quinta-feira, maio 08, 2008

Queima(r) os Sonhos

O que foi ser estudante? O que é, actualmente, ser estudante?
O que foi o traje académico? O que é, actualmente, o traje?
Sendo que as diferenças entre o passado, o presente e o futuro são imensas, o que serão as Queima das Fitas (ou outros que tais com diferentes nomenclaturas) nos dias de hoje?
Será a Queima algo mais do que uma semana de sonhos?
O sonho de um curso, (em muitos casos) com a realidade do desemprego.
O sonho do sucesso, mas no fundo um penoso dia-a-dia.
O sonho do desenvolvimento, na verdade sendo sempre e cada vez mais os últimos.

No fundo, a Queima não passa de uma semana de ilusões. Uma semana que outrora teve influência em termos de pensamento e cultura, não é mais do que um tempo dedicado ao álcool, amigos e muito pouco mais. Nos dias que correm os eventos culturais da Semana Académica são muito pouco concorridos (poucos serão os universitários que saberão que eles existem). Contudo, e independentemente da crise ou do preço dos bilhetes, o "queimodromo" está invariavelmente cheio. Neste espaço os concertos musicais prolongam-se pela madrugada, mas o recinto apenas encerra algumas horas, e já quando o sol se levanta, após os últimos acordes. O álcool acaba por ser o refúgio para mais umas palavras e para procurar a alegria.
Os resultados acabam por ser lucro para a organização (independentemente da crise, pois o que interessa é festejar) e prejuízo para o futuro. Prejuízo?!? Claro que sim! Quantos condutores ao longo da semana foram interseptados pela polícia com excesso de álcool? Pelas notícias (que ouvi) não devem ter ultrapassado a meia centena. Os comas alcoólicos são às dezenas, pelas urgências dos diversos hospitais. Sensação de inoperância da autoridade (e repetição de comportamentos no futuro) e vulgarização do acto, pouco falado por cá, de "Binge Drinking".

Será que alguém pensará nas consequências futuras de eventos nestes moldes? Não estará na altura de repensar a Queima? Não estará na altura dos estudantes voltarem a "pensar"?

Comentários:

100% de acordo!
Embora pense que falta salientar o facto de que esse "Binge Drinking" na queima se intensifique exponêncialmente! O objectivo de muitos é mesmo ir parar ao INEM... e são histórias que são contadas com orgulho até à queima seguinte, em que o record de idas ao INEM tenta ser batido!

Pior do que destruírem a sua saude (que não me incomóda muito), é o dinheiro e esforço gasto com estes anormais que são o futuro do nosso país!
Quer seja com o INEM, quer seja com a PSP!

Gostava de ver a queima e todos esse festejos "académicos" sem alcool ou drogas, a ver se teriam os mesmos números de adesão... para ver se a tradição é assim tão importante para eles como aclamam!

(não falo sequer na praxe para não me incomodar...)  

concordo!

sou estudante mas confesso que o significado dado agora à queima, pelos estudantes é sem duvida mais uma semana, em que só se bebe, só se sai à noite até às 7da manha, tenta-se engatar e arranjar engates, conhecem-se pessoas e tira-se o traje do armário... a tradiçao? simplesmente nao ha! e cada vez mais se torna a queima em algo comercial...


o "binge drinking" acontece e é maioritario nos estudantes... toda a gente é "binge drinker" nessas alturas... nao sei como será possivel controlar a situaçao, uma vez que mais e mais cedo é enraizada a ideia de que beber é fixe, que só bebendo em exagero é que há divertimento e aquele orgulhinho da grande bebedeira que se apanhou e do grande baldas que se é... as praxes de certas tertulias incidem obrigando a beber, fazendo brindes e penaltys sob alta pressao grupal a que é dificil ceder pois se o "x quer ser ca da malta.. tem de beber ate ao fim"... ha restaurantes que em jantares de curso, mesmo assim, tem a decência de servir primeiro a bebida e tao so depois a comida, tem a decencia de dar sempre sumo para traçarem a bebida e nao a beberem pura, limitam as quantidades máximas por estudante, mesmo afirmando que é "à discriçao"...

resolver o problema? só apostando na prevençao... a alteraçao de mentalidades nos jovens seria fulcral, mas penso que irrealista.. pois as pessoas simplesmente nao ligam... e apenas com o tempo, com as historias, com a vida se vao construindo ideias e alterando certas concepçoes...digo-o por experiencia propria!

no meu primeiro ano de faculdade, fui para o INEM.. e chegou-me de liçao ate agora, 4 anos passados.. porque ao contrario de muitos, nao foi com orgulho e ate tento encobrir... fartei-me de pedir desculpa ao medico e enfermeiros depois de "curada".. mas a verdade é que nunca pensei que tal me pudesse acontecer pois "só acontece aos outros"! agora, a bebida nunca mais voltou a ter o mesmo sabor, e, apesar de beber, controlo-me e 2-3 doses de alcool numa noite chegam-me e sobram.. ja nao gosto de passar a fase de estar um pouco alegre!


pergunto-me agora: o que representa, PARA UM MEDICO, um coma alcoolico?  

* primeiro a comida e tao so depois a bebida  

Cara Silvia,
Para já ainda são os jovens os grandes "binge drinkers", contudo não faltará muito para que o "binge drinking" seja um problema que atravessa várias gerações. Aqueles sem responsabilidades (desempregados,...) continuarão a ser considerados alcoólicos (no caso de beberem), os outros que trabalham e têm que manter aparências adoptarão um tipo diferente de alcoolismo, o "binge drinking", bebendo sempre que não têm responsabilidades no dia seguinte e em companhia.
actualmente existe uma grande falta de identidade nos jovens, e poucos são os que conseguem resistir a essa influências grupais de que falas. mais do que isso a ilusão de ser necessário beber para estar alegre e para disfrutar da companhia dos outros, não passa disso de uma ilusão que fomenta ainda mais o consumo (geralmente cada vez maior) de álcool. é com a ilusão de alegria e desinibição que muitos começam nas drogas, mas isso são sós os outros e as drogas são muito diferentes do álcool. Tão diferentes que o álcool pode ser considerado uma droga líquida e que apenas tem um instalar de dependência mais lento.  
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