segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Às segundas leituras (III)

Mais uma vez a actualidade política marcou indelevelmente esta semana. Portugal virou à esquerda (o que quer que isso se venha a demonstrar ser) e aparentemente o optimismo regressou ao povo (apesar de continuar tudo na mesma); já se vislumbram verdadeiros milagres económicos, revoluções sociais, emprego para todos, todos os nossos problemas se tornaram prioritários e vão-se resolver ao mesmo tempo, foi castigada a política "negativa" e "comadre" e o futuro é "cor-de-rosa".

Como todos os que seguem este blog sabem, considero o actual-futuro-primeiro-ministro um líder fraco. Fraco de ideias, fraco de carisma, fraco de retórica, fraco de projectos, fraco de acessores, fraco de coragem e fraco de humildade. Mas o povo decidiu, está decidido. E como em qualquer "democracia madura" como os nossos políticos gostam de dizer, o povo é soberano, mas todos podem exprimir a sua opinião. Tal como alguém disse ontem, não acho que o povo se tenha enganado (talvez tenha sido enganado, mas isso é outra história), as minhas convicções, o modelo de sociedade na qual gostaria de viver é que não se coaduna com a escolha recente dos portugueses, e isso, ninguém me impedirá de dizer (ouviste Guilty?). Mas sobre este assunto, ainda muita tinta vai correr nos jornais, muitas "excelentes reportagens" (como é possível isto) serão feitas e muito ainda se falará. Como diz o povo "ainda muita água vai passar debaixo da ponte" e esperemos para bem de todos nós que "a emenda não seja pior do que o soneto".
E sobre este assunto, resta apenas uma palavra para o Dr. Jorge (pronto, não lhe chamei cenoura) - aquele que se tornou o meu "odiozinho de estimação" por ter subvertido deliberadamente (parece que o ex-secretário-geral do partido-que-agora-é-governo também concorda comigo) o ciclo político normal, desejável e para o qual foi planeado um "Programa de Governo".

Passando para outros assuntos... A "fraude" das taxas moderadoras (que não moderam o que deviam moderar, não são justas e não têm utilidade), uma "aberração da natureza" corrigida pelo empenho de alguns médicos, os números assustadores da violência em contexto familiar e a decisão quasi revolucionário do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, acerca da paragem de tratamentos de suporte a doentes em Estado Vegetativo Persistente.

Uma última referência para esta mensagem, acerca do trabalho de um escritor. Pelo menos de um escritor competente! A investigação necessária para criar uma história ficcionada mas "verosímil", imaginada mas adequada à realidade, vista "de fora" mas pormenorizada.

Fiquem bem e... voltarei amanhã com algumas estórias histórias.