serás responsabilizado pelos voluntários (pagos!!!) que se encontram internados num ensaio dum novo medicamento? Será que todos os procedimentos foram seguidos?

Porque estava Milosevic a preso em Haia, enquanto há muitos como ele à solta? Não serão os ataques ao Iraque um atentado contra a humanidade? (aqui já não é só éticá, é necessário também alguma coerência)

Comentários:

As actuais "inovações" do H. S. João devem ser atentamente acompanhadas não só no âmbito do ensino, como no assistencial. Algumas medidas que vamos conhecendo (p.exº: o que sucedeu nos Serviços de Endrocrinologia e Dermatologia) sugerem uma "fúria" economicista, de mau preságio para uma instituição assistencial, formativa e de investigação.

Os "lancinantes" apelos da Administração do H. S. João a
mecenas, não quererão dizer nada?

Ou será:
- o desajustamento do projecto;
e/ou
- a "desresponsabilização" do
Min. da Saúde.

O HSJ é uma Entidade Pública Empresarial (EPE). O problema reside exactamente na palavra "empresarial".
Todos sabemos que um Hospital público não é, nem pode ser, uma empresa. Muito menos a comportar-se publicamente - recurso aos mecenas - como uma ONG.
Os actuais governantes e, subservientemente, as administrações nomeadas, vão preparando o terreno para a liquidação do SNS.
O HSJ é a ponta do iceberg.
Sem qualquer resquício de ÉTICA, mas com muita lógica "empresarial".  

Os ensaios clínicos têm, em minha opinião, regulamentação suficiente que protege os doentes e baliza os trabalho dos investigadores.
O problema é(são) a(s) dependência(s) da(s) instituição(ões) - no caso denunciado do HSJ - dos favores da indústria farmacêutica que os prove.
E, não só isso, a dependência dos médicos dessa mesma indústria.
Um bom caso para a ERS.  

"indústria farmacêutica que os prove"
queria dizer:
"indústria farmacêutica que os promove"  

"Os que continuam à solta apesar dos crimes contra a Humanidade"

É bom recordar que os EUA não subscreveram o cordo que criou o TPI.
Queriam continuar à solta...  

Vai piorar.

É a logica daquilo que se apregoa aos 4 ventos:
"a luta contra o desperdício".
Ou, se quiser ser mais polido: a visão economicista do ensino médico e dos hospitais escolares.

Nesta lógica os doentes não contam e a qualidade do ensino, também não.

A moda é considerar tudo o que é serviço público um desperdício.

Até um dia considerarmos um desperdício de tempo eleger um governo, nos moldes que o fazemos hoje. Isto é, prometendo o céu na campanha e dando o inferno, uma vez conquistado o poder.  

E de quem é a culpa dos 20 estudantes à volta de um doente, é do pouco orçamento?!
Será que não há médicos suficientes no S. João para que haja menos menos estudantes apenas para um doente? É que falta de doentes certamente que não é! E será assim tão indispensável que os estudantes estejam em presença física? Não é possivel o professor fazer uma aula teórico-prática, em que disponibiliza dados suficientes para o estudante fazer a história clínica?!
É que muito sinceramente penso que não entram assim tantos alunos para medicina, essa parece-me uma falsa questão, convenientemente não discutida, já que se o problema é a falta de qualidade e ética cabe também aos professores arranjar maneiras de ultrapassar isso, afinal de contas se são professores não é apenas para terem o estatuto e receberem o ordenado, ou pelo menos não deveria ser!
Maria Raposo  
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terça-feira, março 14, 2006

(Des)aterosclerosar

Ao que parece as estatinas (em alta dosagem) podem provocar a regressão da aterosclerose.

Se por um lado vamos ter menos doentes a necessitar de intervenções devido a problemas cardiovasculares, por outro vai haver mais custos na comparticipação deste tipo de medicamentos. Será uma boa ou má notícia para o governo?

Comentários:

Esperemos que este ensaio relativo aos benefícios do uso de estatinas em altas doses venha a confirmar-se. Já surgiram as primeiras críticas ao desenho do ensaio. Vamos estar atentos.

Quanto aos custos medicamentosos relativos ao consumo de estatinas eles não serão cpompensados pelos "não custos" das intervenções invasivas (cirúrgicas, cataterismos, etc)?  

Estou mais preocupado em saber que efeitos terá na saúde dos portugueses...  

Boa tarde. Muito importante essas informações. Sou Dentista (Endodontista) e estou iniciando hoje esse Blog, que aborda temas da minha especialidade. Um abraço.  
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terça-feira, março 07, 2006

Taxas moderadoras

Vejam aqui uma notícia esperada e com a qual eu não concordo.

Porquê taxas moderadoras se já pagamos impostos?
Porquê taxas moderadoras se não há alternativas?
Porquê taxas mais elevadas nos hospitais centrais?
Porquê isenção para crianças, grávidas e idosos (são só aqueles que pagam os impostos que devem pagar as taxas moderadoras)?

Comentários:

A cena da saúde para todos a borla continua a ser utopia...:/  

Não percebo a cena da saúde à borla.
Não paga impostos?  

A ideia é penalizar as idas à urgência instituindo critérios meramente económicos. Não há, não foram implementadas, estruturas intermédias capazes de fazer uma triagem - com critérios de saúde.
Começa-se pela bordoada, onde mais dói - no bolso.
As idas aos Hospitais Centrais são mais caras porque estes têm equipes de urgência mais vastas, logo, mais caras. Aquilo a que o Min. da Saúde, repetitivamente até à naúsea, chama "desperdícios".
Assim, se a estratégia "pegar", será possível reduzi-las e ... poupar.

Os doentes que se lixem!  

Há muito anunciado, começou hoje 14.03 - sem pompa, nem glória - o desmantelamento do SNS.

Fecham-se maternidades com a desculpa que não reunem condições.
Ou reunem e estão a brincar com o Zé Povinho, ou de facto não reunem, e deve ser instaurado um processo ao responsável máximo - o Min. da Saúde.
A cobardia política impede o governo de falar claro, ou melhor, de dizer a verdade.

Na verdade, nunca o Ministério da Saúde esteve tão mal. Se estivermos atentos, verificamos que não se investe 1 cêntimo na Saúde. Só cortes orçamentais. Aquilo que pode parecer investimento é a "pesada herança" (H. Pediátrico - Coimbra) e aquilo que é prometido é puro ilusionismo financeiro (H. Todos os Santos - Lisboa, a troco do fecho e mais que certa posterior alienação dos Hospitais Civis).
Quando se "grita" que a Saúde está mal e NÃO SE INVESTE, o desastre está à vista.

Depois, é só vender ao desbarato!  

Porquê isenção de TM nas urgências para doentes crónicos?  

Na verdade, nunca o Ministério da Saúde esteve tão mal. Se estivermos atentos, verificamos que não se investe 1 cêntimo na Saúde.


Isso é mentira. 9% do nosso PIB é gasto na Saúde.
O problema é termos um PIB tão baixo, mas isso resolve-se se se pagarem mais impostos.

Gosto pouco deste clima de choradinho que nao leva a nada. A Saúde tem enormes custos que todos temos que suportar. Uma parte através dos impostos, outra não faz mal nenhum que as pessoas comparticipem. A taxa moderadora tem esse objectivo. O problema são as idenções que são incorrectas. A idenção deve ser dada ou na altura da triagem, consoante a cor que é atribuida ao doente, ou na altura da alta, em função do diagnóstico.  
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domingo, março 05, 2006

Eutanásia em bébés

A pior solução para a agonia da criança.

Comentários:

podes explicar??  

também fiquei sem perceber...  
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sexta-feira, março 03, 2006

Tempos de mudança

Ao que parece, no Reino Unido o modo como a obesidade é encarada começa a dar frutos. Para quando atitudes em Portugal?

Por outro lado o tempo passa e tudo fica na mesma. Há médicos condenados por má prática. Porque não condenar políticos por incompetência, comprovada?

Comentários:

Não conhecia o blog, mas está muito bem feito e reflete muito bom gosto!
Voltarei.  
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