quinta-feira, dezembro 20, 2007

O que importa é a nota

Já viram uma média de Medicina de 18,90 valores (página 42). Recordo que a média mais alta na FMUP ficou algumas milésimas acima dos 17 valores. A faculdade não tem relevância o que realmente importa é a média...
Já agora há coisas que não entendo. Reparem que existem médias de 10 valores, sendo estas maioritariamente de alunos com nomes latinos. Será que são aqueles que tiraram o curso fora? Pensei nessa hipótese mas se assim é não entendo como há tantos candidatos oriundos de leste (pelo menos o nome) com médias mais altas.

Comentários:

Em relação ao pessoal oriundo dos países de leste, eu não tenho a certeza absoluta mas creio que está relacionado com o chamado "Exame de Estado". Ao contrário dos nuestros hermanos que têm equivalência imediata nos cursos, acho que muitos médicos oriundos do antigo bloco de Leste (e não membros da UE) não têm equivalência imediata e têm de fazer o tal exame. Assim, a nota com que concorrem é a nota que obtiveram nesse tal exame.

Em relação aos 18,9, realmente é estrondoso... Mas também não os há assim todos os anos. Eu ando na FML e já tenho visto a média mais alta de final de curso acima de 18,5 e tb já a tenho visto mais de um valor abaixo. Daquilo que eu me recordo dos meus tempos de secundário, muitos colegas meus achavam que as minhas notas eram algo de sobrenatural, quando para mim era relativamente fácil obtê-las - só para mostrar que a perspectiva pessoal de cada um leva invariavelmente a erros de percepção das situações. Não nos podemos esquecer que há, e sempre haverá, pessoal fora de série que consegue obter coisas que estão fora do alcance da maioria. 18,9 é puxar um bocadinho a corda, mas consigo imaginar algumas pessoas que conheço de diferentes anos a chegarem lá perto e, de facto, são verdadeiramente extraordinárias aos mais diferentes níveis  

Como é possível médias superiores a 18,5 valores. Por favor fiquem com esses alunos! Com essa média das duas uma ou ganham o prémio nobel ou os professores têm que ser despedidos.

Quanto aos candidatos vindos do leste: se eles fazem esse tal exame os outros também deveriam ter oportunidade para o fazer. Pelos vistos parece fácil (deve ser tão dificil como a prova de comunicação médica)...  

Por acaso, consta que o exame de estado não é assim tão fácil... Na FMUP também o devem fazer e se procurares pela pauta, as notas são horríveis (imensas negativas - praí dois terços - e a nota mais alta fica no 13/14). Os alunos que vêm de Espanha também a podem fazer mas acho que optam pela equivalência automática, porque estudar para o harrison's e para aquilo ao mesmo tempo não dá jeito nenhum.

Quanto às médias, eu conheço um aluno de um ano mais avançado do que o meu (sou do 4º ano) sobre o qual até há mitos naquela faculdade. Tipo, ele teve o primeiro 20 da história da faculdade a cirurgia I (num tempo em que havia testes semanais bastante complicados). Há mitos como: "ele está às 7 da manhã na biblioteca a ler artigos", "ele já leu o harrison's de ponta a ponta cinco vezes". E sabes uma coisa? Os mitos provavelmente são verdade. Se o encontras no elevador e lhe fazes uma pergunta hipercomplicada de uma cadeira qualquer do 1º ou 2º anos de que já ninguém se lembra, ele sabe a resposta e explica-te. Ele começa a falar de um assunto qualquer e cita artigos de tudo e mais alguma coisa que estejam relacionados com aquele assunto. Ele é tão bom, tão bom, que consta que foi convidado este ano para ser assistente (não monitor) de diferentes cadeiras. Todos os professores (mesmo aqueles que têm fama de "destruir" alunos) babam-se quando falam dele. Ah, é verdade: não me admirava nada que ganhe o prémio nobel no futuro ou que fique lá perto...  

nunca tinha ouvido falar de tal exame.
quanto à história que contas excepções aparecem de vez enquando. mas conheço muitas pessoas assim tão aplicadas e com muitas capacidades que nem por sombras conseguem chegar ao 18 na média. deve ser dos ares...  

O exame existe em todas as faculdades de medicina, se não estou em erro. Já li em blogs de colegas nossos que vieram de Espanha que chegaram a pensar fazê-lo mas quando viram as notas, puseram a ideia de parte.

Em relação às notas, cá há profs (que não são todos - eu já apanhei com cada um...) que dão notas acima de 18 sem problema nenhum, quando os alunos atingem todos os objectivos da cadeira. Não vêem isso como um reconhecimento de que o aluno sabe mais do que ele (aquela velha história: "se eu só tive 16, não dou mais do que isso), mas como um reconhecimento de que o aluno sabe e fez absolutamente tudo o que aquela cadeira exige. Se na FMUP a vasta maioria dos profs não faz isso, a culpa não é certamente nossa. Se fores ver o concurso 2007-A, o 1º colocado foi o melhor aluno do ano dele e tem uma média bem FMUPiana, digamos assim. Há anos melhores e há anos piores. Também o facto de sermos muitos aumenta a probabilidade de haver excepções. No meu ano já houve cadeiras em que 110 alunos chumbaram na 1ª fase e isso não impediu uma aluna de ter 19: o exame era igual para todos, de escolha múltipla a descontar, e todos tivemos o mesmo tempo para estudar para ele. É a tal coisa: a qualidade média dos alunos não muda muito de ano para ano (as variações de notas reflectem mais as mudanças em formas de avaliação, mesmo dentro da mesma faculdade) mas nos extremos há sempre diferenças e, de vez em quando, aparece um ou outro estrondoso.

Já agora, o 18,9 não é da FML... Eu vi as pautas e a nota mais alta era um 18 (e era o único). Também não te esqueças que nós somos mais :P  

O exame para a equivalencia das notas, existe e é mesmo obrigatorio, em casos como pessoas fora da UE. E pelo que sei, não é fácil.
E também convem referir que, essa "equivalencia automatica" de que vocês falam, para as licenciaturas em Espanha, não é uma equivalencia, porque simplesmente não equivale a nada.
Como podem ver, todos têm 10.000, simplesmente porque se têm a licenciatura e ainda por cima reconhecida pela UE, não podem ter menos que 10.000.
É automatica, mas não é nehuma equivalencia.
A escala em Espanha é diferente, mas cada de desses 10.000, tem detras uma pessoa, que tem uma media, numa outra escala de valores, que é simplesmente ignorada.
Existe recentemente uma tentativa por parte da DGES para alterar isto, mas que eu saiba ainda não está em vigor.  

Queria aproveitar para esclarecer um assunto: o exame de equivalência de que falam é realizado em qualquer faculdade de medicina portuguesa. No entanto, apenas alunos que realizaram o curso FORA DA UE o podem realizar. Aqueles que tiraram o curso na UE, como o caso mais comum dos colegas de Espanha, NÃO PODEM REALIZAR ESTE EXAME. Como vêem da UE têm equivalência automática do curso, no entanto, apenas com nota 10!!! O curso é reconhecido mas a equivalência da média de curso não é feita. Parece mentira, não é?! Só em Portugal....infelizmente.  
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