A CULPA É do médico

Em ciência, o mais importante são as questões. Depois delas serem colocadas é só procurar as respostas. Os caminhos podem ser os mais diversos, mas com maior ou menor imaginação, mais ou menos trabalho, com uma mentira (estatística) melhor ou pior, ..., os resultados aparecerão e as soluções (ou não) também. Assim, servem estas palavras, para introduzir, uma vez mais, um problema actual como a obesidade.

É por demais evidente que os hábitos alimentares e os níveis de actividade física, da população em geral, se encontram completamente desregulados. Gordura e açúcares a mais, parca utilização das pernas e braços, dão origem a problemas graves de saúde (quiçà de saúde pública). Já não digo que será necessário encontrar soluções no combatar à má alimentação e procurar aumentar os níveis de actividade física, pois isso é por de mais evidente. Mas este problema da obesidade ainda estará muito no início.

Ainda pouco sabemos do que está associado ao excesso de peso. As consequências cardiovasculares são conhecidas em parte. A associação à diabetes está documentada. Vão surgindo novas classificações e doenças, como a síndrome metabólica. Mas acima de tudo importa perguntar: que mais poderá acontecer? poderá a obesidade levar ao cancro (essa palavra que assusta muita gente)?

Sem ser um grande especialista na matéria e utilizando conceitos básicos, será possível realizar este raciocínio:

O exercício físico aumenta a libertação de cortisol e endorfinas. Estas vão levar ao aumento da produção de hormona libertadora de gonadotrofinas (GhRH). A gordura visceral liberta leptina, que diminui a GnRH. Assim, estas alterações do ambiente endócrino poderão levar, entre outras, a alterações do desenvolvimento sexual. Será de esperar que as populações mais obesas tenham uma puberdade mais precoce enquanto aquelas fisicamente mais activas entrem nesse estadio mais tardiamente. Se é verdade ou não, não sei, mas penso que é uma questão com alguma relevância. Tornando-se mais importante se pensarmos que uma menarca precoce aumenta o risco de cancro da mama.

Após ter escrito este pequeno texto, fiz um pesquisa rápida no PubMed. Deixo aqui e aqui dois abstracts que se debruçam sobre o problema supracitado.