domingo, fevereiro 26, 2006

Não Consigo calar...

... a minha revolta.

Na sequência do centralismo que vivemos sinto-me completamente amargurado com a evolução do meu país. Só vejo factos que evidenciam investimento em Lisboa e vale do Tejo. O que acontece ao (resto) país?

Deixo-vos duas histórias que vi na comunicação social, este fim de semana.
Na primeira, na capa do Público deste domingo, vemos a grande diferença que existe entre Lisboa e Porto. Aí pode ler-se que em 30 anos (ou seja depois do 25 de Abril) a distância entre o Porto e a Régua, em comboio, foi encurtada em ... 17 minutos. 17 minutos!!!, em 30 anos e numa distância de 100Km, não é nada! No entanto, o TGV vai ser construido para que a ligação entre Madrid e Lisboa possa ser mais rápida.
A segunda notícia que gostava de referir vem no Expresso. Aqui é possível ler a falta de apoio que as empresas nortenhas recebem (e é 1 dos factos que promove a conotação, dos trabalhadores do Norte do país, de "burros", incompetentes e pouco competitivos). A Coindu só é a maior empresa têxtil de Portugal! No entanto quando procurou apoio do governo para aumentar a sua produção, com cooperação da Universidade do Minho (UM) para a aplicação de tecnologias recentes (e promover a investigação), foi direccionada para uma organização criada pelo governo, para apoio a empresas. Mas após 6 meses de espera de resposta, e já com contracto de cooperação assinada com a UM, a paciência esgotou-se e a empresa trocará o nosso país pela Roménia. Com esta deslocação perde a UM, perdem os mais de 1000 trabalhadores da Coindu (5% da população activa do vale do Ave), perde o Norte a maior empresa têxtil. Foi esta a atitude que foi tomada na auto-europa?

Uma Ota e um TGV que tentarão "fechar" o aeroporto Francisco Sá Carneiro! Um abandono do povo e dos empresários do Norte (será que vão deixar o Belmiro ficar com a PT???)! Várias governações viradas apenas para Lisboa! Prefiro abandonar o meu país a ser convertido a "mouro" (como se diz no Porto).

Comentários:

É de lamentar...De facto,somos cada vez mais "pequeninos"...  

Ora. Gosto de o ler, mas nem sempre posso concordar... Primeiro Lisboa é de facto a capital de um país, geograficamente muito pequeno (só é grande mesmo aos nossos olhos), e onde se encontra o centro de decisão. Para além disso, é onde se encontra a maior densidade populacional o que obriga à criação de uma série de recursos. Além do mais, faz-me mais impressão a desertificação a que o Interior é votado (como dizia um grande senhor que conheci: "o país está a cair para o mar") do que propriamente com as discrepâncias Norte - Sul. Ter vivido no Interior durante algum tempo fez-me perceber muitas coisas... E é pena que quem viva no Litoral não se aperceba de como se vive no Interior e a luta que é permanecer lá.
Um abraço  

É verdade que Lisboa tem a maior densidade populacional. No entanto, essa densidade é estimulada pelos nossos governantes (se compararmos os ordenados para idênticas funções verificamos que em Lisboa se "ganha" mais), em vez de se procurar um distribuição da população por todo o país.
O que de facto acontece não é apenas uma discrepância Norte/Sul mas sim Lisboa/país. O que os sucessivos governos procuram é ter uma capital minimamente europeia esquecendo-se que ficam com um país tipicamente do 3º mundo.
Está na altura de dizer BASTA! Queremos Portugal, não queremos apenas Lisboa!  
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