segunda-feira, abril 25, 2005

Recordes II - Recorde de HTA

Nunca tal (ou tanto) tinha visto. Jovem de 30 anos (agora que ando a chegar perigosamente a essa idade, já os apelido de jovens) vem à consulta de Medicina Interna regular, estando a ser acompanhado pela sua HTA, já estudada e definida como ‘essencial ou primária’. Peso-o, dou duas de treta com o jovem (inquiro como tem passado), meço-lhe a dita tensão e… 230/150mmHg. Erm… Verifico no outro braço. Igual. Consciente da minha inexperiência, e não me acreditando nesses valores por aprendermos que o homem não podia/devia estar sem sintomatologia, informo o tutor que verifica e ratifica o valor.
‘O sr. tem tomado os comprimidos?’
‘Volta e meia de manhã esqueço-me, com a pressa.’
Mais tarde, quando lhe perguntámos se precisaríamos de passar alguma medicação diz-nos para passar todos porque tinha feito uma limpeza ao frigorífico e deitado todos fora. (Frigorífico?! Era para não se estragarem). Moral da história. Há uns dias que não tomava e há uma coisa chamada efeito rebound.


Umas gotitas de Nifedipina que apenas o beliscaram para 190/140, mais um captoprilzito, ‘fique aí sentado para lhe baixarmos isso’, refilando que tinha de ir apanhar os funcionários, lá lhe conseguimos normalizar… baixar a TA para valores minimamente aceitáveis, ligeiramente abaixo do estipulado como bomba relógio para que o homem não caísse redondo à saída das consultas. Nem que seja para não assistir à discussão que já vi no HSJ sobre se sai uma maca da urgência ou se chama o 112 (115 na altura). História para outro tópico. De nada me parece ter servido todo o latim gasto a tentar educar o dito jovem para os perigos da HTA, em especial com valores tão altos. Reagiu apenas quando me despedi dele com um ‘ou cumpre a medicação ou vá comprando um caixão’, pouco ético mas muito sentido.

Comentários:

Um caso interessante para lembrar o que a pressa por vezesfaz esquecer.
Um jovem meu doente, veio à consulta para passar um atestado,para futebol federado, era uma promessa que ía à experiência para o Sporting.
Observei num jovem de 16 anos uma HTA moderada.
Auscultei o indivíduo e nodorso tinha um sopro interescapular.
Pedi a um colega cardiologista que o observou e disse depois de o informar, que podia passar a declaração ou verbete.
Resposta da minha pessoa, não passo, e reenvie o doente. Investiguei e confirmei o que suspeitava, coortação da aorta a que já foi operado, depois de terandado 2 anos a ser cateterizado, com tentativas de dilatação com balão, que lhe íam danificando aos poucos a íntima, numa extensão de aorta de cerca de 5 cm, num centro que deveria ser de excelência.
Vou ao casamento do rapaz brevemente, tinha na altura 16 anos.  

O que é uma HTA? É que nem todos somos médicos! Ou será requisito para ler este blog? ;)  

Peço desculpas ao amigo shicat, HTA-hipertensão arterial.  

Eu calculei pelo sentido das histórias... mas nada como uma explicação para os leigos. Obrigada.  
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