quarta-feira, março 30, 2005
A vida anda às voltas
A minha vida pertence-me. Tentarei vivê-la de cabeça levantada e costas direitas até ao último instante, mesmo que para tal deva antecipá-lo. Já o disse e escrevi muitas vezes: tenho horror à hipótese de sobreviver a mim próprio.
Julho 2004 - Parque do Prater - Viena - Áustria
Um comentário recente do Vaticano, refere que qualquer doente, independentemente da sua vontade, deve ser sujeito a hidratação e nutrição parentéricas para manutenção da vida. Caricato, no mínimo, vir o próprio Papa a necessitar de tal tipo de suporte. A contrapôr a esta vontade de viver, surge-nos a alegada vontade de Terri Schiavo em não ser mantida viva artificialmente.
Por cá, a Comissão Nacional de Ética para as Ciências da Vida, recomenda, que caso seja essa a vontade expressa do doente, a alimentação e hidratação artificiais possam ser suspensas a um doente em estado vegetativo persistente, mesmo que tal venha a implicar a sua morte.
Recentemente disse aqui qual a minha opinião acerca da manutenção artificial e obstinada da vida, através de cuidados médicos. Basicamente, aceito a vontade do doente. Da mesma forma que o doente tem autonomia (e é este um dos 4 princípios básicos da bioética) para escolher qual o melhor tratamento para si, aceito que o doente considere que o melhor para si é poder morrer com dignidade e não ser um mero apêndice da tecnologia da Medicina, à cabeceira do qual se tomam decisões sem o seu consentimento.
Se no caso do Papa João Paulo II não se discute a necessidade de colocar uma sonda nasogástrica para alimentação entérica, porque é essa a sua vontade, já no caso de Terri Schiavo, apenas o mais atroz fundamentalismo religioso quer obrigar a prolongar uma vida artificialmente. Já muito se disse sobre este caso (curiosamente muito mais do que sobre o parecer da Comissão Nacional de Ética para as Ciências da Vida...). Que estaria em morte cerebral, que não estaria. Que teria expresso a sua vontade, que não teria. Que deveria ser alimentada ou não. Que (pasme-se) uma vez que os pais queriam tomar conta dela, deveria ser artificalmente mantida viva... Quanto à morte cerbral, é bom de ver que não é o caso. Respira, logo o tronco cerebral está activo. Estará em estado vegetativo persistente? Ao que parece sim, como resultado de uma hipertensão intrcraneana de causa não muito "esclarecida". Alegadamente, terá expresso a sua vontade em, caso se deparasse numa situação destas, não ser mantida viva artificialmente. A confirmar-se tudo isto... caso encerrado! A vontade dos pais de "cuidar da sua filha", não pode ser respeitada, porque acima de tudo a vida e o corpo são bens pessoais e intransmissíveis.
A manutenção artificial da vida, em doentes que afirmam o contário só é justificável em filosofias que consideram a vida e o corpo humano como empréstimo divino e não como uma existência autónoma em si mesma. Esta mesma teoria, reduzida ao absurdo, implica que nunca poderemos tomar nenhuma atitude contrária à saúde do nosso corpo (porque ele não nos pertence), logo, deverá ser proibido fumar, comer gorduras e ter uma vida sedentária.
E não se pense que a alimentação por gastrostomia (como no caso Schiavo) não é uma manutenção artifical da vida. Não fosse a tecnologia da medicina e há muitos anos, teria já sobrevindo a inexorabilidade da morte, num corpo, que apenas consegue manter autonomamente a respiração, os batimentos cardíacos e o equilíbrio homeostático. Reforço... num corpo, porque apenas na forma se assemelha a uma pessoa!
À falta de engenho e arte para fazer melhor, termino uma vez mais com as palavras do Professor: "...tenho horror à hipótese de sobreviver a mim próprio."
Não posso DE FORMA ALGUMA é concordar com o fim da vida por corte de alimentação e de água.
Escolham outro método, este, mesmo que o corpo não sofra, é indigno do século em que vivemos. Lamento discordar dos conselhos de ética, mas tenho (para além da deles) a minha própria ética, que foi criada ao longo dos anos e começou no berço. Não faria isso a um cão vadio. Aprendi em pequenino que comida e água nunca se nega a ninguém, assim como aprendi a ser carinhoso e humano com os enfermos. O fim da vida deve ser digno, e a dignidade está na forma, que vai para além do sofrimento do corpo ou da mente. Gostava de saber, em termos penais, se a gravidade de matar com um tiro, ou por falta de alimentos e água, têm a mesma pena. E porque é que se fôr à fome e sede tem uma pena maior?
E aconselho-te a ler qq coisa sobre a actividade cerebral de doentes em estado vegetativo prolongado, que era o caso da Schiavo.
este caso da Terri Schiavo, assumiu contornos estranhos! Deixar de alimentar a mulher (ainda que pelos vistos ela não sentisse)é ideia que não me agrada! mas não estou contra a decisão do marido...o que era aquela mulher desde ha 15 anos?
Se quanto à forma, concordo que a morte por falta de água não é muito digna, no conteúdo concordo com o Francisco, porque isso não é mais do que deixar seguir o curso natural da doença. Qual a diferença de "dignidade" na morte daquele corpo, sendo ela agora por falta de "alimento" ou daqui a uns anos por "exaustão".
Gasel - presumo que nós que estamos de fora, não sejamos mais iluminados do que os médicos, juízes e advogados que analisam este caso há quase 10 anos. Se todos os tribunais aceitaram que seria esta a sua vontade, quem somos nós (que não conhecemos o caso) para dizer que isso é mentira? Temos que aceitar que mais importante do que o tempo de sobrevida de um corpo é o tempo e a qualidade de vida da pessoa como um todo. O tempo da medicina paternalista já lá vai... actualmente os médicos são apenas uma parte da equação e o tempo de fazer de "deus" e decidir pelo doente que ainda não seria esta a hora da sua morte também já lá vai.
A suspensão da alimentação por gastrostomia é a suspensão de um suporte avançado de vida... o suporte avançado de vida não é só o ventilador e as aminas. Se o procedimento é banal e de simples execução isso deve-se ao desenvolvimento da Medicina.
Quanto à actividade cerebral em doentes em EVP, que queres que eu descubra? Que eles podem ter actividade cerebral? Podem, mas em nenhum caso após os primeiros meses se verificou recuperação da consciência. Que não há nenhum caso descrito em que haja actividade cerebral capaz de estabelecer ligações associativas e assim ter um mínimo de consciência? Que as conexões entre córtex distintos estão perdidas? Ou que os centros biológicos básicos estão desligados da actividade cortical? Que por vezes sentem a dor, mas não a percebem?
Já agora, não estaríamos aqui hoje a falar deste caso, se há uns anos, quando a Terri Schiavo teve uma septicemia, tivesse sido respeitada a sua vontade e não tivesse sido tratada. Talvez se isso tivesse logo sido feito, hoje não discutíamos a "falta de dignidade" de morrer à fome.
Para mim, falta de dignidade é poderem fazer com o corpo que nos sobrevive, aquilo que nós não gostaríamos que fosse feito.
Já agora, também te aconselho a ler os artigos do New England acerca deste caso... Ainda não foram publicados, mas já os encontras na Medline e no NEJM online.
Não conheço o caso a fundo, e até posso estar enganado, mas julgo que outros tribunais já tiveram decisões opostas no passado. E que até algins juízes mudaram o seu “sentido” de voto. E se eu não sou iluminado, também o não são os juizes que tomaram esta decisão. E eles, podem estar errados. E foram eles que fizeram o papel de Deus ao decidir a morte da Terri.
Quanto à actividade cerebral. No fundo é que tu transmites: sabemos muito pouco. É claro que eu sei que estes doentes “nunca”recuperam a consciência (poderemos falar de consciência?) mas uma coisa podes admitir, é alguma forma de vida: existem variações da actividade cerebral, existe ritmo sono-vigilia, etc, Quem somos nós para decidir que esta forma de vida não presta? Um autista profundo não presta? Se deixar de deglutir, não o alimentas?
E a PEG é exactamente o mesmo que uma SNG. É uma forma de alimentar pessoas que não deglutem, como milhares de velhinhos pós-AVC. Se achas que isso é suporte avançado de vida, ok!
E obrigado pela dica sobre os artigos :)
E afinal, parece que estamos todos de acordo! A Terri estava a viver uma não-vida e foi tomada a decisão mais sensata...
Revendo e ponderando tudo, não dou nota 0 ao medman, dou um 10... ou até um 13! :)
E só porque não é nada tão simples como ele parece fazer crer ao dizer "A confirmar-se tudo isto... caso encerrado!" Este caso levanta problemas complexos quer no campo legal, quer no campo médico: Legais pois o próprio caso o demonstra, ao levar este tempo todo até ter a decisão "definitiva". Médicos, como estão bem patentes no documento da Comissão para a ética portuguesa: o EVP levanta questões éticas e cientificas para as quais ainda não temos uma resposta adequada.
E... talvez, sim só talvez, tenha sido tomada a decisão mais sensata!
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sábado, março 26, 2005
Novos mundos ao mundo
A acção do Homem, na modelação do ambiente já se estendeu a outros planetas. Na imagem, podemos ver uma perfuração e anéis de raspagem, para análises científicas efectuados pela sonda Spirit. Fonte:Time
Desde sempre que o Homem foi movido pela curiosidade: de se conhecer a si e aos outros (e aqui nasceu a Medicina), de conhecer a sua terra, os seus animais e o seu Mundo. Depois, quis conhecer outros povos e outras terras. Invadiu, lutou, dizimou e conquistou. Pelo caminho foram ficando outras sociedades e outros ambientes. Extinguiu espécies. Adaptou o mundo à sua vontade. Domesticou animais e plantas. Criou transportes de longa distância; "amansou" os mares, conheceu a Terra e depois já farto, criou transportes interplanetários. Foi à lua, mandou "sondas" a Marte e a Saturno. E também lá começou a deixar a marca da sua passagem...
A Lei de Lavoisier, diz que "na Natureza nada se cria, nada se destrói, tudo se transforma" e os últimos 150.000 anos (mais coisa menos coisa), têm demonstrado a capacidade do Homo sapiens de transformar a Natureza que o rodeia... e a si próprio!
as vezes desconfio do ser humano...
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Uma história da Páscoa...
Obrigado JMP pela dica...
quarta-feira, março 23, 2005
Ciganos
Mas é um bocado como dizes, até são simpáticos desde q achem q estão a ser bem tratados...
Abraços da Zona Franca e puxão de orelhas no McCap para ele voltar a escrever!
Não páro de me espantar como é que as pessoas vão ter ao meu blog!!
Obrigado pela visita..
Quanto ao tema de hoje, acasta cigana tem as particularidades de qualquer Casta que se preze! ;)
Adaptam-se bem às regras da sociedade em que se inserem, embora numa visão muito própria das mesmas..
Tenho preconceitos em relação aos ciganos maus, na mesmíssima medida que tenho em relação aos pretos ou aos brancos maus.
Resumindo: sou racista em relação às pessoas que não prestam!
eu moro na amadora, que como se sabe para além de se matarem polícias e comerem criancinhas tem também muitos ciganos lol.
agora a sério. aqui perto de mim moram MUITOS ciganos. inicialmente tive medo deles. confesso que tive.
mas agora trato-os com a mesma naturalidade que a todas as outras pessoas. eles apenas pedem respeito.
de resto, quando sente carinho por nós são os melhores amigos que se pode encontrar.
claro que também existem aspectos negativos, mas neste momento eu estou habituada a eles.
são seres humanos, com leis próprias e formas por vezes engraçadas de ver a vida.
seria bom se as pessoas conseguissem olhar para eles não como vendedores da feira, nem ladrões ou traficantes e sim pessoas com defeitos e virtudes como todos os outros.
beijinho
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segunda-feira, março 21, 2005
O regresso da Prima...
Não te confio as flores do meu casório...talvez alguém que se sinta mal durante a cerimónia, mas as flores...
É uma papoila...ou papoula, se preferires, mas rosa...
E ia a Rainha Isabel, com o regaço carregado de papoilas, para destilar e fumar umas cachimbadas de ópio, quando foi interpelada pela polícia... -O que leva aí??? -São rosas senhores!!! E milagrosamente as papoilas se transformaram em rosas...
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domingo, março 20, 2005
Venda livre de "medicamentos de venda livre"...
Rapidamente os farmacêuticos se opuseram a esta medida. Considerando que seria um estímulo ao consumo de medicamentos. Que nas farmácias os clientes são aconselhados, que o farmacêutico até sabe que outros medicamentos a pessoa toma, que alerta para os perigos de utilização dos medicamentos, etc... A realidade... nunca em nehuma farmácia, me aconselharam o que quer que fosse acerca de medicamentos de venda livre; nunca me fizeram nenhuma pergunta. Mais, várias vezes me perguntaram se tinha a certeza que não precisava de mais nada ("aconselhando-me" a toma de antitússicos, vitaminas, etc...)
Mas... vamos por partes. Que implicações tem a venda livre de medicamentos de venda livre?
1. Passam a poder estar à venda em qualquer local.
2. O controlo técnico tem de estar assegurado por um farmacêutico.
3. Qualquer pessoa que queira o medicamento o pode comprar.
Actualmente,
1. Estão à venda apenas em farmácias.
2. O controlo técnico é feito por farmacêuticos, mas a venda, habitualmente é feita por um técnico de farmácia (que não tem formação de farmacologia, nem de farmácia)
3. Qualquer pessoa que se desloque à farmácia, pode comprar o medicamento.
O que muda? As farmácias deixam de ter o monopólio de venda de medicamentos!
Mas há riscos para a saúde pública? Há e podem ser por vários motivos...
1. O medicamento tem interacções ou efeitos laterais que podem ser nocivos. Não deveria ser medicamento de venda livre.
2. Pode estimular o consumo de medicamentos. Pode, mas actualmente qualquer pessoa compra a quantidade de medicamentos que quer... Talvez se os medicamentos fossem dispensados em doses unitárias (em vez de caixas de 60, o que só beneficia as farmácias e as companhias farmacêuticas), fosse possível diminuir o consumo de medicamentos.
3. Não está lá o técnico (ou o farmacêutico) que conhece a pessoa e sabe que medicamentos ela está a tomar. Pois... actualmente também não... Basta ser preciso um medicamento durante a noite e ter de recorrer a uma farmácia de serviço...
Sinceramente, sou completamente a favor da venda de medicamentos de venda livre fora das farmácias. Além de não encontrar nenhum problema nisso (o que por si só já era um bom motivo para o apoiar), encontro ainda uma grande vantagem... Há a certeza de que uma pessoa que sai de casa para comprar uma aspirina para a gripe, não vir do "supermercado" com um antibiótico cuja receita vai depois "cravar" a qualquer médico...
Se existem problemas associados ao uso do medicamento, a solução não é limitar a sua venda às farmácias, mas sim, transformá-lo em medicamento sujeito a receita médica. Se existem problemas associados à quantidade de medicamentos usados, e ao uso de medicamentos fora de prazo, a solução passa pela dispensa em doses unitárias. Se existem problemas associados a interacções medicamentosas, o problema passa pelo aumento da informação ao utente... O monopólio actualmente existente, é benéfico apenas ao limitado número de "donos de farmácias".
O que nos leva a outro assunto, que é a limitação da abertura de novas farmácias. Porque razão não pode qualquer pessoa abrir uma farmácia, desde que o seu controlo técnico seja assegurado por um farmacêutico? Se qualquer pessoa pode abrir um hospital privado, uma clínica médica, um laboratório de análises, um supermercado, um gabinete de advogados,uma empresa de transportes ou até mesmo um laboratório farmacêutico, porque razão o mesmo não acontece com as farmácias? (note-se que não tenho qualquer interesse pessoal no caso, porque o código deontológico da ordem dos médicos, proíbe expressamente a participação de médicos em qualquer negócio farmacêutico...).
Porque é que as farmácias se mantêm como o único monopólio de uma actividade em Portugal?
Voltando ao tema... Se os medicamentos são de "venda livre", que o sejam mesmo e não apenas de nome. E se são "sujeitos a receita médica", de uma vez por todas que o sejam mesmo... Lembro-me sempre da senhora que certo dia me chegou ao CS a pedir uma receita de 9 caixas de "ben-u-ron" que devia na farmácia (sim, o ben-u-ron é sujeito a receita médica)... 9 caixas??? É dose mais do que suficiente para poder matar alguém... e foi vendido livremente, numa farmácia, se calhar na farmácia de algum dos que agora "protestam" que "nas farmácias as pessoas têm aconselhamento quanto ao uso dos medicamentos"...
Resumindo... Sim à venda "livre" de medicamentos de venda livre.
Sim à restrição da quantidade de medicamentos de venda livre.
Sim à criminalização da venda de medicamentos sujeitos a receita médica, sem receita.
Sim à liberalização da abertura de farmácias.
Sim à dispensa de medicamentos em doses unitárias.
É claro que isso implica que os domicílios são para se fazer...não basta telefonar e dizer: "Vá à farmácia e peça o antibiótico "Zigzug", sim, z-i-g-z-u-g".
E se calhar aquela coisa da medicação crónica mais agilizada é um problema a solucionar...
E para melhor controlo do nº de fármacos que cada utente consome /mês ter cada utente um cartão magnético com o registo obrigatório dos fámacos comprados, com respectiva data...Ai!! Bati com a cabeça...mas era giro.
Gostei, vou vir mais vezes a este blog. Parabéns!!
Molungu
Além de ser desprestigiante para os farmacêuticos (que têm coisas mais importantes com que se ocupar), é um insulto à capacidade dos portugueses... Então os portugueses são "capazes" para conduzir automóveis, mas são "incapazes" para comprar sozinhos um medicamento de venda livre...
E morrem todos os anos muito mais portugueses de acidente de viação do que de intoxicação por ibuprofeno... Ridículo... Só falta mesmo obrigar os stands de automóveis a ter um instrutor de condução a explicar o funcionamento e as regras de trânsito no momento de aquisição do veículo!!!
Como diria Shakespeare: Much ado about nothing!!!
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sexta-feira, março 18, 2005
Sabichona...
"- Quando for grande, quero tirar sangue no laboratório..."
- Ai é?? - respondo eu - Gostas de tirar sangue?
- É... E depois ganho mais que os médicos no hospital..."
Como diria o saudoso... E esta, hein?
Já há pais que em vez de dizerem aos filhinhos "Tens que estudar muito para entrares em Medicina, para seres médico e ganhares muito dinheiro...", lhes dizem "Oh filho, não te mates a estudar, que há muitos cursos que se fazem com uma perna às costas, aos quais o acesso é feito sem stress, e que te proporcionam um futuro no qual o esforço e a responsabilidade são bem menores e o salário é o triplo...". Ou mesmo "Medicina? Isso dá muito trabalho!! Pr'a não falar do caro que fica tirar esse curso!! E depois? Toda a gente se queixa dos médicos... Olha, vai pr'a picheleiro, ou pr'a electricista...só cá vêm quando imploro, três ou quatro dias depois de ter a casa de banho sem autoclismo, pago e não bufo e ainda me desfaço em agradecimentos no final..."
Mas a uma criança de 5 anos...será que já dizem estas coisas? Ou será uma sobredotada?
aos 5 anos eu só pensava em fugir das agulhas (bem hj também, embora as enfrente enquanto dadora lol, nem sabia onde era anlisado o sangue e quando muito julgaria que era uma m´aquina lá no consultória (genero maquina de lavar) que ao fim de 2 minutos mostrava os resultados...e dinheiro era aquilo com que a minha mãe pagava o café e o meu "riboxado"!
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segunda-feira, março 14, 2005
Às segundas leituras (VI)
Política nacional: o balanço do governo cessante e algumas opiniões sobre o governo que agora começa... (sem brilho e já com algumas trapalhadas).
Ainda uma referência para este comentário da blogosfera de esquerda, que acha muito bem aumentar os impostos, porque "as políticas de esquerda, vivem à custa dos impostos dos ricos"... pois, só gostava de saber onde é que vão "chupar" quando conseguirem transformar os ricos em pobres (basta atentar em TODOS os exemplos do socialismo marxista - vulgo comunismo...).
Uma palavra (uma vez mais) para a diferença de tratamento aos políticos (e às políticas), por parte da comunicação social. Ao que parece, é "politicamente correcto" atacar as opiniões de centro-direita (e os seus protagonistas), ao mesmo tempo que se dá um "estado de graça" à esquerda e não se "pressionam" os seus intervenientes... Enfim, modas!
A política internacional, uma vez mais dominada pelos ecos vindos do Médio Oriente. Por um lado, os gritos de liberdade e democracia vindos do Egipto, Líbano, Iraque e Afeganistão, fazem perspectivar um futuro melhor para todos, numa altura em que ainda estamos todos "amedrontados" com o 11 de Setembro e o 11 de Março; por outro lado, a estratégia de Bush (esse que era parecido com o Hitler, menos no bigode) poderá estar a resultar, o que pode deixar a "Europa" numa posição ingrata e poderá obrigar alguma esquerda intelectual anti-americana a "engolir uns sapos"...
Ainda na Europa (ou nas Europas, como sugere o título da crónica), uma perspectiva acerca das diferenças entre os "estados liberais" (que têm apresentado desenvolvimento económico crescente) e dos "estados sociais" (com crise económica generalizada, desemprego e insatisfação generalizada). É a diferença entre o empreendedorismo e o conservadorismo; entre o risco de ser feliz e o medo de perder as regalias sociais...
A nível de saúde, a mega-fraude na ADSE, alegademente perpetrada por dois médicos. A ser verdade, espero que sejam condenados não só pelos tribunais, como severamente punidos (expulsos) pela Ordem dos Médicos. Estes sim, dão "mau-nome" à classe médica...
Uma reflexão interessante sobre os modelos de gestão hospitalar. A comparação entre o estado totalitarista, tecnocrático e "omnipresente", e o estado regulador e controlador, que deixa iniciativa à sociedade civil, ao empreendimento privado, sendo inclusivamente capaz de concorrer com estes, garantida que esteja a qualidade do atendimento na doença.
Finalmente, uma palavra para José Mourinho... O português mais bem-sucedido da actualidade, que em poucos meses passou de besta (quando treinava o campeão europeu que só ganhava títulos devido ao "sistema"...) a bestial, quando conseguiu vergar os arrogantes ingleses e espanhóis, ao talento, raça, perseverança e capacidade de liderança de um "portuguesinho de gema". São inevitáveis as comparações entre este verdadeiro líder e os outros líderes que por cá vamos tendo.
Ainda hoje, conhecida mais uma acusação a Mourinho, por ter feito o que todos os treinadores fazem de forma dissimulada: criticar um árbitro. Parece que o dito sofreu ameaças de morte e por isso vai deixar a arbitragem, e querem fazer crer que a culpa é do Mourinho. Não é dos imbecis que o ameaçaram de morte, não é de todos os outros que destilam ódios na comunicação social, não é dos jornais espanhóis que afirmam que o Chelsea só ganhou porque o árbitro roubou o Barcelona, não é... (enfim, quantos exemplos poderia dar aqui...)
Ah Grande Mourinho, que tens as costas largas. Ainda bem que o teu ego é do tamanho da tua inteligência e obrigas certos "seres superiores" a reconhecer que afinal és o melhor!!!
domingo, março 13, 2005
A recta final
Beara Peninsula - Rep. Irlanda - Maio 2004
Indo ao princípio - boa sorte, sorte, sorte (aliada aos conhecimentos, claro está)
O maior problema dos acessos , por mais que lhe custe aceitar , foram criados por eles , O maior LoBBy profissional que existe em Portugal , onde 2/3 médicos dominavam uma especialidade e ai ja não se abriam vagas para afastar a concorrencia ...
Sei bem do que fala ... dava para 100 post
boa sorte para ti também Francisco.
quanto ao "sistema" de acesso à especialidade, admito que possa ter tido a sua utilidade num processo revolucionário pós Estado Novo, em que se terá passado do Clientelismo e dos Lobbyes, para um processo de anarquia e desregulação desenfreada.
Actualmente está completamente anacrónico e desajustado às necessidades cada vez maiores de uma Medicina eficaz e compentente!
Obrigado a todos!
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sábado, março 12, 2005
Quanto ganha um médico?
Compreendo mas não tenho pena ...
O sistema esta mal estruturado , como muitas outras coisas ...
De facto todos queremos ser mais que um mero operário ...
Mas olhe eu estou a caminho do Mestrado e descobri que ganho tanto como a governanta do meu avô...
Foi cá um balde de agua fria
Há muitos anos que resolvi preferir "viver pior" económicamente "vivendo melhor" sendo escravo, não do dinheiro, mas da liberdade, do tempo para a família, para mim e para os meus "prazeres".
Áh, sou um defensor da produtividade, eficiência, honestidade, gestão criteriosa, do conhecimento aprofundado, profissionalismo cuidado e, abomino toda e qualquer balda, e não evito "puxar as orelhas" a quem o merecer.
A questão, é o rótulo que se tem: "Dr = grande vencimento". E este rótolo, aliado ao conceito erróneo de deus/diabo (com letra pequena)... = bomba
Dentro do marketing adoro a Gestão e Criação de Marcas , acho que não preciso de falar muito mais ,
Esta claro que a prioridade de vida da maior parte dos Portugueses esta canalizada para o consumismo, e o eu tenho mais que tu !!!
Não é a minha maneira de estar até porue quem já vio a morte de frente ... pensa de uma forma simples
Gosto de coisas simples sem complicações .. logo o chefe que me desculpe , mas a empresa não é a minha prioridade de vida , a minha vida é a minha prioridade ( heheehh)
Jocapoga (gostei do novo nome...) - a opção por exclusividade no serviço público, não implica obviamente falta de competência, mas são opções que têm que ser feitas. E se há quem prefira ter menos a nível material, para ter mais liberdade, há quem prefira trabalhar mais tempo, para ter mais "coisas". O que interessa é que o trabalho seja feito com competência e honestidade. Mas sinceramente custa-me um pouco, actualmente ganhar menos do que uma empregada doméstica (3,5€/hora)...
Eu mesmo que tenha todo o trabalho feito ao meio dia , nao posso sair porta fora da empresa , era despedida
Qualquer funcionario publico , não pode sair da empresa , os médico sim...
Sabiam que os hospitais para onde se transferem doentes urgentes, nalguns sítios deste apís, foram decididos pela autarquia?
Antigamente, na ditadura, atiravam-nos com a PIDE para cima, agora atiram-nos com demagogia...
Mas muita desta politica advem de excessos de outros tempos , tem de se encontrar o meio termo ...
cls: a qualidade do sistema depende até certo ponto dos médicos (satisfação com o atendimento, competência, profissionalismo), mas desejavelmente (na minha opinião, como sempre) deveria depender ainda mais... os médicos deveriam ter maior capacidade de "decidir" as políticas de saúde; raramente vejo alguém a queixar-se dos serviços prestados na medicina privada, em que as instituições são coordenadas por médicos, competentes e bem-pagos
viúva-negra: o médico, teoricamente também não pode sair ao meio-dia... mas há médicos cujo horário é sair ao meio-dia (ou há uma), porque completam o seu horário em trabalho nocturno, por exemplo. Aliás, a experiência que tenho (a nível hospitalar e de centro de saúde) é que a generalidade dos médicos, cumpre mais horas de trabalho do que o seu horário (mas obviamente que existem muitas excepções...)
Tb não acho mal que os médicos queiram trabalhar 80 horas, agora, não os podem acusar de "ser materialmente bem-sucedidos", como se isso fosse algo desonesto. É fruto do seu trabalho, ponto final parágrafo (a não ser para alguma esquerda progressista, que é contra a riqueza individual).
Mas também não acho que a culpa seja só dos gestores. Há muitos médicos "culpados" por omissão, negligência e colaboração com certas políticas economicistas; e muitas vezes são os próprios a não dar o exemplo e a facilitar o desperdício.
Nem acho que na saúde se deva pecar por excesso. Considero isso um erro tão grave como pecar por defeito. Se os efeitos não se notarem directamente no doente em que se pecou por excesso, podem-se reflectir noutro, que até precisava dos recursos mas eles estavam a ser utilizados. Temos que ser racionais e tomar as decisões com base nas melhores evidências que temos.
A solução, a meu ver, seria demitir todos os médicos que trabalham no privado. É radical, não é? Eu sei que sim, mas é a única solução para que NÓS, contribuintes, DEIXEMOS DE SER EXPLORADOS PELA CLASSE MÉDICA. Falo por experiência própria, e por todos os cidadãos com medo de falarem, por medo de colocar a sua saúde e um atendimento, mais ou menos, decente, diga-se de passagem, por parte destes profissionais de saúde.
Falta à classe médica um pouco de seriedade e dignidade no seu trabalho, pois não se abandonam postos médicos em horário de serviço, atenção é de serviço (e são muitos dos senhores(as) doutores(as)a fazerem destas habilidades); não se pede caridade, mas sim honestidade para com um povo que trabalha e não vê os seus direitos preservados.
P.S. Sei que os bons médicos, dignos da profissão de lutar pela vida, não ficarão indignados com este texto, dado que é uma revolta que eu já presenciei por alguns bons profissionais na área de medicina; quem ficará indignado, revoltado, enfurecido, etc, etc, serão aqueles, citando a expressão popular, em que "a carapuça assentar que nem uma luva"
No serviço público já é outra conversa: os médicos ganham cerca de 10 euros por hora, mas são obrigados a atender em média - na maioria dos ambulatórios públicos - cerca de 40 pacientes em 4 horas. Ou seja, 10 pacientes por hora.
Some-se à isso o fato de que, na maioria dos serviços, não há recursos disponíveis para tratar ninguém que dependa de procedimentos como exames, cirurgia ou fisioterapia.
Há na verdade relatórios elaborados pelo governo e usados em campanhas eleitorais com números incríveis de produtividade médica na medicina pública, sem no entanto nenhuma explicação de seguimento clínico ou sucesso nos tratamentos propostos.
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Serviço Público
Segredam-me aqui ao lado que a ordem foi ao contrário... Não sei, nem dei pela diferença!!!
sexta-feira, março 11, 2005
Queria comentar mas não posso...
Medman, acho que juntar no mesmo saco doenças infecciosas com outro tipo de doenças só complica a discussão. Eu percebo o q queres dizer, mas são níveis de evidência muito diferentes! O cidadão tem como dever promover a sua saúde! Não está AINDA provado que o tabagismo passivo aumente os risco de cancro do pulmão, bexiga!
CrisVSousa
O tratamento, não deve ser feito na "cela", mas no CDP ou no internamento. Os riscos de ter um tuberculoso na cadeia são imensos, no que toca a contágios, além de que as condições não são as aconselhadas, (nem mesmo no hospital cadeia).
Estes casos, que vos relatei sumáriamente, são muitíssimo importantes em ternos de juriprudência, pois, neste país, só havia um caso semelhante e ocorrido há cerca de 20 anos, quando as "liberdades" não eram tantas como nos anos seguintes.
É pois um, aliás três casos históricos, e como tal foram divulgados aos colegas de outros CDP, para exemplo de "pressão" judicial.
CrisVSousa - olha que já existe evidência científica do efeito do fumo passivo no cancro do pulmão... ora vê a página 507 do teu Harrisons!
Acredito é que há problemas de saúde pública, enraizados a nível cultural (e que portanto não dependem da lei), mais graves do que a eventual recusa de um indivíduo infectado com tuberculose aceitar o tratamento.
E também acho que a nível global e epidemiológico, terá muito mais impacto o efeito do fumo passivo do que os casos de tuberculose contagiados a partir de quem recusa tratamento...
abraço
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quinta-feira, março 10, 2005
Escarlatina
E, já agora, porquê.... a escarlatina?
Abraço e obrigado pelas visitas.
O medman, obviamente um autor completamente identificado, ficou picado com esse tal malandro do "anónimo".....
Já agora pode-se corrigir, que viste um doente com escarlatina e não uma escarlatina, não é?
Abraço, bom estudo e lá nos veremos dia 7!
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quarta-feira, março 09, 2005
Hoje não me apetece escrever...
Cidade Proibida - Pequim - China - Setembro 2002
Apetece-me só relembrar a Cidade da Tranquilidade Suprema, as paredes que mantiveram a China isolada do Mundo durante séculos, e que lhes permitiram ter uma visão muito particular da vida...
terça-feira, março 08, 2005
O meu 1º domicílio
As "SOPAS DE CAVALO CANSADO" do recém-nascido!
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segunda-feira, março 07, 2005
Às segundas leituras (V)
Uma palavra para a instituição do Cartão de Saúde Europeu, que facilita a mobilidade e a assistência em cuidados de saúde, para todos os cidadãos europeus.
Duas notícias preocupantes que surgiram esta semana: em Portugal morre-se de frio, o que está intimamente dependente de más condições socio-económicas e a quantidade ainda "absurda" de jovens que fazem sexo sem protecção. A informação não chega... é preciso haver uma mudança cultural e deixar de encarar o sexo como um tabú, como algo que deve ficar confinado às quatro paredes de um casal. É preciso discutir o sexo na Praça Pública.
E termino com uma referência para um Património Cultural que desconhecia, na cidade que me viu nascer e que todos já vimos várias vezes: as gnaisses da Foz. Temos que aprender a dar mais valor ao que temos!
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domingo, março 06, 2005
O Frio...
sábado, março 05, 2005
A medicina humanista
"Hoje em dia quando um doente entra no consultório, a primeira coisa que faz é mostrar os imensos exames e radiografias que traz na mão. E o mais estranho é que se lhe peço para me falar de como se sente, do que tem, até fica surpreendido"
Mas é esta a Medicina que muitos (doentes) querem. Na minha última urgência, dizia-me uma mãe: "Ó dôtore, parece impossível! Já vim 5 vezes à Urgência com a criança e ainda não lhe fizeram uma chapa". Não queria saber do exame físico, do que a levava lá. Queria que a criança fizesse "uma chapa". Lá lhe tentei explicar que os exames de diagnóstico, principalmente nas crianças, só devem ser feitos quando realmente necessários. Que têm problemas, que custam dinheiro e que muitas vezes não trazem informação nova. A criança, coitada, acabou por levar com umas análises, porque a mãe insistia que tinha febre (curiosamente nunca teve, durante as para aí 8 horas que esteve no SU). Como estávamos à espera, as análises eram normais.
Mas voltando ao tema... Hoje em dia, bom médico é aquele que pede muitos exames. E quanto mais complicados melhor. De que interessa fazer um exame neurológico completíssimo, se a D. Joaquina quer é fazer "um taco à cabeça". De que interessa colher uma história clínica completa, se o Sr. Fernando quer é fazer "umas análises gerais".
É cada vez mais difícil ser um médico humanista. Ouvir, examinar, aconselhar, apoiar. São coisas cada vez mais difíceis, cuja dificuldade aumenta em relação directa com os avanços técnicos da medicina. Os médicos, cada vez mais são (e têm de ser, na minha opinião), dividos em dois grupos. Não é os médicos de primeira e os de segunda, mas os médicos de cuidados primários, que conhecem o doente a fundo; que têm de ter tempo para os "seus" doentes; que conhecem o contexto familiar e social dos indivíduos; que ouvem e apoiam. E os outros... Os técnicos diferenciados. Os que executam as técnicas altamente diferenciadas; os que tratam de doenças específicas; os que se especializam em alguns dos sistemas desse "universo" que é o ser humano. São os médicos que tratam doentes e os médicos que tratam doenças...
E a escolha, está também nas mãos da sociedade. Se querem continuar a descredibilizar os cuidados de saúde primários, em detrimento dos "cuidados hospitalares". Se querem estabelecer uma ligação ao "seu" médico de família, ou recorrer de forma desordenada e desconexa às urgências hospitalares; se preferem tratar dos seus familiares doentes em casa ou depositá-los numa enfermaria de um hospital; se querem continuar a ter hospitais desumanizados, com enfermarias colectivas, burocráticos e centralizados ou centros de excelência, mais pequenos, com privacidade e pessoal dedicado; se querem continuar a "explorar" os erros médicos, forçando uma medicina defensiva, baseada no confronto e nos meios auxiliares de diagnóstico ou se por outro lado preferem uma medicina de "responsabilidade partilhada", baseada na confiança e no humanismo.
Se o humanismo, por parte dos médico, obriga a ver o doente como um todo, a perceber o contexto da doença e do seu impacto na vida do indivíduo, em compreender e ajudar; ao doente obriga a confiar e respeitar o seu médico, a aceitar que nem todos os problemas têm resolução (pelo menos em tempo útil), que o "seu" médico tem mais doentes, mas acima de tudo que o seu médico também é Homem, também tem dias bons, tem dias maus, tem emoções, família, erros, alegrias e tristezas, amigos, sofrimento, doenças, dores, mágoas, mau-feitio, férias, luxúria, contas a pagar, fins-de-semana, horário de trabalho, paixões, clube de futebol, partido político, ambições, cansaço...
O dia chegará em que os médicos serão funcionários, operadores de um computador, em que se limitarão a pôr os dados de um lado e a recolher a terapêutica do outro. E os humanistas, que ouvem, vêem e tratam os doente passarão a ser os curandeiros do futuro! Ou talvez não...
-"… a tecnologia aumentou o poder do médico, pela objectivação da doença, mas empobreceu a face humana da clínica, subtraindo até o valor terapêutico do gesto mais ancestral da cura, que era o acto de tocar"
-"… a visão ética corre o risco de se tornar um frio exercício de racionalidade, indiferente à face humana do sofrimento."
-"… a humanidade da profissão está ferida"
-"… é cada vez mais arriscado ser médico, por razões intrínsecas e extrínsecas ao próprio saber médico"
-"… mas tais razões justificam que os médicos se tenham tornado mais tímidos, mais cépticos, mais desiludidos…."?
MUITO BOA REFLEXÃO A TUA - COMEÇO A ACREDITAR QUE A NOVA GERAÇÃO VAI FAZER VOLTAR A DIGNIDADE À PROFISSÃO
muitas vezes é preciso admiti-lo são também os médicos que não conseguem conversar, muitas vezes nem por culpa deles...
tudo isto faz-me lembrar a árvore da vida, uma filosofia defendida por Mandela e praticada no Parlamento do Mali: a conversa é a coisa mais íntima que existe. Nunca devemos desqualificar os outros. Devemos olhá-los nos olhos. Devemos promover a discussão (o consenso apaga as diferenças). São ou não são bons princípios para o relacionamento com os outros? Nem sempre conseguimos segui-los (por medo da intimidade, da timidez, etc) mas eu pelo menos tento lembrar-me deles e fazer-lhes justiça.
é só uma ideia para ficar a magicar na cabeça dos doutores...
Como a maioria das pessoas são (felizmente) saudáveis, o consumo não se pode (numa óptica pragmática) sustentar apenas com os doentes, uma minoria. Portanto a atitude predominante (não necessariamente consciente ou deliberada) será a de promover a relação da maioria (os saudáveis)com as "coisas" (exames, máquinas, medicamentos, cirurgias) e não com as pessoas (médicos e técnicos de saúde). No caso dos médicos de família a situação é ainda mais complexa porque eles tendem - como é próprio dos cuidados de saúde primários em todo o mundo - a promover a autonomia das pessoas, ou seja, a despromover o consumo...
QED (digo eu) ;-)
Porque, apesar do que aqui se lê com agrado, uma andorinha não faza primavera.
De maneira geral o problema descrito tem relação com o modo como a comunidade medica sempre se relacionou com o restante da sociedade, de maneira distante e não abrindo o dialogo;e com a mecânização do atendimento medico imposto pelos planos de saúde a fim de diminuir custos.
Portanto a sociedade ocupa, infelizmente , o papel de agente dos efeitos,ficando longe dos debates para solução desta questão.
grato Lucas Matheus,
Feira, BA
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sexta-feira, março 04, 2005
Malformações
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quarta-feira, março 02, 2005
Uma simples tosse...
ausculta! Já tinha pensado se não seriam modernices , acho que não talvez comodismo ! Eu depois de uma manchita , deixei de fumar , agora um miúdo de 14 anos ! mais grave foi o meu filho em Sta Maria 3 meses , estas constipado , era fim de semana , estava nervosa e levei ao pediatra , Pneumonia , logo detectada na auscultação , na urgência , nem com o RX na mão , deviam estar a precisar de óculos !
Gosto muito do seu blog , da forma como escreve , dos seus receios , enfim deve ser um profissional em todos os sentidos ...
mas empobreceu a face humana da clínica, subtraindo até o valor terapêutico do gesto mais ancestral da cura, que era o acto de tocar"(Congresso Nacional de Medicina Familiar – Viseu – Setembro de 2004 -Prof. Lobo Antunes)
Abraço
Uma estudante de medicina
Acho que a muitos falta sensibilidade e bom senso , e garanto-lhe que sei do que estou a falar !
Tive um acidente enorme , se não fosse o
Dr Amntonio Trindade entre outros , as estas horas sabe Deus como teria ficado com o me que me queriam fazer ...
Mais não digo , acho que o objectivo aqui é aprender , trocar experiências de ambos os lados . a Critica só se for constructiva ...
Antes de mais, obrigado pela participação e pela discussão (da qual nasce sempre a luz...).
Quanto à minha mensagem, ao contrário das notícias da TVI, foi colocada apenas com o intuito de alertar todos (profissionais e "utentes"), para as especificidades do acto médico, em que uma simples distracção, pode ter resultados complicados. Não pretendia apontar culpados, nem fazer julgamentos na praça pública. Pretendia (e pretende) alertar essencialmente para duas coisas:
1. A necessidade de utilizar os "velhos" métodos da Medicina.
2. A necessidade de ponderar e utilizar os antibióticos com racionalidade.
Não pretendo fazer juízos de valor, sobre se os médicos que o viram antes eram bons ou maus. Acho que erraram, como eu sei que erro todos os dias. Espero poder ter aprendido com este erro que eles fizeram. Propositadamente não coloquei as palavras "negligência" ou "dolo", porque não conheço os colegas, nem sei em que circunstâncias observaram esta criança.
Também não acredito piamente em tudo o que me dizem. Mas neste caso, estou profundamente convencido que a criança (e os pais), estão a contar a verdade, ao dizerem que não foi auscultada, até porque um empiema daquele tamanho não surge da noite para o dia. Mais, foi-lhe dito que tinha uma gripe e prescrito o antibiótico, que iria manter febre durante uns dias e que isso era normal. Podia ser, mas neste caso, infelizmente não era.
Continuo a achar que foi cometido um erro médico (aliás, ainda recentemente foi julgado um processo disciplinar na Ordem, por um caso semelhante - diagnóstico de Pneumonia, sem ter sido feito o exame físico, mesmo com o diagnóstico e o tratamento correctos) ao não ter sido dada a atenção devida ao exame físico e a terem sido prescritos antibióticos para uma "gripe", que ajudaram a mascarar o quadro e a seleccionar agentes resistentes.
Coloco aqui a mensagem, para que todos possam ter mais atenção a este caso. Não é para julgar ninguém, mas se há coisa que sou incapaz de fazer é defender a classe só pela classe.
Quero poder defender os meus colegas, mas porque eles praticaram boa medicina, não porque "por acaso" até acertaram no diagnóstico. E espero que todos possam aprender com os erros...
Abraço
Qd me perguntou o que tinha tomado , repondi
anti-gripais
ouvi um berro , e ameçou bater-me ( a brincar)
Nunca mais tomei e acho que não deviam ser medicamentos de venda livre
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terça-feira, março 01, 2005
Roupa nova
Espero que gostem do novo aspecto e que continuem a participar, cada vez mais activamente!
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