domingo, janeiro 16, 2005
Regressão
Mãe e pai jovens e saudáveis. Criança nascida há 7 meses, aproximadamente na altura em que se casaram, um pouco contra a vontade dos pais. Por falta de emprego e de "apoio familiar" resolveram imigrar. Tinham ouvido dizer que na Suiça havia boas oportunidades de emprego. E lá foram os dois (ou melhor, os três) à aventura...
No início tudo correu bem. Depressa arranjaram emprego. Nas primeiras semanas tiveram o apoio de um primo que lá estava. A vida estava a melhorar e a sua filha, cada dia tinha novas habilidades para mostrar. Primeiro começou a fixar neles o olhar, depois começou a sorrir, mais tarde, começou a levantar a cabeça. Para esta jovem família, parecia que estava reservada um final feliz, aquele final próprio das histórias em que o bem acaba por triunfar.
É então que a mãe começa a reparar que há algo de anormal na sua filha. Primeiro começa a "atirar a cabeça para trás". Os amigos diziam que era um jeito. Depois começa a esticar os braços e a "virar as mãos para fora". Tudo vai evoluindo em poucas semanas. Os sorrisos diminuem. O tempo passado nesta postura estranha aumenta. Começa a contrair o corpo todo, com a cabeça "atirada para trás". Cerca de 3 semanas tinham passado, quando começam a achar que, se calhar não era só um "jeito". Resolvem levá-la ao médico; privado lá na Suiça. Diz-lhes que não sabe o que tem a filha, mas que pode ser grave e por isso o melhor é regressarem a Portugal (empurrados claro está para o "estado previdência" - que é por isso que os outros são ricos!).
Regressam de imediato. No dia seguinte estão no aeroporto e daí seguem directamente para o Hospital. Nem em casa passam. A bebé (agora com 7 meses) entra silenciosa. Em opistótono (o que quer dizer que todo o seu corpo está assente na nuca e nos calcanhares) e em postura de descerebração (os braços esticados com rotação dos pulsos para fora), o que traduz uma lesão gravíssima do sistema nervoso central, provavelmente irreversível. Contudo, passados alguns minutos, está mais reactiva e já com uma postura normal. Esta alternância entre um estado praticamente normal e outro de profunda lesão do sistema nervoso é muito raro.
O diagnóstico desta menina, ainda ninguém sabe. Esperam-se que os resultados dos exames auxiliares de diagnóstico venham trazer alguma luz sobre o que se passa. O que parece certo é que dificilmente esta criança voltará a ser normal. A regressão de capacidades que tinha adquirido e os défices neurológicos que apresenta, assim o indicam.
A doença é sempre cruel, principalmente quando é grave, mas quando atinge desta forma vidas tão jovens é ainda mais horrível. Esperemos que a Medicina possa pelo menos aliviar este sofrimento...
No início tudo correu bem. Depressa arranjaram emprego. Nas primeiras semanas tiveram o apoio de um primo que lá estava. A vida estava a melhorar e a sua filha, cada dia tinha novas habilidades para mostrar. Primeiro começou a fixar neles o olhar, depois começou a sorrir, mais tarde, começou a levantar a cabeça. Para esta jovem família, parecia que estava reservada um final feliz, aquele final próprio das histórias em que o bem acaba por triunfar.
É então que a mãe começa a reparar que há algo de anormal na sua filha. Primeiro começa a "atirar a cabeça para trás". Os amigos diziam que era um jeito. Depois começa a esticar os braços e a "virar as mãos para fora". Tudo vai evoluindo em poucas semanas. Os sorrisos diminuem. O tempo passado nesta postura estranha aumenta. Começa a contrair o corpo todo, com a cabeça "atirada para trás". Cerca de 3 semanas tinham passado, quando começam a achar que, se calhar não era só um "jeito". Resolvem levá-la ao médico; privado lá na Suiça. Diz-lhes que não sabe o que tem a filha, mas que pode ser grave e por isso o melhor é regressarem a Portugal (empurrados claro está para o "estado previdência" - que é por isso que os outros são ricos!).
Regressam de imediato. No dia seguinte estão no aeroporto e daí seguem directamente para o Hospital. Nem em casa passam. A bebé (agora com 7 meses) entra silenciosa. Em opistótono (o que quer dizer que todo o seu corpo está assente na nuca e nos calcanhares) e em postura de descerebração (os braços esticados com rotação dos pulsos para fora), o que traduz uma lesão gravíssima do sistema nervoso central, provavelmente irreversível. Contudo, passados alguns minutos, está mais reactiva e já com uma postura normal. Esta alternância entre um estado praticamente normal e outro de profunda lesão do sistema nervoso é muito raro.
O diagnóstico desta menina, ainda ninguém sabe. Esperam-se que os resultados dos exames auxiliares de diagnóstico venham trazer alguma luz sobre o que se passa. O que parece certo é que dificilmente esta criança voltará a ser normal. A regressão de capacidades que tinha adquirido e os défices neurológicos que apresenta, assim o indicam.
A doença é sempre cruel, principalmente quando é grave, mas quando atinge desta forma vidas tão jovens é ainda mais horrível. Esperemos que a Medicina possa pelo menos aliviar este sofrimento...
Comentários:
«Inicial
Lembro-me quando o meu filho nasceu a 1ª coisa que perguntei, ainda mesmo antes de o ver: Está tudo bem com ele? É perfeito?
Mas NUNCA me passou pela cabeça que viesse posteriormente a ter problemas de desenvolvimento ou outros do género(não conheço os termos médicos. Acho que nenhum pai está preparado para isso.
Triste sina a destes pais. Boa sorte para eles e que tenham um grande apoio dos muitos e bons profissionais que por aí trabalham e ajudam quem tem filhos nestas condições.
I.
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Mas NUNCA me passou pela cabeça que viesse posteriormente a ter problemas de desenvolvimento ou outros do género(não conheço os termos médicos. Acho que nenhum pai está preparado para isso.
Triste sina a destes pais. Boa sorte para eles e que tenham um grande apoio dos muitos e bons profissionais que por aí trabalham e ajudam quem tem filhos nestas condições.
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