sexta-feira, fevereiro 04, 2005

O "derby" como não podia deixar de ser...

O Cartaz da Discórdia...


"Sabe mesmo quem é? Que obras lhe conhece? Que vitórias obteve? Que decisões tomou?" Eis o texto do cartaz que tanto escandalizou o líder do PS... ou será que foi por ter ficado feio na fotografia? E já parecia uma virgem ofendida... Ele que apelidou o actual PM de "rei das trapalhadas", cujo partido usou e abusou das "santanetes" e do ar de "playboizinho"; que o acusou de fugir aos impostos, vem-se agora queixar de uma qualquer alusão a "outros colos", que segundo o próprio e alguns analistas faz alusão a uma queixa de que "Sócrates está a ser levado ao colo." - quem é agora que mais se "arma em vítima"?
Então em Julho de 2004, a uma entrevista ao infame "Expresso", José Sócrates diz que é muito liberal relativamente ao casamento entre homossexuais e agora vem dizer que é contra? E disse no início da semana que o seu programa de governo era muito claro relativamente a isso e ontem afirma que o programa de governo não diz nada porque é preciso esperar por um "consenso" na sociedade?
Depois de muito criticar as "metas aspiracionais" do ministro António Mexia, José Sócrates transforma "promessas" em "objectivos políticos". - afinal não foi isso que ele andou a contestar durante as últimas 2 semanas?
"Inglês para todos no básico" - será que o candidato a PM não sabe a diferença entre Ensino Básico e Primeiro Ciclo, ou os cartazes são só para enganar? E já agora, porque não Francês, Alemão ou Espanhol?
Já não suporto o chavão "continuidade ou mudança. Isso é que os portugueses têm de decidir, entre a continuidade ou a mudança"... - se calhar devia ter aprendido línguas no Ensino Básico, pelo menos a "sonoridade" era diferente, já que o conteúdo é sempre o mesmo.
E vejam só a "substância" desta magnífica resposta...

RC (já agora, diga-se que irmão de António Costa, um dos "ministeriáveis" do PS)
Diga. Então, explique-as aos Portugueses porque eu, sinceramente, não as percebo.
SÓCRATES
Já fiz as contas e, em primeiro lugar, quero esclarecê-lo de que não é aumentar as pensões, é dar uma prestação extraordinária.
RC
Desculpe, então, gastar mais para compensar as pensões baixas.
SÓCRATES
Exacto. É uma prestação extraordinária. E é agir naquela área em que a pobreza é mais desesperante, onde a pobreza não tem voz, que é na pobreza nos idosos. Nós temos a seguinte situação em Portugal: nós temos uma taxa de pobreza muito semelhante à média europeia, nas classes mais baixas, mas temos o triplo da taxa de pobreza nos idosos. É, portanto, nos idosos, que nós temos de actuar. E se nós queremos fazer alguma coisa pelos idosos, não podemos apenas esperar que as pensões sociais e as pensões mínimas se possam aproximar, lentamente, como tem sido o caminho, do salário mínimo nacional. Nós temos que ir mais além disso. E quero dizer o seguinte: com o Partido Socialista, a pobreza vai voltar à agenda política. O combate à pobreza vai ser uma prioridade, porque, verdadeiramente, uma sociedade que se… para se respeitar si própria, tem de combater a pobreza. Nos últimos três anos, subiu muito… subiram as desigualdades sociais, em Portugal, mas também foi muito esquecido o combate à pobreza. E é nesta área, na pobreza dos
idosos, onde se verifica… onde se verificam situações mais escandalosas. E é aqui que temos de actuar. E isto está muito quantificado e muito… o programa está muito claro. Nós podemos fazer em quatro anos, dar a todos os idosos que tenham rendimentos apenas da… provenientes das pensões, que não tenham outros rendimentos, nós podemos dar-lhe uma prestação extraordinária que os tire da pobreza. Porque, quando uma sociedade tem possibilidades - e tem - de combater a pobreza, também o deve fazer. Não peçam a um socialista para virar a cara para o lado quando existe pobreza em Portugal. Isso vai ser uma prioridade do Governo.

Quanto a medidas concretas... ou metas aspiracionais, ou objectivos políticos, como lhe queiram chamar... sugiro que leiam o texto integral em www.sic.pt e que descubram as diferenças. De um lado uma mão cheia de chavões e frases feitas, do outro propostas concretas, que não foram contestadas (tal como as medidas tomadas pelo governo), e cuja réplica máxima que mereceram foi: "então se tem tantas ideias, porque é que não as aplicou em 3 meses de governo?" - 3 meses? Está tudo bêbedo? Como é que é possível aplicar medidas em 3 meses que outros não aplicaram em 6 anos?.
Razão tinha um tribuno romano, quando no século I dizia, referindo-se aos lusitanos: "Pobre povo este, que não se governa nem se deixa governar!"

Comentários:

Haverá alguém que, com a cabeça e não com o coração, seja capaz de me explicar qual é melhor e porquê?
Mudando de assunto, que o país não pára neste carnaval (o mais longo... até 21) comentem este post "a liberdade dos outros termina onde começa a minha" em http://tabemexisto.blogspot.com/  

Francisco, globalmente concordo com os teus comentários. Quanto ao facto de PSL não ter feito nada na Câmara de Lisboa, não conheço exactamente os factos, mas acho que houve algumas medidas boas (requalificação do Parque Mayer, reabilitação urbana e acessibilidades viárias); contudo confesso que só conheço a situação por alto.

Já quanto aos "episódios que prejudicaram o país", não estou de acordo. Ou o país é prejudicado por dizer mal de um comentador político e por um ministro se demitir e acusar alguém de traição? Globalmente acho que foram feitos grandes escândalos mediáticos acerca de muito pouco coisa... ou como diria Shakespeare: "Much ado about nothing"!  

Já agora, quanto aos cartazes acho que não há nada de novo. Vejam-se os cartazes do Bloco de Esquerda (só para dar um exemplo) nas últimas 3 eleições.
É um estilo de "publicidade" a que não estamos habituados em Portugal, mas que é muito usada em todo o mundo (nomeadamente nos EUA com as constantes guerras Pepsi/Coca-Cola e McDonalds/Burguer King).
Se dá resultado? Não sei nem me interessa. Isso é da responsabilidade de quem a faz. Acho é que não deve ser contestada nem considerada ofensiva...
Isto é tipo mentalidade de Bloco de Esquerda: nós podemos dizer mal de tudo, que é um acto democrático; mas ai de quem diga mal de nós... não tem integridade para o fazer!  

#1. Os cartazes são o preço a pagar pelo "combate político". Têm que estar preparados para isso. Da mesma forma que as figuras públicas têm que estar preparadas para aparecer nas revistas cor-de-rosa, mesmo quando não querem. Se fosse a MINHA cara espalhada por aí e estivesse em "combate político", até podia não gostar, mas tinha que comer e calar.

#2. Tenho pena que não queiras debater mais... Afinal parece que não é só o Sócrates (desculpa lá a piadinha...)  

Comentários aos comentários dos meus comentários...
#1. Cartazes do PSD. Eu não disse que gostava ou que achava bonitos. Disse e continuo a dizer que são legítimos. E acho que os visados não se devem armar em vítimas relativamente a isto. Se as pessoas não gostam (e têm o seu direito de não gostar) julgarão isso nas eleições. Disse e continuo a dizer que os cartazes não são ofensivos.
#2. O caso do túnel do Marquês, ainda vai dar muito que falar. Mas para já os tribunais dão razão à CML... que não era preciso estudo de impacto ambiental. Donde a paragem das obras, com tudo o que isso acarreta, não é responsabilidade do PSL.
#3. A reabilitação do Parque Mayer ainda está muito longe de estar concluída, mas foi um projecto iniciado pelo PSL. E sim, inclui a construção de um casino, e vai ter um projecto do Frank Gehry, e aposto que vai trazer dinheiro a Lisboa. Tirar o mérito (ou demérito) disto ao PSL é como tirar o mérito (ou demérito) do Euro 2004, ao governo socialista que iniciou o projecto.
#4."o país é prejudicado quando um ministro comete o crime de falar com o Paes do Amaral e diz que ou o Marcelo se modera ou a TVI perdia as hipóteses num concurso para o estado". Onde é que viste isto? Aconteceu mesmo? Até que me provem o contrário, continuo a acreditar que o "caso Marcelo" foi criado pelo próprio para criar desestabilização e tirar dividendos políticos disso.
#5. Lembras-te quando o Carrilho se demitiu, quais foram as "bocas" que mandou ao Guterres? E aí não houve "caso".
#6. O caso da colocação dos professores, foi mau... foi muito mau. Importa é saber se aprenderam com os erros.. ah, mas já me esquecia, que não vão poder aprender porque não lhes deram tempo para isso.
#7. Continuo à espera que me dêem exemplos fudamentados e com alternativas credíveis para medidas que o governo tomou e não devia ter tomado e medidas que não tomou e devia ter tomado.
#8. Eu nunca fui fã do PSL, confesso que pelas medidas que tomou o seu governo me surpreendeu pela positiva; que considero que o governo tinha pessoas muito válidas e com bom trabalho mostrado, e continuo a achar que devia ser julgado pelo seu trabalho no fim do mandato; no fim dos quatro anos para os quais foi planeado o programa de governo porque agora, sempre que disserem que o governo prometeu e não fez, tem sempre uma boa desculpa: não teve tempo para tomar todas as medidas!  
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