domingo, janeiro 30, 2005
Conhecem o Stephen Hawking?
Também eu já tive oportundidade de conviver de perto com uma pessoa que tinha esta doença e assistia gradualmente, de forma perfeitamente lúcida ao definhar do seu corpo. Chamava-se Rosa, tinha 54 anos e estava internada numa enfermaria de Cirurgia, para efectuar uma gastrostomia (ligação directa do exterior ao estômago) em virtude da sua disfagia. Tinha uns olhos atentos e vivos e um sorriso resignado à sua situação. Não conseguia falar. Comunicava com o mundo (e com o seu marido extremoso), pela escrita - com a mão esquerda que tinha aprendido a utilizar, quando deixou de conseguir mexer a direita. A sua companhia era um bloco de notas e uma caneta, onde escrevia todos os seus recados (pedidos ao marido para trazer uma camisa de noite, pedidos de água aos enfermeiros ou respostas às minhas perguntas). Deslocava-se de um lado para o outro de cadeira de rodas, pacientemente empurrada pelo marido e aguardava que lhe fornecessem uma cadeira de rodas eléctrica e um computador que lhe emulasse a voz - ansiava por um pouco mais de liberdade.
Passava os seus dias a escrever e a ler, actividades que se apresentavam como um desafio, pelo simples facto de ser difícil segurar num livro aberto.
Esteve internada apenas 3 dias. O suficiente para sair do hospital mais animada, visto que já se poderia alimentar. E deu a todos uma lição de sobrevivência; de superação das adversidades. Para esta mulher, para quem o mais pequeno gesto era uma tarefa sobre-humana, condenada a ver o seu corpo abandoná-la progressivamente enquanto se apercebia de tudo, o mais importante era encarar a vida e o futuro de frente, sempre com um "brilhozinho nos olhos".
Na luta contra estas doenças do corpo, que sadicamente preservam o espírito, resta-nos aprender com o exemplo dos que não desistem de lutar: do Stephen Hawking, da D. Rosa e de tantas outros anónimos...
Estava pesquisando sobre Stephen Hawking e achei esse texto. Achei muito interessante e bonito. A perseverança de algumas pessoas que têm esse tipo de doença é admirálvel.
Muito bom o texto!
Os médicos acham que a vida é para as pessoas que andam e comem pela boca e não entendem que as pessoas se adptam pra viver do jeito que podem. O importante é que meu pai como Stephen Hawking que viver. Sofrendo mas vivendo, lutando...senhores médicos pensem em melhorar a vida deles. Altas doses de Vitamina B pode ser bom, pesquisem, pesquisem, observem, pensem e não apenas declare que eles vão morrer.
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Já parece a política portuguesa...
República da Irlanda - Maio 2004
Aqui apenas um exemplo da sinalização das estradas irlandesas, em pleno Burren irlandês, perto das Ailwee Caves. Nesta região, o afloramento de grandes blocos de calcário à superfície, cria uma paisagem única, com um terreno de rocha "gretada", aqui e ali invadida por pequenos arbustos e flores...
De facto, mais confuso do que isto, só mesmo a política portuguesa...
sábado, janeiro 29, 2005
Convulsões febris
E vinha o pânico. O medo do desconhecido, do que estava a acontecer. Normalmente estavam já numa situação de ansiedade porque os seus filhos estavam doentes. Tinham febre, alguns por amigdalite ou otites, outros simplesmente com uma virose. E corriam para o SU, em pranto, com as crianças nos braços. Entretanto a criança ia recuperando lentamente e ao chegar ao SU estavam invariavelmente bem-dispostas. Pareciam como que alheadas a tudo o que tinha acontecido.
Mas os olhos marejados em lágrimas das mães, ou os gritos de desespero não escondiam que algo de "grave" tinha acontecido - uma convulsão febril.
Habitualmente as convulsões febris surgem numa percentagem pequena mas importante de crianças (~5%) entre os 6 meses de idade e os 3 anos. Surgem após a febre, não necessariamente com febres elevadas e habitualmente nos primeiros dias de "doença". Normalmente ocorrem apenas 1 vez e não trazem complicações para o desenvolvimento da criança. Mas, além de ter de ser avaliada por um médico (preferencialmente um pediatra), a patir de então a febre na criança tem de ser atentamente vigiada e controlada.
Mas porquê tudo isto... Simplesmente para sossegar algumas mães ou alguns pais que possam estar a ler isto... Se têm um filho entre os 6 meses e os 3 anos, estejam alerta para que isto possa acontecer. Caso o vosso filho ou filha esteja com febre e tenha uma "convulsão febril", tentem dirigir-se ao SU mais próximo, o mais calmamente possível.
E acima de tudo... tentem não "panicar" como diria uma amiga minha...
A melhor da noite...
- Então mãe, diga lá quantas vezes a criança teve diarreia.
- Bem doutor, ela cagou uma vez... depois borrar-se toda, foi 3 ou 4 vezes.
Resta dizer que não teve paciência para esperar pelo resultado dos exames e foi-se embora...
Efeitos / benefícios - não foi utilizado um genérico, mas também não foi preciso ir ao laboratório, nem à ressonância; - a doença desapareceu de vez.
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A propósito de Genéricos e prescrições
Começando pela justificação da prescrição de não genéricos, penso que, a seguir ao direito de substituição pelos farmacêuticos foi das propostas mais hilariantes que ouvi nos últimos tempos. É perfeitamente compreensível que se tente poupar em determinadas áreas, nomeadamente com a quantidade de dinheiro absurda que o estado gasta em comparticipações, mas sem partir do princípio, como por vezes certas pessoas parecem fazer, que os médicos se estão perfeitamente a borrifar para o assunto. Ter que justificar a alguém de fora a razão pela qual se prescreve o medicamento X e não o Y é quase como ter que mandar uma carta ao SR. Ministro a explicar porque é que se optou pela técnica cirúrgica A e não pela B...... haja dó. Quase que dá vontade de dizer que se quer saber porquê que tivesse tirado o curso de medicina. Noutro dia alguém comentava que, no seu exercício de medicina privada, e depois de decidir que determinado doente precisava de mais um dia de internamento, alguém da companhia de seguros que ia pagar a intervenção ligou a perguntar porquê... acontece que esse alguém era um enfermeiro contratado para fazer esse tipo de perguntas ao telefone. Ao menos colocassem alguém com capacidade técnica e cientifica para poder depois avaliar se essa decisão se justificaria ou não.... Duvido que o ministério coloque médicos a avaliar a prescrição dos colegas, uma vez que na minha opinião nenhum médico deverá avaliar a prescrição de um colega sem conhecer detalhadamente o doente a quem a mesma se destinou. Mais ainda, se por um acaso esse outro colega pretendesse saber essa informação para os fins em causa estaríamos certamente perante uma situação de intenção de quebra de sigilo médico.....
A questão de prescrição dos genéricos e da sua falta de efeito é dúbia. Daí o médico, e mediante a sua experiência clínica, poder optar pelo genérico ou não e, mais ainda, poder optar pela marca A e não pela B de genéricos, isto porque pelo estudo que faz dos resultados nos seus doentes pode ter a percepção que estes reagem melhor a um do que a outro.... Agora não pode é dar um em detrimento de outro só porque tem um stock maior de um deles porque até conseguiu fazer um acordo simpático como distribuidor. Se calhar é por isso que os médicos não podem ter farmácias.... eh pah, se calhar é. Se calhar é porque o loby das farmácias é forte nesse sentido, eh pah, se calhar é.....não sei.
chegar à farmacia e pedir "aspirina genérica", não me custa, se a dor de cabeça não piorar já é bom sinal, se passar tanto melhor.
O que é pena é que cada vez mais se compactue com esta situação e muito boa gente vá ao "doutor da farmácia" queixar-se de dor de garganta e leva p casa o antibiótico de marca mais caro do mercado (quase sempre um de 2º ou 3ª linha) e depois vão ao médico pedir a receitinha p terem os respectivos descontos! Nestes casos alguma CULPA É DO MÉDICO por não educar os seus doentes (mas todos sabemos como é, lá vão dizendo olhe que para a próxima não passo, antibióticos são só para usar quando não é preciso, mas acabam muitas vezes por ceder). Mas a atitude dos farmacêuticos (ou dos técnicos que estão ao balcão) é crime: já todos vimos ou ouvimos estas histórias, mas já alguém viu alguém ser punido por isso? mas é vê-los todos a defender o valor da prescição médica quando se fala em vender "Ben-U-ron" ou "aspirina" nos Hipermercados..
"Ai!Ai!É a vida!"
CrisVSousa
Quanto aos genéricos, é óbvio que ninguém é inocente. Temos todos sido coniventes para deixar chegar as coisas ao estado em que chegaram.
O estudo publicado há dias sobre a comparticipação de medicamentos "á posteriori", que classifiquei aqui como escandaloso, é-o nas condições sociais que temos. Porque se garantíssemos a possibilidade de todas as pessoas terem dinheiro para comprar os medicamentos, se calhar era a melhor forma de libertar o estado do lobbie das farmácias, porque o cliente passava a ser mesmo o doente e não o estado.
E olha que o exemplo da Suécia é um bom exemplo, a toma de medicamentos também é um acto de saúde, e como tal deveria estar incluída no SNS a sua distribuição.
Gostava de compartilhar convosco a seguinte reflexão:
Façamos as seguintes contas
1 - Se o peso médio de 1 embalagem for 250gr (por excesso);
Se o custo médio de uma embalagem for 4.000 $ 00 (escudos) (por defeito)
Os 150.000 kg entregues nas farmácias correspondem a 480.000.000€ (euros)
Os 750.000 kg eventualmente deitados ao lixo correspondem a 2.400.000.000 €
2 – se a média de gastos, por parte do SNS, em comparticipações for de 234.000.000€ / mês
Então o deitado fora daria para pagar 10 meses de comparticipação
3- e ainda há neste país quem não tenha dinheiro para comprar os medicamentos receitados !
4- e continua a não chegar o orçamento do SNS !
- Hilariante é o senhor não saber o que significa o conceito "direito de substituição". Devia informar-se minimamente antes de aqui escrever...
- Os Farmacêuticos não são nenhum loby forte, quanto muito um lobby forte, embora eu prefira dizer uma classe bem organizada e eficiente (o que me parece positivo).
- Que evidências ciêntificas tem, por exemplo, para preferir a sinvastatina da Labesfal à da Alter ou a outra qualquer? Ajude-me que eu não tenho esses dados. Diga-me, por favor, onde vai buscar essas evidências, que estudos são esses. Serão secretos, só para almas iluminadas? Ou são evidências só suas, resultado de aturados estudos, seus, só seus, com cálculos farmacocinéticos exclusivos, monitorização sérica de fármacos, um cromatógrafo e tudo mais no seu consultório?
Quanto aos antibióticos julgo que os Farmacêuticos deviam ser severamente punidos. Assim como os médicos que os prescrevem sem ver o doente, por exemplo por telefone. São muitos, incluindo pediatras!
Sinceramente este texto, para além dos erros ortográficos e da arrogência ignorante com que dispara chavões técnicos dos quais o autor prova a seguir nem sequer conhecer o significado, para pouco mais serve que uma boa gargalhada pós-prandial... e, já agora, para divulgar pelos amigos!!!
PS - A margem de lucro das farmácias portuguesas é das mais baixas da Europa. E os genéricos, sendo mais baratos que os seus congéneres de marca, proporcionam um lucro absoluto menor... uma das razões do sucesso das farmácias em Portugal é precisamente o facto de terem como opositores pessoas com a amplitude de visão do autor deste post!
em falta de melhores argumento, alguns senhores resolveram brincar com os erros de ortografia. Pois bem podia refugiar-me no corrector do word mas não o farei. Saibam apenas que não recebo lições de duas pessoas que se refugiam em tais "causas". O mais engraçado é que sou acusado por vezes pelos meus pares por ser demasiadamente defensor dos genéricos... tem piada.... Não tenho é medo de ficar sem consultório só porque eventualmente uma pessoa com formação, ou não, noutra área, possa ser detentora de um sem ter que respeitar uma determinada distribuição por áreas.
Quanto ao facto de os farmacêuticos serem um lobby não me parece que possa ter conotação negativa, sendo até legítimo (a group of people who try to influence politicians on a particular issue - dicionário oxford...)
Quanto a saber distinguir genéricos do laboratório A ou B, meu caro génio e detentor de toda a teoria e técnica farmacêutica: há uma coisa que os senhores não aprendem a fazer e nem é suposto que aprendam, mas chama-se ouvir os doentes meu caro...
E já agora, também negam que os laboratórios de genéricos oferecem às farmácias um "prémio" de produtividade pelo número de embalagens vendidas? E que o farmacêutico pode alterar a marca de genérico prescrita (não é obrigado a ter todos os genérico em stock... nem 2... pode ter só 1) e servir assim ao cliente a que lhe "dá mais jeito" para atingir os objectivos de produtividade?
Quanto à bioequivalência dos genérico, o INFARMED garante que ela é semelhante. Mas o que se nota por esse país fora (nomeadamente a nível hospitalar) é que a eficácia clínica (que não é assegurada por um perfil de bioequivalência idêntico) de alguns é diferente. O mais falado é o caso das furosemidas, mas há mais... (os ibuprofenos, as amoxicilinas, etc.) E eu, (como julgo que ninguém) não sei qual deles é melhor do que o outro, daí o facto de dizer que é preciso mais informação. É preciso debater estes assuntos, é preciso analisar se as observações empíricas têm ou não tradução clínica. A bem dos doentes que estamos a tratar!
Quanto à margem de lucro das farmácias (e das companhias farmacêuticas), estou-me pouco borrifando se são altas ou baixas. Liberalizem o mercado que ele acabará por funcionar. E já agora algumas sugestões para baixa o peso da factura com medicamentos: vender embalagens unitárias (ou no número necessário para tratar); dispensar medicação crónica directamente das farmácias hospitalares, aos doentes seguidos no hospital (uma vez que os medicamentos comprados "em quantidade" pelas farmácias hospitalares ficam a menos de metade do preço da comparticipação que o estado dá aos medicamentos comprados nas farmácias; o estado comparticipar "apenas" o pelo preço do genérico mais barato; vender medicamentos de "venda livre" em locais que não farmácias (supermercados, hipermercados, etc.)
Quanto à dispensa de medicamentos sujeitos a receita médica, estamos conversados... devem ser punidos os farmacêuticos que o fazem e os médicos que são cúmplices.
Concordo na integra como que disseste. Acho que uma boa politica seria o estado comparticipar apenas um determinado produto de cada principio activo, cada dosagem, e de determinada formulação sendo os critério da comparticipação definido por um conjunto de factores que poderia incluir algo mais que meramente o preço.
Para quem tiver ficado com a ideia, errada, que penso que o papel dos farmacêuticos é estático, esclareço que a minha forma de ver as coisas é a oposta, ou seja, penso sim que ficar atrás de um balcão unicamente a servir mecadoria, isso sim está errado. Os profissionais dessa área estão sub-aproveitados, hoje em dia e(pela cada vez menor necessidade em se recorrer à farmácia de oficina nas farmácias "da comunidade") nomeadamente no que diz respeito à prevenção primária, aconselhamento, etc... Devem ser encarados como pareceiros e não como concorrentes. Pelo menos é esta a postura que tenho com os farmacêuticos que conheço e com os quais tenho por vezes trocas de conhecimento bastante interessantes. Não sei como é que é em Estarreja nem na Póvoa, mas confesso que gostava de saber. Acho também que neste tipo de discussões é importante separar duas coisas: 1.Discussão técnica dos problemas e, por palavras civilizadas discutir as coisas; 2.O interesse comercial dos farmacêuticos como proprietários, que muito legitimamente "defendem a sua dama", mas que têm que compreender que haja quem ache que o monopólio não é a melhor solução.
Para terminar: a quem me acusa de falta de visão, apenas posso dizer que tenho mente mais aberta à discussão do que aquilo que o senhor possa pensar, e relativamente ao facto de se congratular com os adversários que tem, pense que não são adversários, podem ser parceiros se o senhor mudar de postura relativamente a quem o confronta, e talvez, por pouco que seja, aprender com eles.
O que é certo é que por vezes me irrito - fico chateado, com certeza que fico chateado - quando leio enormidades sobre a profissão farmacêutica. Principalmente quando vindas não do Zé das Iscas mas de outros profissionais de saúde, médicos neste caso, eles próprios expostos a ataques quantas vezes injustos e desinformados.
Foram aqui feitas afirmações erradas e descabidas, que revelam um enorme desconhecimento e um forte preconceito relativamente às Farmácias e Farmacêuticos.
Talvez mudassem de ideias, de atitude, se falassem, calmamente, ouvindo, as razões e as posições dos boticários. Não vão na conversa fácil dos lobbys e dos lucros fabulosos. Olhem que o adversário não está desse lado.
O Ben-u-ron só pode ser dispensado com receita médica, é um MSRM! Sabiam?
Agrada-me ver que começa a haver mudança de tom nas palavras, provavelmente depois de passada a irritação inicial e penso que isso só pode contribuir para o esclarecimento de situações que podem ser muito bem debatidas neste blog.
Há duas questões aqui. Uma é a do farmacêutico e suas competências que, a meu ver devem ser encarados não como um adversário, mas antes (e penso que isto é obvio e aceite por toda a gente minimamente inteligente).
Outras questão é a das farmácias. Eu não vejo mal nenhum no facto de as farmácias tentarem ter lucro (são um negócio como qualquer outro e muito legitimamente tentam o melhor). Inevitávelmente, e pelo facto de serem propriedade exclusiva de farmacêuticos, tem que se falar também destes quando se aborda o ponto em questão.
E os Enfermeiros não têm competência para tal? O amigo desconhece as capacidades dos Enfermeiros...
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sexta-feira, janeiro 28, 2005
Lembro-me muitas vezes...
República da Irlanda - Maio 2004
Uma das mais fantásticas zonas litorais do mundo. Aqui, a península de Dingle com a "Ryan's Daughter beach" em plano de fundo. E um mar azul... mas azul forte para contrastar com aquele azul-esverdeado dos trópicos. A República da Irlanda, é a combinação perfeita entre a terra e o mar. Entre o verde das terras férteis e o azul profundo das águas frias. Não é por acaso que lhe chamam a "Ilha Esmeralda".
E o seu povo devia também ser um exemplo para o resto da Europa. Em menos de um século, passaram da imigração em massa por falta de comida (criando também uma cultura irlandesa além-mar) para uma das mais prósperas economias de mercado...
Vale a pena a visita! Para ver e rever...
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quinta-feira, janeiro 27, 2005
Boca foleira!
Que blog indecente!!!!
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quarta-feira, janeiro 26, 2005
Uma lição...
Obrigado amigo Chaleco por esta lição... uma entre tantas!
terça-feira, janeiro 25, 2005
Crime ou não crime? Ou a dúvida sobre o aborto...
A questão básica limita-se a um conflito entre 2 direitos: por um lado o direito à vida humana desde o seu início; por outro lado o direito da mulher a dispôr do seu próprio corpo. Mas, encerra muitos mais problemas dentro destes. Mas vamos por partes...
O direito à vida, esbarra logo e de forma importante na definição, no conceito de vida humana. Desde quando se considera vida humana. Desde o momento da fecundação, dizem os mais radicais. Desde as 12 semanas, quando existe sistema nervoso, dizem outros. Ao nascimento dizem alguns. Outros há que acham que é só aos 2 anos de idade, quando a criança atinge a consciência da sua existência. Depois existem as variantes, da vida em potencial, mas o que é vida em potencial? Ao nascimento, em que existe potencial de vida, mas a criança tem de ser cuidada e alimentada para sobreviver? Desde que se passa de embrião para feto, quando todos os órgãos estão formados e existe portanto um ser em potencial, mas que necessita do útero materno para se desenvolver? Desde a fecundação ou da nidação, em que existe já uma célula diplóica, com todo o material genético e a capacidade para se desenvolver e transformar num ser completo. Ou num óvulo e num espermatozóide, que têm em si próprios capacidade para gerar vida caso se conjuguem.
Temos portanto que aquilo que se considera eliminação de uma vida ou do seu potencial, pode ir desde os mais fundamentalistas na masturbação (ou até mesmo numa menstruação), passando pelas várias etapas de desenvolvimento do novo ser (embrião, feto), terminando no momento do parto (felizmente, nunca ouvi niguém considerar o infanticídio como "aborto").
Temos portanto que qualquer posição acerca da IVG (interrupção voluntária da gravidez) que seja baseada no conceito de vida humana, tem desde logo este problema para resolver.
Na minha opinião pessoal, vida humana deveria ser considerada a partir das 34 semanas de gestação (minimo a partir do qual o feto, sobrevive fora do útero materno).
Depois temos a questão da maternidade e paternidade responsável. A utilização (ou pelo menos a decisão de não utilização) de métodos anticoncepcionais é fundamental para qualquer pessoa que queira viver uma sexualidade saudável (já nem sequer falo das DST's). Existem já alguns métodos anticoncepcionais por alguns considerados abortivos (DIU, pílula do dia seguinte, p. ex.), uma vez que não impedem a fecundação. Existe também a falência dos métodos anticoncepcionais, mesmo que correctamente utilizados. E existem também os casos em que os métodos anticoncepcionais, pura e simplesmente não são utilizados (também denominada irresponsabilidade).
Temos ainda a questão do direito da mulher a dispôr do seu próprio corpo, que choca directamente com o direito à vida do feto e pode ou não chocar com o direito à paternidade do pai. Contudo, uma gravidez, não deixa de ser algo exclusivamente feminino, que apenas é vivido e sofrido pelas mulheres, sendo que em última análise, deverão ser estas a decidir se querem ou não viver esta experiência.
E poderíamos ainda "desenvolver" estes direitos contraditórios ou estas definições polémicas... Mas corria o risco de não acabar esta mensagem antes do fim-de-semana.
Passando então à criminalização/descriminalização da IVG... Existem já vários motivos, pelos quais é lícito interromper uma gravidez (violação, malformações genéticas, risco de vida para a mãe). Por outro lado, a criminalização do aborto, não leva a uma diminuição da sua prática; leva apenas à hipocrisia de os abortos serem feitos na clandesitinidade (com a complacência das autoridades), com risco de vida para as grávidas (ou seria ex-grávidas) e com julgamentos ridículos em que são "contornadas" as leis à medida das conveniências. Mais ainda, a descriminalização do aborto, não obriga a que alguém o faça, dando a liberdade de o fazer a quem o desejar. Muitos argumentam que também não é por descriminalizar o homicídio que se obriga as pessoas a assassinar alguém, e que não passa pela cabeça de ninguém descriminalizar o homicídio - o que mais uma vez nos leva à definição de vida humana (e pode-nos levar à discussão sobre a eutanásia). Por outro lado, temos os que defendem que a IVG não deve ser usada como método anticoncepcional, e que as pessoas têm é que ter cuidado antes... (ficando de fora as falências dos métodos anticoncepcionais - os chamados azares - e corrigindo um erro - a falta de cuidado - com outro possível erro - a colocação no mundo de mais um ser não desejado, que poderá não ter condições de vida minimamente aceitáveis - o que também é refutado com exemplos de abortos que não foram feitos e foram felizes a vida toda...)
Em conclusão, a minha posição relativamente ao aborto é: descriminalizar a IVG, assegurando que existe de facto educação sexual para os jovens; nenhum profissional de saúde seja "obrigado" a executar uma IVG se considerar que isso vai contra os seus princípios; as mulheres que o façam tenham acompanhamento psiquiátrico prévio, que se assegure da "vontade" absoluta de tomar tal decisão.
Choca-me viver numa sociedade que recorra à IVG como método anticoncepcional. Eu não o faria e enquanto médico, reservo-me sempre o direito a não o fazer (excepto em casos de malformação, violação ou perigo de vida para a mãe). Contudo, penso que não tenho o direito de impedir que os outros o façam (desde que conscientemente) e que o possam fazer em condições que não ponham em risco a sua saúde, até ao momento em que considero existir vida humana - aqui passaria a ser crime... Gostaria de acreditar (embora por vezes seja difícil) que qualquer mulher que o faça, seja apenas em circunstâncias de desespero extremo e que o simples facto de o fazer seja já um fardo e um "castigo" que carregará para o resto da vida e gostaria também de pensar que para o ser "não-nascido", é preferível não nascer do que levar uma vida miserável...
Na minha simples opinião (embora ninguém tenha perguntado) o aborto deve fazer parte da decisão de quem quer ter ou não um filho, e poderia dar aqui imensos exemplos (mas vocês médicos melhor do que eu conhecem)para tal ser ou não feito.
Mas acho que o amadurecimento de uma mulher e a vontade de ter ou não um filho será para mim o mais importante.
Sem entrar nas polémicas de bons ou maus pais, ou se são mais pais os biológicos ou os que dão amor, mesmo não sendo biológicos.
Acho que ter um filho é uma "profissão" a tempo inteiro. É o saber abdicar de "si" enquanto ser e passar a pensar principalmente nele "ser" (depois de nascer claro) e para isso é preciso preparação e vontade.
Mas esta é só a minha opinião.
I.
O simples facto de "existir" uma caixa de comentários, é uma forma de pedir a opinião de todos por quantos aqui passam... E um dos nossos objectivos é estimular a troca de ideias... só da discussão nasce a luz! Continua a passar por cá e a "mandar bitaites"!!!
Quanto a ser efectuado no SNS, acho que sim. Por 3 motivos.
1. Pelo que disseste de as pessoas pobres continuarem a recorrer a vias clandestinas.
2. Porque assume-se que não é um "capricho" mas sim um problema de saúde pública e portanto deve ser garantido pelo estado.
3. Porque se não entrávamos na discussão de os fumadores também pagarem os seus cuidados de saúde (porque também são "culpados" pelo seu estilo de vida).
Duas coisas: como sabes, a fronteira das 34 semanas é um pouco tipo feriado móvel, quer a ciência quer outras considerações podem alterar um pouco esse limite.
E a frase final do teu post, como sabes também, merece algum cuidado para não entrarmos em soluções eugénicas...
Depois, tenho grandes dúvidas quanto ao efeito da lei de descriminalização quanto a evitar abortos clandestinos por parte de um bom número de mulheres que escondem o seu estado, e o escondem da família como o escondem do médico onde não vão fazer consultas de planeamento familiar, por exemplo. Ou seja, a promoção de uma educação sexual a sério é essencial.
Finalmente, o argumento usado de que "penso que não tenho o direito de impedir que os outros o façam (desde que conscientemente)" depende directamente do que em primeiro lugar disse: de definir o que é vida humana. Essa é a definição essencial para tudo o resto, a meu ver.
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Numa hora fez o que 100 polícias não conseguiram fazer!
Mas... não foi esta mesma TVI que aqui há umas semanas entrevistou este Piçarreira? E que o "encobriu" das autoridades? Onde está o "dever cívico" de denunciar criminosos? E se o pobre desgraçado que foi atacado pelo Piçarreira, em vez de levar uma facada e safar-se tivesse morrido? Será que o Sr. Jornalista da TVI que encobriu o criminoso e permitiu que ele continuasse a monte, fugido da Polícia, seria indiciado como "cúmplice" pelo crime???
Que país este, onde se podem esconder criminosos atrás do "sigilo profissional" e da "protecção de fontes"!
Eu não acho que não deve existir protecção de fontes. Acho é que tem de haver responsabilização, porque também sabes tão bem como eu que a protecção de fontes, serve muitas vezes para "esconder" boatos ou quebras de sigilo de outros profissionais...
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Outra vez o ceguinho...
É... foi a mesma pessoa que ontem, «pediu mais empenho dos partidos políticos em debater os problemas concretos do país e menos preocupação na discussão de temas "cujo destino comum é inevitavelmente o do desaparecimento como espuma, mediática mas inconsequente".» e «"seria uma pena que, perante os graves problemas que nos afectam, este período fosse uma vez mais desperdiçado em querelas e iniciativas meramente tácticas e eleitoralistas". "Aquilo que verdadeiramente importa aos portugueses e à sociedade portuguesa são os problemas da justiça, da educação, do desenvolvimento e do emprego".»
Então um PR que dissolve uma AR por incidentes e declarações (o que é isto se não um fenómeno mediático?) vem agora pedir que os partidos debatam temas "de fundo"?
Haja coerência.
Já agora, a propósito do emprego, sabiam que a taxa de desemprego em Portugal é mais baixa do que a Média Europeia??? E 30% inferior à de Espanha, França e Alemanha?
Quanto à nossa maravilhosa taxa de desemprego: ainda bem que desta não somos os últimos!!! Mas há que colocar as coisas em perspectiva. Um casal em Espanha (França, Alemanha...) consegue viver apenas com um ordenado. Em Portugal é muitas vezes complicado (sobre)viver com dois!!!
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segunda-feira, janeiro 24, 2005
A minha bússola política
Esquerda/Direita: 0.38
Autoritarismo/Libertarianismo: -4.21
E vocês, onde estão???
domingo, janeiro 23, 2005
Descubra as diferenças
A criança tem agora 7 anos, é orfã de pai e mãe e tem graves complicações da sua imunodeficiência.
Outra mulher, 27 anos. Prostituta. Toxicodependente. HIV positiva. Quinta gravidez de pai desconhecido. Gravidez não vigiada. Chega ao SU de um hospital em trabalho de parto. Parto decorre de forma natural. Sem profilaxia da transmissão vertical do HIV. Consta que lhe terão feito uma histerectomia. Continua a "consumir" e "na vida". A criança, tem um sorriso... de criança. Tem 2 anos e está entregue a uma instituição.
Um falhanço da medicina e dois falhanços sociais...
De qualquer maneira, trágico sempre...
http://zonafranca.blogspot.com/
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sábado, janeiro 22, 2005
Não come, vomita e tem febre
Não come, vomita e tem febre.
Não come, vomita e tem febre.
Próximo!!!
Que surto de gastroenterites! Uma urgência inteira a ouvir estas "queixas": "não come, vomita e tem febre". Lá para as 7 da manhã já não havia paciência - que me desculpem os pais e as crianças, pela minha cara de "sono" e "rabugento"!
Mas entre estas gastroenterites Bennetton (todas iguais, todas diferentes), ainda houve alguns momentos de "riso".
O maior risco de uma gastroenterite vírica (como estas) é a desidratação, por isso o passo inicial muitas vezes é perceber se a criança consegue tolerar líquidos. Para isso, faz a chamada hidratação fraccionada (beber uma colher de soro em cada 3 ou 4 minutos). Muitas vezes esta simples hidratação lenta, é suficiente para resolver o problema da hidratação e dar tempo ao organismo para "recuperar". Mas algumas "mães" não entendem isto desta forma e pensam que se a criança não tolerar os líquidos é "despachada" mais depressa (o que não é verdade pois poderá ter de "ficar a soro"), ou então pior, porque querem a toda a força que a criança fique a soro, mesmo que não precise.
Então, uma conversa de duas mães na sala de espera.
- Mas olhe... dê o copo todo de uma vez à criança, que assim ela vomita logo!
Ou então, uma mãe que entra com a filha ao colo, com um sorriso de "orelha a orelha" e diz:
- Já está Sr. Doutor. Já vomitou! Quer que ela vomite outra vez?
E olha de lado para a filha, aperta-lhe a barriga e... lá vai outro vómito!
Ah... e claro, aqueles saudáveis que lá foram, porque "tiveram um pesadelo", ou porque "acho que ele há 1 semana que não come bem", já lá devem estar de novo... desta vez com "não come, vomita e tem febre", contaminados na Sala de Espera!
Próximo!
Não come, vomita e tem febre.
Não come, vomita e tem febre.
Não come, vomita e tem febre...
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Estado de Graça
Ora muito bem, algo em que estamos de acordo. Os dois últimos governos foram governos reformistas e que em 2 anos e meio, fizeram mais do que os governos socialistas em 6. Pode-se ou não concordar com as políticas e com as ideias, mas o facto é que foram efectuadas reformas, que agradarão a alguns e a outros não, mas que foram consideradas necessárias, pelo governo democraticamente eleito através da Assembleia da República.
Contra as críticas que se fazem às políticas do governo, eu não me oponho - aliás, nem posso, porque as opiniões são como as vaginas... - o que me faz insurgir é a "campanha" de alguma comunicação social e de alguma "oposição" que tenta criar confusões e trapalhadas a toda a hora. É certo que Durão Barroso foi um primeiro-ministro competente. É também um facto que Santana Lopes, tem um estilo mais polémico e mais "confuso", mas também é certo que o governo não teve "estado de graça".
Os governos do PS tiveram 6 anos de estado de graça e foram-se embora quando se sentiram completamente perdidos e tinham conduzido o país para uma situação da qual não se conseguiam libertar. O governo de Durão Barroso teve aí uns 6 meses de estado de graça. Já o de Santana Lopes, não teve sequer 6 segundos - mesmo antes de começar já lhe estavam a ser apontados defeitos.
Insurjo-me também contra o que considero um autêntico "golpe de estado democrático" por parte do cenoura. Que me lembre, nas eleições de 2002 ninguém votou em Durão Barroso. Quem votou, votou para eleger um parlamento, que por sua vez elegeu um governo. Ou seja, o actual governo tinha toda a legitimidade democrática para governar até ao fim do seu mandato. Por muitas asneiras que fizesse!!! E que não fez... As "trapalhadas" e as "contradições" são reais, mas muito amplificadas pela comunicação social. O caso Marcelo (facto político criado pelo próprio), o caso Chaves, e outros que mais. Já em questões de fundo, foi um governo, na minha opinião competente. Mostrou coragem para decidir e efectuou reformas importantes - Lei das Rendas, Orçamento de Estado (diminuição do IRS e benefícios fiscais), obras públicas, administração da TAP, etc...
O que não admito é que um personagem que viu os governos socialistas (des)governarem a seu bel-prazer, impávido e sereno, venha a dissolver uma Assembleia da República, sem fundamentos sérios e credíveis e não deixando que o Governo seja "julgado" pelo povo no final do "ciclo democrático", no final dos quatro anos de legislatura da AR.
Um dos princípios básicos da democracia é aceitar a vontade da maioria, que foi o que Sua Excelência o Presidente da República não fez... A maioria dos portugueses elegeu esta AR por 4 anos... não até que o PR se lembrasse de a dissolver! Daqui a 1 mês, o povo dirá de sua justiça, mas no caso (actualmente muito improvável devido à "conjuntura") de ser de novo dada maioria parlamentar à direita, espero que se tirem as devidas consequências e que o cenoura tenha a decência de se demitir, por ter feito perder tempo e dinheiro a todos os portugueses!
Parabéns à Senhora
Mas eis que, à saída deparamos com um jornal (qualquer coisa do Minho), onde se podia ler na primeira página: D. Belmira faz 102 anos (ou algo assim do género...).
Começando a ler o texto, encontrava-se algo parecido com isto: D. Belmira, completa hoje pela primeira vez, 102 anos...
Parabéns então à Sra. E cá estaremos para a congratular de novo, quando fizer 102 anos pela segunda vez!!!
quinta-feira, janeiro 20, 2005
O Médico e o Padre
-Ó Sr. Doutor, há tanto tempo que não o via! Ainda no outro dia estava a falar com o meu homem sobre si. Está a trabalhar aonde? E está tudo bem? Ai, está tão crescido. Ainda me lembro de quando era pequenino. Olhe, um dia destes tem de vir cá a casa almoçar connosco, já estou farta de dizer à avozinha...
-Sim, temos de combinar is.....
-Ah pois temos, pois temos Sr. Doutor. Tenho muito gosto em que cá venha. Tem de vir mesmo, tem de vir mesmo. Ainda no outro dia esteve cá a almoçar o Sr. Abade, agora já só falta o Sr. Doutor!
UE elogia reformas mas pede resultados
Isto tudo feito por dois governos apelidados de incompetentes, inconsequentes, trapalhões e cobardes... não é nada mau!
Segundo a UE Portugal deve:
- Assegurar a sustentabilidade de longo prazo das finanças públicas e continuar as reformas das pensões, do sistema de saúde e da segurança social.
- Intensificar medidas que aumentem a produtividade e supervisionar a implementação das iniciativas já levadas a cabo.
- Continuar a melhorar o ambiente empresarial através de um reforço e um controlo apertado das medidas já tomadas.
- Acelerar a transposição de directivas no mercado interno.
Aumento de propinas afasta mil alunos do Minho
O aumento de propinas afastou cerca de mil alunos da Universidade do Minho (UM), revelou o reitor Guimarães Rodrigues. Desde 2002, “cerca de 800 alunos, que estavam inscritos e que tinham duas ou três cadeiras para concluir o curso, resolveram acelerar para terminar a licenciatura”, declarou ao programa Rádio - Universidade, uma parceria TSF/DE, emitido no sábado. É esta a explicação avançada para a diminuição do número de estudantes que acabou por ser a justificação do Governo para um corte orçamental de 2,4 milhões de euros nas transferências do OE para 2005. O reitor garante que “há mais saída de alunos porque terminaram o seu curso e não uma baixa de procura”.
Apesar de reconhecer que é difícil quantificar, Guimarães Rodrigues admite que este ano lectivo cerca de “200 alunos tenham abandonado a UM por causa do aumento das propinas”.
Ou seja, dos 1000 alunos afastados, 800 foram porque "resolveram acelerar para terminar a licenciatura" - leia-se acabar o curso. É tão aborrecido pagar propinas... Veja-se lá que até estimula os alunos a acabar o curso...
quarta-feira, janeiro 19, 2005
O Dia em que "passei" uma doente à frente
Quando chegou a hora de "ver outra ficha", resolvi consultar os "motivos" da triagem de Manchester para aquela classificação, visto que entre os doente, poderia haver algum que necessitasse de atendimento mais rápido. É então que, a meio do monte de fichas, encontro uma jovem de 30 anos, descrita com: "hemiparésia esquerda" (ou seja, diminuição de força nos membros esquerdos). Foi resolvido chamá-la de imediato, uma vez que, caso se tratasse de um AVC (um dos diagnósticos possíveis) e dada a idade da doente, poderia ser tentada uma terapêutica "eficaz", desde que fosse iniciada muito em breve. Uma "trombose" é sempre dramática, mas numa pessoa jovem, que terá que conviver com ela durante 40 anos ou mais, torna-se ainda mais insuportável. Por isso, tinha já o "esquema mental" todo preparado para "diagnosticar" o possível AVC e propôr a doente para trombólise (terapêutica que pode "reverter" a trombose).
Qual não é o meu espanto quando chamo a doente - não sem antes ser insultado por metade da sala de espera, que diziam "ela ainda agora chegou" - ela se dirige a mim, a mancar ligeiramente, mas a andar sem aparente hemiparésia. Sento-a numa maca e começo a "tirar a história": desde manhã, quando acordou que tinha uma dor no joelho; que pôs uma pomada e melhorou, tendo mesmo ido trabalhar. Quando chegou do trabalho, sentou-se e adormeceu, sendo que quando acordou a dor no joelho estava pior e custava-lhe andar... porque lhe doía o joelho! Afinal a hemiparésia e o possível AVC (felizmente para ela) não passavam de uma "dor no joelho".
Foi encaminhada para o ortopedista e chamei a doente seguinte... pela ordem de chegada!
Parabéns pelo vosso blog! Está excelente!!!
Em relação ao vosso post... também tenho visto algumas pequenas barbaridades na triagem (nomeadamente doentes enviados para os laranjas com patologias que não são laranja de maneira nenhuma)... No entanto, assim, nunca vi nenhuma!!! ;)
Um abraço
«Inicial
segunda-feira, janeiro 17, 2005
Diz a verdade para mim!
Fez os exames necessário e descobriu-se que o seu problema era devido a ter "pedra na vesícula": uma das pedras tinha migrado e entupido na via biliar. Era uma doença de óptimo prognóstico. Fica internada para tratamento e inicia a avaliação pré-operatória. Durante o internamento fica colocada ao lado de outra velhinha, com um problema de saúde semelhante: uma colecistite - inflamação da vesícula biliar, mas sem infecção. Durante os dias de tratamento ficam grandes amigas. Ao fim de uma semana, estão perfeitamente bem, mas como se conseguiu vaga para as operar na segunda-feira seguinte, mantêm-se internadas. É-lhes dada a possibilidade de irem de fim-de-semana e voltarem na segunda-feira. Como ambas moravam sozinhas, resolvem ficar (as duas) para fazer companhia uma à outra.
Na segunda-feira, são operadas as duas. A mais simples, por via laparoscópica (através de uns tubos e uma câmara de vídeo colocados dentro da barriga). À "velhinha" é-lhe explicado que tem que se abrir a barriga, porque apesar de a "pedra" já ter sido expulsa, é preciso explorar o canal, para ver se não ficou lá mais nenhuma. Logo aí, concorda, mas fica algo desconfiada: "Doutor, diz para mim. Tenho alguma coisa de mal dentro de mim?" Digo-lhe que não, que aquele é o procedimento habitual, para não se preocupar que uns dias depois da operação fica tudo bem. É finalmente operada por via clássica (de barriga aberta), mas como existem algumas dúvidas durante a cirurgia, opta-se por colocar no canal biliar um dreno para o exterior.
Na manhã seguinte encontro as duas perfeitamente acordadas e sem dores. A "nossa velhinha" olha-me muito séria e diz: "Doutor, você mentiu para mim... Eu tenho alguma coisa de ruim. Diz a verdade para mim". Lá lhe explico o que se passou e que o dreno foi colocado por precaução. Que passados uns dias podia ir para casa e passadas cerca de 3 semanas podia vir tirar o dreno.
E assim foi. Passados 3 dias, tinham alta as duas (duas das doentes mais simpáticas com que contactei, por sinal. Gente simples, mas educada e interessada) risonhas e bem-dispostas. Trocaram números de telefone e prometeram-se visitas...
Passado cerca de uma semana, aparece-me no serviço preocupada. Que teve outra vez febre e dor no hipocôndrio. Fazemos uns exames e está tudo bem. Vai de novo para casa, com a indicação de voltar, se alguma coisa acontecer. Lá vai, não muito convencida. Mas não sem antes perguntar de novo: "Doutor, diz a verdade para mim. Tenho alguma coisa de mal?" Explico-lhe de novo que não, que por vezes são reacções que ocorrem aos drenos. O dreno, por sinal, está em bom estado e a drenar cada vez menos.
Às 3 semanas, volta. Tudo correu bem e quer saber se pode tirar o dreno. Opta-se por manter mais uma semana, visto que ainda drena um volume importante. Fica de novo desconfiada e diz: "Doutor: você está mentindo para mim... Eu tenho mas é alguma coisa má!" De novo é assegurada que não. Que está tudo a correr de uma forma normal. Programa-se novo internamento para a semana seguinte, para retirar o dreno.
Regresa na semana seguinte para retirar o dreno. É necessário fazer um novo exame, para saber se o canal está permeável e se se pode tirar o dreno em segurança. Marca-se o exame para o dia seguinte. Corre tudo bem, e durante o exame o Radiologista, perde algum tempo a explicar-nos as imagens que se vêem. Quando regressa ao internamento pergunta-me: "Doutor. Eu vi você a falar muito tempo acerca do meu exame. Tem alguma coisa de mal? Diz a verdade para mim". Desta vez não consigo conter um sorriso e asseguro-lhe mais uma vez que está tudo bem e que no dia seguinte pode tirar o dreno. E assim é. Retira no dia seguinte e mais um dia depois, tem alta definitivamente "como nova".
Despeço-me dela enternecido. Ao que lhe digo: "Adeus D. Alice. Desta vez é de vez...", ao que ela me responde: "Espero que sim doutor, mas eu venho fazer uma visita para você!"
Eu também não a censuro por perguntar, até porque o fez sempre de uma forma correcta, mas não posso deixar de "sorrir" quando me lembro dessa incredulidade.
«Inicial
Sim, onde estava?
"Onde estava a Comunicação Social quando Mário Soares prolongava as visitas
oficiais a Paris para comprar livros? Onde está agora, para criticar o passeio
de Jorge Sampaio e mais 250 magnatas pela muralha da China?"
Comparado com esta visita à China, os "mergulhos para exploração de petróleo no mar de S. Tomé e Príncipe são uma brincadeira de meninos. Ainda não é claro para ninguém (curiosamente nem para os partidos de esquerda), o que é que o cenoura foi fazer à China com tantos empresários (à custa do erário púlbico)? Estimular cooperação bilateral? Estimular o crescimento económico? Quem ganha com isso? Os portugueses que vão ficar desempregados, devido à deslocalização de empresas patrocinadas por Sampaio? Ou os empresários a quem foi oferecida uma viagem à China? (Note-se só, que quanto à viagem do Presidente da República, sou totalmente a favor. É um estímulo à cooperação bilateral e às relações diplomáticas... não precisa é de levar tantos amiguinhos atrás!)
Só mais uma pergunta: Será que foi Mário Soares a pagar a viagem às Seychelles para andar de tartaruga?
domingo, janeiro 16, 2005
Regressão
No início tudo correu bem. Depressa arranjaram emprego. Nas primeiras semanas tiveram o apoio de um primo que lá estava. A vida estava a melhorar e a sua filha, cada dia tinha novas habilidades para mostrar. Primeiro começou a fixar neles o olhar, depois começou a sorrir, mais tarde, começou a levantar a cabeça. Para esta jovem família, parecia que estava reservada um final feliz, aquele final próprio das histórias em que o bem acaba por triunfar.
É então que a mãe começa a reparar que há algo de anormal na sua filha. Primeiro começa a "atirar a cabeça para trás". Os amigos diziam que era um jeito. Depois começa a esticar os braços e a "virar as mãos para fora". Tudo vai evoluindo em poucas semanas. Os sorrisos diminuem. O tempo passado nesta postura estranha aumenta. Começa a contrair o corpo todo, com a cabeça "atirada para trás". Cerca de 3 semanas tinham passado, quando começam a achar que, se calhar não era só um "jeito". Resolvem levá-la ao médico; privado lá na Suiça. Diz-lhes que não sabe o que tem a filha, mas que pode ser grave e por isso o melhor é regressarem a Portugal (empurrados claro está para o "estado previdência" - que é por isso que os outros são ricos!).
Regressam de imediato. No dia seguinte estão no aeroporto e daí seguem directamente para o Hospital. Nem em casa passam. A bebé (agora com 7 meses) entra silenciosa. Em opistótono (o que quer dizer que todo o seu corpo está assente na nuca e nos calcanhares) e em postura de descerebração (os braços esticados com rotação dos pulsos para fora), o que traduz uma lesão gravíssima do sistema nervoso central, provavelmente irreversível. Contudo, passados alguns minutos, está mais reactiva e já com uma postura normal. Esta alternância entre um estado praticamente normal e outro de profunda lesão do sistema nervoso é muito raro.
O diagnóstico desta menina, ainda ninguém sabe. Esperam-se que os resultados dos exames auxiliares de diagnóstico venham trazer alguma luz sobre o que se passa. O que parece certo é que dificilmente esta criança voltará a ser normal. A regressão de capacidades que tinha adquirido e os défices neurológicos que apresenta, assim o indicam.
A doença é sempre cruel, principalmente quando é grave, mas quando atinge desta forma vidas tão jovens é ainda mais horrível. Esperemos que a Medicina possa pelo menos aliviar este sofrimento...
Mas NUNCA me passou pela cabeça que viesse posteriormente a ter problemas de desenvolvimento ou outros do género(não conheço os termos médicos. Acho que nenhum pai está preparado para isso.
Triste sina a destes pais. Boa sorte para eles e que tenham um grande apoio dos muitos e bons profissionais que por aí trabalham e ajudam quem tem filhos nestas condições.
I.
«Inicial
sábado, janeiro 15, 2005
Mais uma vez, A CULPA É do médico
Obviamente que A CULPA É do médico, esse ser ignóbil e mentiroso, que em troca do dinheiro da consulta (pelo trabalho que está a efectuar), ou mesmo em troca do facto de não ser insultado no Centro de Saúde, de ânimo leve atesta uma doença por SUA HONRA. A culpa não é dos milhares de professores, que PEDIRAM esses falsos atestados. Se em alguns casos, os médicos têm obrigação de distinguir entre um pedido correcto e um fraudulento, os "requisitantes" dos atestados sabem SEMPRE quando isso corresponde ou não à verdade.
Longe de mim defender os profissionais médicos que, de facto, passaram atestados médicos falsos. Em todas as circunstâncias em que isso se prove, devem ser condenados pelas entidades competentes. Mas, ainda alguém me há-de um dia explicar, como se comprova clinicamente uma dor (entidade subjectiva percepcionada pelo doente) de costas, uma dispneia (sensação subjectiva de "falta de ar"), ou uma depressão. Existe toda uma série de entidades clínicas, cujo diagnóstico depende não daquilo que demonstram os exames auxiliares de diagnóstico, mas sim da avaliação clínica. E esta avaliação clínica tem de ser baseada naquilo que o doente diz, e na presunção de que o doente fala verdade. Nenhuma "junta médica" pode provar que uma pessoa não tem uma Depressão, ou uma perturbação da Ansiedade, ou mesmo uma Lombalgia.
Uma coisa é o médico, tendo consciência de que a pessoa que tem à sua frente não tem qualquer problema, ateste a sua doença. Outra coisa bem diferente é o médico, atestar a doença, baseado nas queixas que a pessoa lhe apresenta. O primeiro caso, encerra uma fraude em si mesmo. O segundo, dependendo da "história" apresentada, representa no máximo um "desleixo" ou "ingenuidade".
Ou seja, o próprio sistema de "atestados médicos" (ainda para mais, requeridos para tudo e mais alguma coisa, conforme já foi aqui apresentado - mas isso é outra história) encerra em si mesmo um enviezamento potencialmente fatal: o médico, atesta por sua honra, algo do qual na verdade, não pode ter absoluta certeza. Desta forma, a responsabilidade pelo atestado tem de se diluir entre o médico e o doente, pelo que será praticamente impossível provar a fraude e atribuir a culpa: o médico atestou sabendo que a doença não existia (e aí a culpa é dele) ou atestou porque acreditava que a doença existia e foi enganado pelo doente (e aí a culpa é deste)?
Talvez seja altura de repensar todo o sistema de atestados de doença. Uma sugestão apenas: quem atesta a doença é o próprio doente, ficando reservado para o médico o papel de relatar as doenças ou suas consequências, com base em factos objectivos - tem ou não hipertensão, tem ou não uma pneumonia, tem ou não uma neoplasia, etc... Desta forma pelo menos, a haver fraude, ficamos a saber verdadeiramente de quem é a culpa.
Para já, aposto que nada se vai provar - nem contra os médicos, nem contra os professores (sendo que estes, mesmo não sendo totalmente responsáveis, têm pelo menos o estatuto de cúmplices nos atestados fraudulentos) e temo que mais uma vez a CULPA vai morrer solteira...
Esta história faz-me lembrar o "caso Melancia", em que há corrompidos sem haver corruptores!!!
Haja bom-senso e que se punam os culpados (os médicos fraudulentos também, mas que não sejam só estes a pagar!)
«Inicial
Podiam pedir ao cenoura para inaugurar...
China quer construir auto-estrada flutuante até Taiwan
A China quer mostrar ao mundo a sua soberania sobre Taiwan e propõe-se avançar com um projecto de engenharia épico: construir uma auto-estrada que ligue o país àquela ilha. O ministro das comunicações chinês anunciou que serão investidos mais de 241 mil milhões de dólares para erguer 34 auto-estradas nos próximos 20 a 30 anos, uma das quais ligará a China a Taiwan, "através de um túnel ou algo no género".
Será que não podiam pedir ao cenoura para a inaugurar? Podia ser que ficasse por lá! Sempre podia ir pregar estabilidade para Taiwan... ou então rezar pela estabilidade da dita... a ponte!
Tenho lido com agrado este vosso interessante blog, mas não pude deixar passar em claro este seu último post.
Além do absoluto ridículo da associação que aqui tenta estabelecer, totalmente infundamentada e desprovida de sentido lógico, parece-me que começa a prefigurar-se como profundamente deselegante e de uma séria falta de educação, a forma como vem recorrentemente designando o nosso Presidente da República, concorde ou não com as ideias dele.
Esperando que continuem com o espírito crítico,
Elisabete Maria Pereira
(Setúbal, Professora de Português)
«Inicial
Ministro Chinês
O desabafo é da muito jovem e muito bem disposta professora de Português da Universidade da Comunicação de Pequim. "O mais difícil da vossa língua são os
erres, um som que nós não temos".
Está tudo explicado... A dificuldade em dizer os erres de um certo Ministro de Gestão devem ser por ele ser Chinês... Coitadito, podia ter aproveitado para visitar a família... E o chato do tio Cenoura que não o levou. Parece que lhe deu a escolher: ou a China ou S. Tomé!
Jornalistas, uma vez mais...
Apenas um cheirinho, como diria o JC: (os comentário "a cores" são meus...)
Mas pudemos todos ler e aprender que:-
"uma respiração correcta pode ... melhorar a longevidade" e o que é uma respiração correcta? "respiração profunda e completa". Um suspiro!
- "a maioria das pessoas respira mal porque desaprendeu." Ok, tudo para a escolinha. A mim sempre me ensinaram que respirar era um acto reflexo e independente da vontade.
- "... esse acto [respirar] que nos faz estar vivos". Lapalisse existiu?
- Esta premissa científica ainda não a consegui entender: "A importância da respiração é inversamente proporcional ao tempo que conseguimos estar sem receber oxigénio" - ou seja, quanto mais depressa respirarmos, mais importantes são as "respiradelas"...???
- "É possível passar horas, dias, sem comer ou beber, mas bastam alguns minutos sem ar para morrer." - e sem pensar... quanto tempo conseguem estar?
- "Maniche (F.C.Porto), operado a uma hernia enguinal"
...extraíram a enguia ao Maniche. Coitado do homem!... - deve ter sido para alimentar o Pitbull
sexta-feira, janeiro 14, 2005
Tadinhas das crianças...
3 da manhã: criança reactiva e bem-disposta. Que acordou a gemer. Resultado: logo carregada para o Hospital, onde chegou reactiva e bem-disposta. Sem alterações clínicas. 3 horas à espera de um xixi. Xixi normal. Volta para casa de onde não devia ter saído! Deixem a criatura dormir...
5 da manhã: uma criança para atender. Há 2 meses, que tem uma otite. Fez antibiótico, o antibiótico não resolveu. A otite vai agravando... alastra. Os sinais inflamatórios pioram. É de novo assistida no Pediatra assistente. Tenta um novo antibiótico e recomenda recorrer ao SU se passados 3/4 dias não estiver melhor. Trazem a pobre da criança ao SU às 5 da manhã? Será que lhes parou o relógio? Ainda para ajudar, a otomastoidite (é assim que se chama...) da criança precisa de ser avaliada pelo Otorrino, que só entra às 8 da manhã.
7 da manhã: mãe ansiosíssima. Que a filha "está a arder em febre" desde a meia-noite. Que lhe deu um supositório e melhorou, mas acordou às 6 e tinha 39,5ºC. Novo Ben-u-ron. Desta vez diz que não funcionou. O que é certo é que a criança no SU tinha 36,4ºC. Sem mais sinais de alerta. Recambiada para casa com vigilância. Pois é... o supositório não funciona de imediato... é preciso esperar uns minutos!
Não CORRAM para a Urgência... É o pior sítio para onde podem levar a criança saudável. Deixem o SU para as crianças verdadeiramente doentes!
Como é que consegui chegar a esta idade, sem ter sido levado a meio da noite para um SU??? Se calhar da mesma forma que passei sem telemóveis, playstations ou Action-mans... As crianças já não têm a mesma fibra... Ou melhor, os pais das crianças já não têm a mesma fibra. As crianças coitadas, lá vão aguentando...
Mas levem-nas para onde?
Aos SASUS??? onde se chega a experar 4 horas com uma criança a arder em febre (após Ben-U-Ron e 4h depois Brufen) com febre sem baixar dos 39º, a fazer compressas de água fria (numa sala dos enfermeiros do centro de saúde) sabendo que a solução seria um antibiórico para a 1ª Otite.
Perdoe o comentário, acredito que a culpa não seja dos médicos... mas há tanta falta de vontade.... enfim
I.
Das coisas que mais me impressionou nos hospitais, nomeadamente no Santo António (Porto) foi: um dia em que ocasionalmente reparava na parede da Sala de Espera da antiga porta principal do referido hospital a quantidade de nomes de profissionais que morreram (e provalvelmente continuam a morrer) vítimas de doenças contraídas no exercício das suas profissões.
Ora estamos a falar de um hospital com centenas de anos.
Se imaginarmos a quantidade de doenças, doentes e profissionais, que por lá passaram, por locais nem sempre bem limpos, por locais mal ventilados.... por sistemas de ar condicionado nunca substituídos... enfim levar uma criança para um lugar desses não é será sempre a última opção...
Por outro lado a falta de opção dos centros de saúde na área da pediatria levou-me a procurar um pediatra particular... mas que não tem que estar disponível 24h.
Não é fácil ser pai... não é fácil ter filhos doentes... e quando temos um sistema de saúde, que não diria mau, mas muito mal organizado, burocrático a ao vento dos interesses superiores...
Este comentário está confuso mas espero que o entenda.
I.
«Inicial
Olha outro
Ou seja, a 21 de Setembro, esse senhor disse que a anunciada retirada de benefícios fiscais "É mais um ataque deste Governo à classe média, a que faremos oposição, porque são medidas iníquas, injustas e reveladoras de grande insensibilidade social"
E em 13 de Janeiro, diz que afinal vai manter a redução dos benefícios fiscais, a bem da "estabilidade fiscal"... É caso para dizer, nós somos contra, mas só um bocadinho...
E pensar que alegadamente foi por isto que a "futura maioria parlamentar" votou contra e tanto criticou o actual orçamento de estado...
Ora, com a tomada em posse do novo Governo Socialista, o Dr. Medman descobria, por infortúnio, que afinal sempre iriam existir benefícios fiscais, mas com a contrapartida de aumentar o IRS!
E agora?! Com o dinheirinho empatado, o Dr. Medman não só já não podia fazer a sua poupança habitação, como ainda iria ter de arrotar mais uns contos de reis no IRS.
O Dr. Medman esquece-se que a economia carece de estabilidade e que a conduta responsável nem sempre é aquela que nos permite fazer tudo aquilo que gostaríamos...
Parece-me, portanto, prudente, que o Eng. Sócrates tenha optado por deixar os benefícios fiscais para 2006 (como, de resto, já hoje teve oportunidade de esclarecer).
Com os mais respeitosos cumprimentos,
António Dias Gonçalves - Economista
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quarta-feira, janeiro 12, 2005
Programa de Governo 2
Ambiente
- Independência energética nacional e substituição dos combustíveis fósseis. Aumento da capacidade produtiva das centrais hidroeléctricas com construção de novas barragens. Criação de mini-hídricas para situações e populações específicas que delas necessitem.
- Instalação de uma central de energia nuclear junto à fronteira com Espanha (se já corremos o risco de um desastre nuclear, vamo pelo menos tirar o benefício energético desse risco).
- Aumentar a produção de energia eólica, essencialmente de modo a tornar auto-suficientes, as pequenas vilas e cidades do interior (exceptuando a produção industrial), bem como os Açores e a Madeira.
- Instalação de centrais produtoras de energia solar no Alentejo e Algarve, aproveitando os terrenos deixados ao abandono.
- Instalação de centrais produtoras de energia geotérmica nos Açores.
- Criação de um "imposto ambiental", que beneficie (isenção) as empresas com responsabilidade ambiental e que cumpram todos os requisitos a nível ambiental.
- Diminuição do IVA para 5% em todos os produtos reciclados.
- Recolha selectiva de lixos (ex. lixo orgânico à 2ª, 4ª e 6ª, vidro à 3ª, papel e plástico à 5ª), com multas para quem não separar correctamente os lixos.
Justiça
- Final do periodo de férias judiciais. Regime de férias "rotativo" semelhante ao de toda a restante função pública.
- Aumento das custas fiscais para juízos de recurso. Limitação do número de recursos.
- Diminuição dos prazos para tramitações legais.
- Faltas a julgamentos não podem atrasar os processos. O réu pode ser julgado mesmo sem estar presente.
- Tribunal específico para crimes económicos. Pena para crimes económicos deve ser preferencialmente monetária (ex. Indemnização 10x superior ao delito cometido).
- Condenados a penas de prisão, devem efectuar serviços cívicos (limpeza de matas, p. ex.)
- Diminuição dos prazos de prisão preventiva.
- Nenhum crime de agressão corporal ou homicídio deverá prescrever.
- Informatização dos processos legais e junção dos julgamentos para um mesmo arguido.
Se te propuseres para ministro do ambiente ou justiça sou capaz de votar em ti!
O mesmo não diria se fosses candidato a ministro da educação! ;)
«Inicial
terça-feira, janeiro 11, 2005
Programa de Governo
Caso seja eleito prometo:
Educação (a paixão de um ex-PM, que como tal, foi intensa mas muito passageira)
- Remodelar o sistema de ensino, passando o ensino essencial (12 anos) a ser organizado em 4 ciclos de 3 anos cada um com exames nacionais no final de cada ciclo.
- Ciclo elementar - 1º a 3º ano; com ensino em monodocência acerca de conhecimentos fundamentais (semelhante à actual escola primária), com o ensino de 1 língua estrangeira.
- Ciclo geral - 4º a 6º ano; com ensino em multidocência, organizado em áreas estruturantes longitudinalmente e articulação transversal; acerca de conhecimentos gerais diversos; ensino de 2 línguas estrangeiras.
- Ciclo estruturante - 7º a 9º ano; dividido em 2 troncos (académico e profissional), como o próprio nome indica orientados para a prossecução de estudos ao nível do ensino superior ou para a habilitação directa para o mercado de trabalho no final do 12º ano. O tronco profissional seria iminentemente prático, permitiindo adquirir aptidões essenciais para desempenho de artes ou ofícios. Ensino de uma 3ª língua estrangeira (2 em simultâneo).
- Ciclo complementar - 10º ao 12º ano; dividido em várias áreas do saber em cada um dos troncos, representando áreas de ciências básicas ou artes e ofícios.
- Em todos os ciclos e áreas, aposta em ensino da matemática e do português. Introdução de temas como educação cívica, sexual ou política.
- A nível administrativo, a gestão das escolas destes 4 ciclo passaria exclusivamente para as autarquias (incluindo o quadro de pessoal), restando um papel regulador e fiscalizador para o estado.
- Criação de quadros fixos de professores por escola, com aumento do horário de trabalho efectivo para 35 horas por semana.
- Ensino obrigatório e gratuito até ao 12º ano. Áreas do tronco profissional devem ser escolhidas pela autarquia, de acordo com as necessidades e oportunidades previstas em cada região.
- Encerramento de todas as escolas com menos de 50 alunos que distem menos de 30 minutos de viagem de uma outra escola. Transporte escolar gratuito para todos os alunos.
Ensino Superior (sob o lema: não pagamos, não pagamos)
- Autonomia universitária total (incluindo financeira) para as universidades públicas, que devem ter sistemas de gestão semelhantes aos dos Hospitais SA.
- Formas de acesso à universidade e selecção de candidatos da exclusiva responsabilidade das universidades.
- Alteração do sistema de financiamento das universidades, terminando as contribuições directas do estado. Cada aluno deverá pagar uma propina (definida pela universidade) equivalente ao custo directo do curso. O estado, de acordo com o mérito académico, os rendimentos económicos e a "utilidade nacional" de cada aluno matriculado, deverá financiar directamente o aluno em pecentagens variáveis. Isto permite o financiamento preferencial (em instituições públicas ou privadas) de cursos de maior "utilidade" nacional (ex. diminuição da comparticipação de cursos de professores em áreas sobrecarregadas e com desemprego efectivo)
- O Estado assume o controlo de qualidade do ensino e encerra todos os cursos que não se qualifiquem.
- As universidades devem prestar serviços à comunidade, sendo recompensadas por isso (pareceres, trabalhos, investigação, etc...)
- Deverá ser incentivada a investigação científica em todas as áreas do saber, através da criação de bolsas de investigação que cubram os custos do projecto e prevejam os rendimentos pessoais dos investigadores - ou seja, profissionalização da investigação. Devem ser ainda privilegiadas as áreas das ciências da saúde, agricultura, telecomunicações e tecnologias da informação e desenvolvimento de novos materiais.
Para amanhã, prometo o programa de governo para a área do ambiente e justiça... A saúde fica para o fim!
Outra coisa com a qual não concordo é o facto de as crianças de 12 anos terem que escolher se querem ou não seguir pelo ensino superior. É completamente irrealista, visto que até alguns alunos do 12º anos não sabem se querem parar os estudos ou continuar. Arriscam-se a terem muitos profissionais insatisfeitos e, assim, não há grande produtividade de certeza!
De resto, tem algumas sugestões a considerar...
Não concordo muito com essa de fechar as escolas desde que haja uma a menos de 30 minutos de distância porque acho que desertifica as pequenas aldeias e concentra tudo nos centros (mesmo que estes centros não passem de pequenas vilas). Acho que só quem já viu o que isto provoca é que pode perceber (eu sou de lisboa, mas os meus pais são do norte e uma medida semelhante já foi tomada em certos sítios lá e não funciona lá mto bem)
Quanto à escolha da via de estudos logo no 7ºano... bem... muito, muito prematuro.
1. Financiamento do ensino superior. A proposta é precisamente que, com base no mérito e na "utilidade do curso", qualquer pessoa, independentemente do seu estrato social possa fazer qualquer curso com as propinas e as despesas associadas pagas. Pode eventualmente ser fomentado um esquema de pagamento retardado do curso, após integração na vida activa (esquema muito utilizado nos EUA).
Esta proposta de sistema, implica um benefício real para os necessitados (é óbvio que é preciso reformar o sistema fiscal), sendo a sua grande vantagem a economização de custos e o direccionamento dos gastos para as áreas consideradas prioritárias.
É importante também realçar o facto de o apoio do estado aos alunos do ensino superior não se fique só a dever às condições sociais, mas também com grande peso ao mérito e à utilidade pública.
2. Encerramento de escolas. Sim, tenho consciência das consequências que isso pode trazer à população, mas por motivos económicos interessa rentabilizar os recursos existentes. Por motivos sociais, é mais produtivo para as crianças/jovens poderem conviver e competir com um maior número de pares...
3. Tronco profissionalizante desde o 7º ano. Quantos casos conhecemos nós de jovens que deixam a escola que esta não lhes diz nada? O tronco profissionalizante serve como via de captar estes jovens (actualmente proscritos da escola) para o meio no qual devem amadurecer e permite-lhes ir adquirindo conhecimentos "teóricos", ao mesmo tempo que ganham aptidões práticas. Obviamente, que o facto de existirem ciclos de estudos, implica que, mediante a realização de exame o aluno possa alterar de área tendo apenas que repetir as partes do ciclo que não são equivalentes... mais ou menos tipo sistema de créditos. O que implica que qualquer aluno, mesmo que tenha optado pela via profissional, pode vir a ingressar no ensino superior, embora para isso tenha que efectuar exames de equivalência.
3. Ensino superior público. Também acho que pode desaparecer. Mas entretanto é preciso dinamizar e dar competitividade às universidades existentes e às competências instaladas.
4. Áreas de desenvolvimentos científico.
Agricultura - para dar competitividade e inovar a nível das colheitas mais rentáveis para o país.
Ciências da saúde - porque é um campo em que já existe investigação séria organizada, com benefício directo para a população e possíveis retornos financeiros muito grandes (a biotecnologia, a nível de investigação e desenvolvimento é das áreas mais lucrativas e nível mundial)
Telecomunicações e tecnologias da informação - um dos maiores mercados mundias e sempre ávido de inovações.
Pesquisa de novos materiais - de forma a criar um nicho de aplicações e utilidades exclusivo de empresas portuguesas, que lhes possa trazer vantagem competitiva. Áreas como a composição de polímeros orgânicos, microchips, nanotecnologia, etc...
5. Complementos do Francisco. Concordo na generalidade.
6. Os outros temas não estão esquecidos e seguem em breve...(nos próximos dias).
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segunda-feira, janeiro 10, 2005
Afinal não é só cá...
A sua única esperança de ter uma vida normal é o transplante de medula óssea. Uma vez que não existe dador compatível, tem de fazer transplante de células maternas modificadas.
Esta é uma doença muito rara. E cá não se pode fazer esse tratamento... Todos os contactos efectuados, um processo que se arrasta já há alguns meses, apoio das autoridades de saúde... Finalmente tudo pronto para que o bebé possa ser transplantado em Paris. Burocracias tratadas, mãe preparada, equipa médica de acompanhamento preparada (já que a própria viagem tem grandes riscos de complicações).
Aguarda há alguns dias que seja autorizada a transferências por parte dos médicos franceses... Era para ter sido o ano passado, era para ter sido a semana passada, era para ser esta semana, também não vai ser na próxima...
Motivo: Falta de vagas, ou seja, também ele está em lista de espera!
sábado, janeiro 08, 2005
Para recordar...
Coerência by Cenoura
Agora quero maioria parlamentar... agora não quero!
Agora quero estabilidade... agora não quero!
Agora quero diminuição de impostos... agora quero aumento!
Agora quero dissolver a assembleia... agora quero pacto de regime!
Quero ou não quero? Sou ou não sou? Antes não fosses...
sexta-feira, janeiro 07, 2005
Chico
O menino chamava-se Chico... O mais novo de 8 irmãos. Abandonado pela jovem mãe à nascença, tal como os outros 7. Actualmente a viver num abrigo onde finalmente encontrou o carinho que merece. Às vezes, os pais lembram-se que ele existe... e correm os abrigos de crianças para visitar os filhos. Todos separados, uns com mais sorte do que outros.
Tem uns olhos vivos e meigos. Um sorriso sempre pronto e uma vivacidade de uma criança que aprendeu a viver. No abrigo tem mimo, atenção e cuidado. Ganhou novas mães... Felizmente mais responsáveis e dedicadas do que a sua verdadeira.
Está internado no hospital. Mas apesar da doença parece uma criança feliz. Hoje, abriu um sorriso de orelha a orelha quando chegou uma das assistentes do abrigo; quem visse pensava que tinha chegado a verdadeira mãe. Em breve vai ficar bom e regressar ao seio da sua grande família...
Felizmente que existem pessoas que dedicam a sua vida para que as crianças que mais precisam possam viver melhor. Quanto às outras, às mães biológicas deste tipo... o melhor é nem comentar!
quinta-feira, janeiro 06, 2005
Os nossos jornalistas, uma vez mais...
Srs... Jornalistas, que não saibam fazer jornalismo é grave... mas contar é básico... Então não sabem que o século XV terminou em 1500??? Os portugueses eram mesmo bons... até conseguiam construir fortes antes de estarem nos sítios.
E será que ninguém naquela redacção olhou para a reportagem???
Quanto ao outro jornalismo só me apetece dizer que era bom que esse Sr. Jornalista um dia precisasse de uma colonoscopia... sem anestesia e sem sedação!
Até amanhã...
Laurel & Hardy
Eles eram 2 gémeos. Cerca de 3 anos de idade. E ambos recorreram ao SU de Pediatria. Ambos com uma infecção respiratória.
Chegaram, trazidos pela mãe e pela tia: irmãs, não-gémeas, mas que o podiam ser, tal as parecenças. Eles, pequenitos e iguais... mas muito diferentes. A cara, os olhos a expressão era a mesma. Mas um deles pesava ~50% mais do que o outro.
O Bucha (como passou a ser conhecido) era claramente o gémeo dominante. Falava mais, estava mais agitado e refilava mais. O Estica (enfezadito) continuava aninhado ao colo da tia, enquanto o Bucha, agredia autenticamente a sua mãe à pancada (acreditem que eram murros bem violentos). O momento alto aconteceu quando o Bucha pegou no único bolo de arroz que a mãe trazia e lhe começou a arrancar pedaços violentamente e a levá-los à boca, deixando a maior parte cair para o chão. Tudo isto perante o olhar mais impávido e sereno desta mãe.
O colega que os estava a examinar, acreditem que achou toda a situação hilariante e "entrou na brincadeira". Entre as brincadeiras como "tu tens cara de quem rouba a comida ao teu irmão", surgiu a realização do famoso balão de luva de látex. Só um. Quando perguntado qual dos dois iria ficar com o balão o Bucha olhou reprovadoramente para o irmão e apontou para si próprio. A cereja em cima do bolo, quando o colega retruca: "Pronto, levam agora daqui um balão e a caminho de casa quando a mãe não estiver a ver... pegam-se à porrada para ver quem fica com o balão" e continua "...as saudades que eu tenho de ir no autocarro e ver dois irmãos à porrada por causa de um brinquedo"!
É divertido o mundo da Pediatria!!!
quarta-feira, janeiro 05, 2005
Reconstruir
Em Portugal, no Verão de 2003 e 2004 sucedeu uma catástrofe: ardeu uma grande
percentagem da nossa floresta. A registar elevados prejuízos económicos e uma mão cheia de vítimas mortais.
No Sudeste Asiático, em Dezembro de 2004 sucedeu uma hecatombe: um terremoto de elevada intensidade, seguido de um tsunami devastador. A registar, além dos prejuízos económicos da destruição de património, a perda de mais de 150.000 vidas, 5 milhões de desalojados e muitos milhões a necessitar de ajuda humanitária básica: água, comida, medicamentos. Terras inférteis durante os próximos anos devido à acumulação de sal, vias de comunicação destruídas, cadáveres em decomposição, risco de epidemias.
As semelhanças: ambos fizeram correr muita tinta nos jornais; ambos abriram grande número de telejornais; ambos consternaram e indignaram a nação.
E terminam por aqui...
Lá, morreu mais gente, sofreu mais gente, os prejuízos foram e serão maiores. Cá houve alguns mortos (lamentáveis obviamente), muita floresta destruída e prejuízos económicos à escala do país. Cá choraram-se os mortos e pediram-se subsídios. Lá, muitos não têm os corpos dos mortos para chorar; choram a incerteza. Muitos não resistirão sem a ajuda externa. Mas muitos outros estão a reconstruir a sua vida. Retenho as palavras ouvidas ontem de um comerciante indiano na Tailândia: "Não me vale a pena ficar aqui a chorar e a pedir ajuda. Isto era a minha vida. Tenho de reconstruir a minha vida. Já comecei a trabalhar para reconstruir a minha loja e o meu comércio"
Que admiração merece aquela gente. Mal conseguem enterrar os mortos, mas têm espírito de sobrevivência notável. E como aqui foi dito há dias, que ninguém sinta que as vidas e o sofrimento deles valem menos por já estarem "habituados ao sacríficio", a "passar fome" ou "a não ter condições sanitárias".
A grandeza dos povos não se mede pela altura que atingem, mas pelo tempo que se levam a levantar depois de cair.
Vou dar um saltos por aqui mais vezes!
Parabéns
Macaquinha
www.macaconogalho.blogspot.pt
Vou dar um saltos por aqui mais vezes!
Parabéns
Macaquinha
www.macaconogalho.blogspot.pt
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terça-feira, janeiro 04, 2005
Tal dinheirico tal trabalhico...
E que tal se invertessem a frase??? E se os portugueses começassem antes a pensar: Tal trabalhico, tal dinheirito? Ou então tal trabalhão, tal dinheirão?
Todos falam de que os salário portugueses são baixos, que os restantes europeus ganham muito dinheiro e nós somos todos uns coitadinhos. O que se esquecem de falar é que os outros produzem mais riqueza. Um trabalhador alemão ganha mais do que um português... e até trabalha menos horas. Mas a riqueza que produz é 2 vezes maior.
Há algo em que gosto de acreditar e me foi incutido familiarmente desde muito cedo: "Não é possível receber sem se dar..."
Vamos todos dar um bocadinho mais de nós mesmos, para podermos depois receber o retorno!
você tem razão... não se pode querer o salário de alguém que trabalha na BMW se você trabalha numa padaria, por exemplo
Justamente por ser brasileiro que sei exatamente como é esse tipo de coisa e compartilho da sua opnião.
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segunda-feira, janeiro 03, 2005
Saudades,,,
O trânsito para lá chegar, a confusão para estacionar, a avalanche de funcionários quais formigas a marchar em direcção ao trabalho, um mar de batas brancas, a mudança de turno na urgência, as caras conhecidas, as paredes manchadas e os doentes internados...
E começou em grande o 1º dia na Pediatria! Uma sala cheia de doentinhos, novos colegas, novas rotinas, tudo é diferente menos os problemas sociais...
Ela, uma jovem mãe. Saiu de casa há 6 meses, abandonando marido e filho (na altura com 11 meses). Ele, pessoa humilde, tenta criar o filho conforme sabe e com a ajuda da família. Passa com ele os tempos livres, arranja quem lho "guarde" quando vai trabalhar. Tem outro filho, de uma outra mulher, com 18 meses. A criança (com 17 meses) irrequieta e curiosa, lembrou-se de engolir um amendoim... Falta de ar, carregada de urgência para o hospital e daí transferida para um hospital central. Sedada, entubada. Corpo estranho removido. Criança estável - vai regressar ao hospital da área.
A mãe, descobriu que o filho estava internado. Foi visitá-lo hoje. Não dirigiu palavra ao pai, que passou o ano a velar pela criança... até hoje. Informa-nos que não quer que o filho seja transferido. Que agora está a morar noutro sítio e esse hospital fica longe... Que não quer a criança com o pai. Quer que os médicos entreguem a criança aos pais dela!
Assistente social de férias, uma família em farrapos, uma criança que sofre...
Já agora: qual é o hospital central?
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domingo, janeiro 02, 2005
Acerca de nuvens
Douro ao fim de tarde.
Sobre as nuvens.
Uma onda no céu.
Até amanhã...
sábado, janeiro 01, 2005
Nas nuvens...
Prometo as imagens para amanha...