segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Às segundas leituras (IV)

Mais uma segunda, mais umas leituras (rápidas que está a dar o "clássico" na TV).

Mais uma vez a actualidade política, com uma visão interessante sobre o problema dos têxteis, a procura do Eldorado socialista, as expectativas à governação do engenheiro, a campanha socialista, vista por quem a fez e, uma vez mais, a influência da decisão do PR. Ainda, uma notícia que me deixou espantado: apesar de não ser novo, só agora me apercebi do escândalo que é o financiamento dos partidos por parte do erário público (para quantas viagens a S. Tomé daria isto???).

Encontrei também esta semana algumas curiosidades sobre a vida política e alguns momentos de humor: um manual para um bom esquerdista e a gestão de merceeiro dos líderes partidários...

A nível internacional, destaque inevitável para a 77ª Edição dos Óscares, num ano cinamatograficamente pobre, salvo quase em cima da hora por dois filmes que tiveram um verdadeiro mano a mano. O destaque para o 2º óscar de Clint Eastwood e para o Melhor Filme Estrangeiro: Mar adentro, que versa o tema da eutanásia.
Um destaque para a demissão do Governo do Líbano, que abre uma porta de esperança democrática para o Médio Oriente
Finalmente uma notícia curiosa, acerca de um estilista colombiano, considerado o ARMANI da roupa blindada. Fatos para executivos, à prova de bala, ou "a fina flor do medo".

Agora para algo completamente insólito, a notícia de dois prisioneiros turcos que abriram um buraco de 9 centímetros numa parede, que lhes permitiu ter relações sexuais e gerar uma criança. E uma investigação portuguesa sobre a relação entre o tamanho do cérebro e o sucesso escolar (parabéns Betadine... és o maior!)

Uma última palavra para o Regresso do Prof. Marcelo à TV e para a promessa de um novo programa sobre saúde, orientado para a área preventiva.

Comentários:

Obrigado pelo link. E parabéns pelo blogue!  

Culpas, leituras e retalhos...e eu nem sabia da sua existência...Está bem.  

ano pobre no cinema? percebo... mas se todos os anos houvesse um Million Dollar Baby... Que filme!  

areia, estás a falar do quê? do resto dos filmes ou do "eu nem sabia da sua existência"?
de qualquer maneira, no cinema há realmente muita "areia para os olhos", mas insisto com um Million Dollar Baby pelo meio não me importo nada de levar com montes de areia. não é todos os dias que um filme nos faz sentir devotos; leia-se de Eastwood, de freeman, de swank, da vida e do amor do ser humano pelo ser humano  

lol rita...

a resposta do betadine era ao comentário que foi feito no post, relativamente ao tamanho da sua cabeça...  

ok, a minha cabeça é que anda cheia de areia. não reparei...
ooooppppssss..  
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domingo, fevereiro 27, 2005

Decisões no final da vida

Recentemente referi aqui a decisão do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, acerca da paragem de tratamentos de suporte (hidratação e alimentação) a doentes em Estado Vegetativo Persistente. Essa decisão, vem no sentido (conforme já existia noutros países), de permitir respeitar a vontade prévia do doente (directamente ou através dos seus familiares próximos). Assim, é permitido ao doente, expressar a sua vontade de não ver prolongada a sua vida de forma artificial. Também recentemente o Vaticano exprimiu a sua opinião:

[...]recently the Pope proclaimed that feeding tubes should never be withdrawn
from any patient and that health-care providers are morally obligated to provide
nutrition and hydration regardless of a patient's wishes. [...]

Segundo o Papa, a qualquer doente, independentemente da sua vontade devem ser administrados alimentação e hidratação (por sonda nasogástrica ou endovenosa, obrigatoriamente, nos casos de doentes em EVP), por considerar que em nenhum momento, estes doentes em estado vegetativo deixam de ser humanos e que portanto, é um crime deixá-los morrer.

Independentemente das opções religiosas, convém reflectir acerca deste assunto.
Em primeiro lugar, isto não é eutanásia. A eutanásia implica uma acção directa para causar a morte a alguém, por sua vontade. Existe um outro termo para designar exactamente o contrário - distanásia. A distanásia, ou obstinação terapêutica, consiste em tentar, por todos os meios ao alcance, prolongar a vida (e tantas vezes o sofrimento) ao doente (mesmo contra sua vontade), perante a evidência de uma morte inevitável.

Nesta questão, implica perceber que deixar morrer não é o mesmo que matar. Enquanto que a recusa de tratamento por parte do doente (e isto nunca deverá ser decidido pelo médico, mas apenas pelo doente, ou seus familiares próximos) implica apenas a aceitação de um curso inexorável de uma doença, a eutanásia implica um acto positivo que provoque directamente a morte a pedido.

Há muito que é reconhecido aos doentes a possibilidade de recusa do tratamento proposto (execução de uma cirurgia life-saving, transfusão sanguínea ou outras), cujas consequências podem resultar na morte do doente. Também há muito que as sociedades debatem sobre a propriedade da eutanásia, ou da possibilidade de os doentes, perante sofrimento insuportável, pedem "ajuda para morrer" e pôr fim ao sofrimento. Este caso, é uma alteração subtil a esta problemática: é a questão de negar tratamentos de suporte, considerados básicos (já nem sequer se discute a questão de "desligar o ventilador") pela Medicina moderna. Basicamente consiste em não alimentar ou hidratar artificialmente, doentes que não o conseguem fazer pelos seus próprios meios. Não se trata de não-ressuscitar, de não ter atitudes invasivas, mas simplesmente de deixar morrer.

Desde sempre que a Medicina lida mal com os seus insucessos. A Medicina Ocidental, desenvolveu-se no pressuposto de que se deveria tratar todas as doenças e que se deveriam tentar tratar todos os doentes. Contudo, durante o século XX, com o aumento da consciência dos doentes (essencialmente nos países anglo-saxónicos), foi dado ao doente o primado da escolha sobre o seu tratamento - o princípio da autonomia. Segundo esta regra bioética, o doente é quem tem a última palavra relativamente ao seu tratamento e aos procedimentos sob os quais está disposto a submeter-se. E isto, na minha opinião, implica também que se aceite a vontade do doente de não ver a sua vida prolongada artificialmente, de lhe dar dignidade na hora da morte e de permitir que viva a morte de forma natural, sem estar dependente de máquinas, tubos e medicação - se fôr essa a sua vontade!

Sempre que existirem evidências de que a vontade expressa do doente seria a de não ver a sua vida prolongada, essa vontade deve ser respeitada. Mais, penso que deverá também ser evitada a distanásia, a obstinação terapêutica e que todos nós (médicos e sociedade), devemos aprender a lidar com os insucessos da medicina e com a inexorabilidade da morte.
Como diria Hipócrates: Cura o que puderes, alivia o que não puderes curar e consola o que não puderes aliviar. A isto apenas acrescentaria: Respeita a vontade do teu doente e nunca provoques sofrimento inconsequente.

Quanto à eutanásia... fica para a próxima...

sábado, fevereiro 26, 2005

Rio Perfumado


Hué - Vietname - Agosto 2002 Posted by Hello

Uma barcaça sobe o Rio Perfumado, na zona central do Vietname, bem próximo da DMZ (Demilitarized Zone - antiga separação entre o Vietname do Norte e o Vietname do Sul). Hué, a antiga capital imperial, foi uma das zonas mais devastadas pela Guerra do Vietname. Actualmente é um dos centros turísticos do país, possuindo algumas das paisagens mais bonitas do Sudeste Asiático. O Rio Perfumado, deve o seu nome ao aroma a Jasmim que possui, vindo dos planaltos do Laos e atravessando todo o País, até desaguar no Mar do Sul da China.
Um país conhecido pela guerra, mas que tem muito para oferecer!!! Apesar de ainda se fazerem sentir muitos dos efeitos de um conflito devastador, onde o "vencido" não perdeu nenhuma batalha...

Comentários:

And is it safe for a six year old ?  

Completamente... O povo é pobre, humilde e muito acolhedor. E com pouco dinheiro se consegue ficar em boas condições (4* europeias). Obviamente que é um país pobre, com pedintes, e zonas "sujas", mas aparentemente com baixa criminalidade. É uma população muito rural, que ainda vive muito do que a terra dá, mesmo junto às grandes cidades.  
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sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Vómitos com arrancos

A Joana tem 10 anos. E tem em casa uma avó, doente com um cancro da mama em fase terminal.
A mãe da Joana, prefere tratar da sua mãe em casa, do que tê-la abandonada numa cama de um hospital.
Mas a avó da Joana, precisa de cuidados quase permanentes (pensos, higiene e alimentação). A mãe da Joana, não tem possibilidades de ter a avó da Joana noutro sítio que não seja em casa. E por isso, trata-a conforme possível, num sofá-cama colocado na ex-sala de estar da sua casa.

Até aqui, um simples caso de uma família com dificuldades, que tenta apoiar e amparar os velhos por outros abandonados à porta de um qualquer SU.

Mas a mãe da Joana, precisa de ajuda. E como tal, a Joana, com 10 anos apenas, usa o seu tempo livre (aquele que devia ser usado para brincar com bonecas - ou com outra coisa qualquer) para ajudar a avó. Dar-lhe de comer, lavá-la, dar-lhe e tirar-lhe a aparadeira, dar a medicação e ajudar nos pensos.
Ontem, a Joana não aguentou mais. Começou a vomitar... aos arrancos, com grandes berros. Nitidamente para chamar a atenção. De início, pensámos ser mais uma gastroenterite; mas a encenação dos vómitos, levou a suspeitar de um fundo psicológico, para justificar esta «doença». E foi então que veio toda a história da avó...

À mãe da Joana, foi louvado o esforço de cuidar da sua mãe. Que para as pessoas doentes, sem "esperança de cura", é melhor passar os últimos tempos em casa com a família, do que numa cama do hospital. Mas foi-lhe relembrado que a Joana só tem 10 anos. E que precisa de fazer o que fazem as meninas de 10 anos: brincar, saltar, rir.
Felizmente parece que percebeu, o impacto que a doença da avó estava a ter na Joana, e vimos a Joana, sair da porta do SU, abraçada à mãe a dizer "Quando chegar a casa vou brincar?", com a felicidade muito própria das crianças...

Comentários:

Por tantas dificuldades e vidas destruidas que vejo todos os dias e que estou a um passo de abandonar a medicina... queima-nos por dentro...  
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quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Mais um daqueles dias

Nao come, vomita e tem febre...
Nao come, vomita e tem febre...
Nao come, vomita e tem febre...

Felizmente nada de grave.

Comentários:

Andam por aí muitas gastroenterites, é? Ainda me lembro do tempo em que a minha filha as apanhava a todas no infantário e depois mas pegava a mim... Ui!  

Chega-se ao cúmulo de as crianças irem ao SU por um qualquer motivo e no dia seguinte voltarem,... porque apanharam uma gastroenterite na sala de espera...  

Cá em casa houve uma que atacou a mãe, a filha, a empregada, os filhos da empregada, os avós e a empregada dos avós. Lindo! E eu passei o fim de ano a beber ch´zinho em lugar de champagne :)  
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quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Outra fé...


Hong-Kong - Agosto 2002 Posted by Hello

Um rito ancestral, numa das mais cosmopolitas metrópoles de todo el mundo. O taoísmo, religião milenar chinesa, convive pacificamente com as outras religiões (budismo e confucianismo) e promove a introspecção, a tolerância e a pacificação intelectual. Aqui as promessas passam pela oração junto a ofertas de incenso...

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Da fé...

O João tem 8 anos. E foi internado com uma pneumonia.
Coisa simples, diria eu. O garoto começou o antibiótico e melhorou "de imediato".
Dei a notícia à mãe que ele ia ter alta. "Graças a Deus!" - exclamou ela. "Eu até já prometi ir a Fátima dar 12 voltas de joelhos, e ele vai comigo". ("Mas vai a pé" - ao menos isso!)
Pobre criança, que vai ter que assistir a este espectáculo de ver a sua mãe, a quem pediu para não chorar quando ficou internado, ficar com os joelhos em sangue, chorar de dor e quem sabe, dificuldade em andar (pelo menos) durante umas semanas!
A fé não se discute, mas parece-me incrível que num país moderno, em pleno século XXI, ainda se praticam actos tão medievais quanto estes (criticados até pela própria Igreja) e ainda se acredite num Deus cruel e tirano.

Comentários:

Não entendo esse tipo de fé, nem esse tipo de promessas. Acho, sinceramente, que a Igreja devia desincentivá-las, e convencer quem quer prometer alguma coisa a fazer promessas construtivas. Ajudar doentes, ser gentil com os vizinhos, fazer as pazes com quem está desavindo seria muito mais proveitoso e nobre do que dar cabo dos joelhos, não seria?  

Antigamente também ficava bastante irritado com este tipo de situações, mas fui-me apercebendo de que muitas destas pessoas se limitam a exteriorizar a sua adoração a Deus de acordo com a cultura a que tiveram acesso. A mesma cultura que as leva a manifestar o amor aos filhos com mueitaritos beijinhos (mesmo quando estão constipadas e existe risco de contágio) e a dar bolicaos às crinaças (mesmo que tenham diarreia...). É sempre uma tentação tentar impor aos outros comportamentos "correctos" (ou querer que a Igreja os imponha por nós). Ser capaz de aceitar estas pessoas (mesmo não concordando com as suas práticas) é afinal a tal tolerância (que é sempre mais fácil de praticar com os que são parecidos connosco...).
Por outro lado a nossa sociedade "civilizada" também tem as suas práticas bárbaras como acontece com a manipulação dos sers humanos na sua fase embrionária...  

Esse tipo de fé é assustador e um mau exemplo. Quanto a mim, há certos actos de fé que deveriam ser proibidos lela Igreja; esse é um deles.  
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As gémeas...

... eram três. E ficaram todas doentes ao mesmo tempo. Traziam um "acompanhante" cada uma, mas só a mãe, sabia da história toda. Era vê-la a correr de gabinete para gabinete, com um quadro na mão, a consultar os sintomas de cada uma.

A Maria teve febre às 09 e às 12; a Joana às 10h e a Inês às 09.30h e às 14h. A Maria tinha uma gastrenterite, a Joana uma amigdalite e a Inês uma otite... provavelmente manifestações diferentes do mesmo "bicho".

Tinham 6 meses, até então saudáveis. Nascidas de um desses milagres da medicina, a fertilização in vitro. À segunda tentativa. Da primeira, falharam os 3 implantes. À segunda resultaram os 3. E a mãe, que desejava um filho, acabou por ter o prazer em triplicado... e o trabalho também.

A mãe, enquanto media a febre a uma, dava água à outra e acarinhava a terceira, ainda tinha tempo para sorrir... e para agradecer o atendimento que teve!
Às vezes vale a pena estar de Urgência... :)

Comentários:

:-)  

Nem ausente, nem esquecido... apenas tinha, digamos que, uma personalidade apagada...  

Essa do pai apagado... nos gemeos a relaçao do pai com os filhos tende a ser mais forte porque ele tem mesmo de meter as maos na massa. Estranho...  
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Já só faltam 149.999

Freitas do Amaral, ministro do Governo PS? (notícia TVI - sem link)

Será que era esta a "estabilidade" que o PS precisava, para poder ter um "homem de direita" no Governo? Ou será que já se está a preparar para vôos mais altos - até Belém, por exemplo...?

Bem, parece é que 1 "tacho" já está garantido... Já só faltam 149.999!!!

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Às segundas leituras (III)

Mais uma vez a actualidade política marcou indelevelmente esta semana. Portugal virou à esquerda (o que quer que isso se venha a demonstrar ser) e aparentemente o optimismo regressou ao povo (apesar de continuar tudo na mesma); já se vislumbram verdadeiros milagres económicos, revoluções sociais, emprego para todos, todos os nossos problemas se tornaram prioritários e vão-se resolver ao mesmo tempo, foi castigada a política "negativa" e "comadre" e o futuro é "cor-de-rosa".

Como todos os que seguem este blog sabem, considero o actual-futuro-primeiro-ministro um líder fraco. Fraco de ideias, fraco de carisma, fraco de retórica, fraco de projectos, fraco de acessores, fraco de coragem e fraco de humildade. Mas o povo decidiu, está decidido. E como em qualquer "democracia madura" como os nossos políticos gostam de dizer, o povo é soberano, mas todos podem exprimir a sua opinião. Tal como alguém disse ontem, não acho que o povo se tenha enganado (talvez tenha sido enganado, mas isso é outra história), as minhas convicções, o modelo de sociedade na qual gostaria de viver é que não se coaduna com a escolha recente dos portugueses, e isso, ninguém me impedirá de dizer (ouviste Guilty?). Mas sobre este assunto, ainda muita tinta vai correr nos jornais, muitas "excelentes reportagens" (como é possível isto) serão feitas e muito ainda se falará. Como diz o povo "ainda muita água vai passar debaixo da ponte" e esperemos para bem de todos nós que "a emenda não seja pior do que o soneto".
E sobre este assunto, resta apenas uma palavra para o Dr. Jorge (pronto, não lhe chamei cenoura) - aquele que se tornou o meu "odiozinho de estimação" por ter subvertido deliberadamente (parece que o ex-secretário-geral do partido-que-agora-é-governo também concorda comigo) o ciclo político normal, desejável e para o qual foi planeado um "Programa de Governo".

Passando para outros assuntos... A "fraude" das taxas moderadoras (que não moderam o que deviam moderar, não são justas e não têm utilidade), uma "aberração da natureza" corrigida pelo empenho de alguns médicos, os números assustadores da violência em contexto familiar e a decisão quasi revolucionário do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, acerca da paragem de tratamentos de suporte a doentes em Estado Vegetativo Persistente.

Uma última referência para esta mensagem, acerca do trabalho de um escritor. Pelo menos de um escritor competente! A investigação necessária para criar uma história ficcionada mas "verosímil", imaginada mas adequada à realidade, vista "de fora" mas pormenorizada.

Fiquem bem e... voltarei amanhã com algumas estórias histórias.

Frieza precisa-se

Perdi o meu segundo doente. Tinha um texto do primeiro para passar, mas a partir de hoje perdeu a actualidade. Morreu-me o meu segundo doente.

Bem, nem foi o segundo, nem era 'meu'! Mas era como se fosse.

Durante o curso vi gente a morrer, mas como aluno que era, quando isso acontecia, havia logo um protocolo instituido, gente que sabia o que era preciso fazer e nós alunos éramos postos de lado.

Nem foi o segundo doente que me morreu no hospital de Lamego. Neste mês e meio, a mortandade tem sido grande. Mas tudos velhinhos(as) com AVCs extensíssimos, DPCOs agudizadas, etc, ou seja coisas que ao se internar já se sabia ao que iam. E têm tido todos o cuidado de falecer durante a noite, sossegadinhos.

Mas hoje, pela segunda vez, morreu-me um doente nas mãos, enquanto o tentávamos salvar. Estoicamente. Doentes que não eram linear que fossem desta para melhor (esperemos). Doentes em que vimos para casa pensar 'e se...'! Se tivéssemos mudado o antibiótico, se tivéssemos...

O título diz frieza precisa-se. Os médicos são acusados de um distanciamento em relação à morte e ao sofrimento. Percebi porquê. Tanto num caso como no outro, a seguir ao trágico desenlace, não dei uma para a caixa. Tenho mais 17 doentes a meu cuidado que precisam da minha atenção exclusiva. Não posso deixar que o que se passa com um, me distraia, me perturbe, me impeça de me dedicar ao seguinte. Mas foi isso que aconteceu. A capacidade de raciocínio e concentração ficaram deveras afectadas. Não pode acontecer.

Comentários:

E depois vamos para casa e damos voltas na cama a pensar naquele doente. No que poderiamos ter feito mais. Martirizamo-nos à exaustão pelos erros que identificámos, e revemos todos os passos à procura dos que não encontrámos. Sonhamos com eles, acordamos sobressaltados. E o sol levanta-se e vem um novo dia, onde podemos aplicar o que aprendemos ontem e, quem sabe, salvar uma vida.  

em 11/02 comentei um post do "desabafos de um médico" com:
"...Na próxima oprtunidade mostra também o " actor " que tens que ser frente aos doentes, e que transmite aos mesmos (e fundamentalmente aos familiares) o médico indiferente, como és (como são todos os médicos) apelidado / criticado.
Quando os anos passarem, e as estórias se forem acomulando dia a dia, vais ter de te escudar numa couraça de um pouco de indiferença, ou antes, não tanto sentimento, sob pena de ires parar ao Conde Ferreira ou Magalhães de Lemos. São ossos do ofício mais procurado e mais criticado."
Hoje transcrevo-o aqui, pois a questão é idêntica. E ainda só passaram 2 meses desde que tens responsabilidades... esta vida é difícil, não mata (se se tiver juízo)mas perturba, por mais "couraça" e experiência que se tenha. Tenta conjugar a "couraça" com o humanismo, e nunca te esqueças que um doente não é o "cama 32" mas o "Sr X"  

e se... e se... É sempre essa a dúvida que nos fica, quando assistimos a um falhanço da medicina. Será que podíamos ter feito mais e melhor? Prometemos a nós próprios que vamos ter mais atenção, mais cuidado, para que isso não volte a acontecer. Mas acontece... sempre. Por mais "perfeccionistas" que sejamos, há variáveis que não conseguimos controlar e a necessidade de distanciamento em relação ao doente é necessária por nós (pela defesa da nossa sanidade mental), por eles (porque os sentimentos muitas vezes tolhem a nossa capacidade intelectual e o raciocínio mais básico) e pelos outros (que precisam de todo o nosso empenho e "saber).
A juntar a tudo isto há a necessidade de aprender a lidar com a frustração e aceitar que inexoravelmente vão-nos morrer pessoas nas mãos...  
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sábado, fevereiro 19, 2005

Reflexão

Enquanto as portuguesas e os portugueses (achei giro utilizar o "charme" santanista... :)) reflectem em quem vão votar amanhã (se é que vão votar), eu tenho é que reflectir "como" vou votar!

Enquanto as portuguesas e os portugueses ponderam se preferem votar à esquerda ou à direita (melhor dizendo ao centro, porque direita em Portugal é coisa que não existe), se preferem a agitação sa(n)tânica ou a sensaboria socrática, um estado regulador e ágil ou um estado pesado e burocrático, um país empreendedor ou um país subsidiodependente, a continuidade das reformas necessárias ou a mudança para o imobilismo do "diálogo", neste momento só penso se vou votar ou vou comer!!!

Eis o meu dilema: amanhã, das 08h às 20h estou escalado para o Serviço de Urgência, tendo direito a 1h30 minutos de "folga" para almoço e/ou lanche. Ora acontece que demoro cerca de 30m até chegar à minha secção de voto, mais 30 minutos para regressar, portanto restam-me 30 minutos para estar na fila para votar e almoçar... E como não sou militar, preso, doente ou representante de uma selecção nacional, não posso votar antecipadamente...

Espero que rapidamente o nosso sistema eleitoral (e já agora também o sistema político...) se modernize e permita o voto electrónico, de preferência em qualquer mesa de voto do país - se calhar era uma boa forma de diminuir a abstenção.

E por falar em abstenção... Espero que todos cumpram o dever cívico de votar. Votar em branco é uma opção válida, mas não votar é demitir-se das responsabilidades de escolher os representantes de "todos" na AR. E a desculpa de "não é com o meu voto que eles vão para lá" também não serve. Votar é um dever, tal como pagar impostos e cumprir as leis... os governos não podem ser eleitos pelo imobilismo generalizado e pela falta de participação cívica

Eu já me decidi... Vou votar! (também já decidi em quem), talvez dê para também comer...
Alea jacta est. O povo que é soberano amanhã vai decidir o que quer para o seu futuro, mas parece que eu e o povo temos ideias diferentes de qual é o melhor futuro!!! Sinto-me cada vez mais um estranho no meu próprio país...

Comentários:

Oh Medman! Tens direito a mais 1 hora só para ires votar.. só tens q falar com o Chefe de Equipa do SU para ele elaborar a "escala de voto". Votar antes de ser um dever é um direito. (estará alguém na tua secção de voto encarregue de passar o certificado em como foste votar para apresentares no SU). Mas por acaso, já que há mesas de votos no hospital para os doentes também deviam aceitar os votos dos eleitores escalados para a urg.. imagina que votavas em Coimbra? :) boa urgência
CrisVSousa  

Ter direito não tenho... Felizmente o dia foi calmo e deu para todos irmos votar descansados. Mas se os doentes estivessem à espera... lá se iam os "direitos". É que o doente tem que estar primeiro (apesar de alguns não merecerem...).

Se votasse em Coimbra, não tinha hipótese. E acredito que isso contribui bastante para a abstenção, por isso é que defendo uma alteração ao sistema eleitoral!  
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quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Morto em acção

Aconteceu hoje mais uma trágica morte de um agente policial enquanto desempenhava o seu dever. Isto é um risco próprio da profissão, mas não devia acontecer.

Neste país onde se defendem os direitos de todos os cidadãos, muitas vezes são esquecidos os direitos dos "servidores públicos". Desde os médicos, agredidos e ofendidos no seu local de trabalho, obrigados a servir (porque é essa a sua função) e a respeitar as "vontades" dos utentes porque "pagam impostos"; aos professores, ameaçados e agredidos nas salas de aula, impotentes perante a violência, resignados a "comer e calar", a bem do desenvolvimento sem traumas das crianças; aos polícias, mais que todos expostos, sujeitos a insultos, agressões e tragicamente assassinatos (premeditados ao que parece), desarmados e amordaçados, sujeitos a acusações de abuso de poder, processos crime e julgamentos na praça pública.

A estes "servidores" do estado, aos servidores dos cidadãos, ninguém defende os direitos. Prefere-se um polícia morto, do que um muito-presumivelmente-criminoso baleado; prefere-se um professor agredido do que uma criança disciplinada; prefere-se um médico insultado a uma triagem séria e competente no acesso aos serviços de saúde.

Se a polícia espanca um criminoso-apanhado-em-flagrante, há uma manifestação popular. Se um médico "não examina um doente com atenção", há um exaltamento na comunicação social, directos nas televisões e primeiras páginas de jornais. Se um professor dá uma bofetada num aluno, vemos uma revolta, uma revolução à porta da escola. Espero ver as mesmas manifestações populares, o mesmo exaltamento na comunicação social, a mesma revolta nas pessoas de cada vez que for assassinado um polícia, agredido um médico ou insultado um professor.

Apelidem-me de conservador e retrógrado, de fasciscta se quiserem. Mas prefiro viver numa sociedade com educação e respeito, em que todos cumpram os seus deveres cívicos, do que viver numa sociedade dos direitos em que todos se esquecem que a liberdade individual termina onde começa a liberdade dos outros...

Comentários:

Concordo contigo!!

Cada vez é mais complicado lidar com estas situações. Enquanto professora posso dizer que as crianças começam desde o início a desafiar os professores porque sabem que não é permitido batermos neles. São os primeiros a dizer: Eu sei que tu não me podes bater... se me bateres chamo a policia... - disse um aluno da minha escola a uma colega minha.
É neste estado que está o nosso país. Com os polícias é o mesmo. Se eles atiram ou matam são condenados; se são vítimas ninguém se manifesta a favor deles. E com os médicos o mesmo...
Onde irá para este país?? Que jovens estaremos a formar se já vivem nestas desgraças e injustiças diariamente?? Espero que isto tenha um fim...  
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Ensino da Matemática para todos no Básico

Guterres voltou... mas para pior! Depois do célebre "ora bem, 3% de.... é só fazer as contas", hoje foi a vez de Sócrates dizer que a "maioria absoluta" do PS estava a 48h de distância.

Das duas uma... ou não sabe fazer contas, ou então quer que o pessoal comece a votar no Sábado...

Já não falo do vazio de ideias, da campanha-negativa-pela-positiva, das promessas dos objectivos falaciosos, da demagogia, da falta de honestidade... mas pelo menos, demonstrem que são um bocadinho mais inteligentes do que os miúdos da 2ª classe...

Comentários:

Eles falam, falam, falam...e não dizem nada. Ainda por cima não sabem fazer contas nem raciocinam como deve ser.
Afinal que " possível presidente " é este?? Está a precisar de regressar à escola para aprender a fazer contas...  

Porque é que dizes que as cartas foram enviadas com o dinheiro de todos os portugueses? Vieram do governo? Ou vieram directamente da campanha partidária?

A mim choca-me é o tratamento desigual dado aos candidatos, é não discutirem os temas de fundo do país (aí os jornalistas têm muita culpa - não sei se viste a entrevista do Santana à TVI ontem? Ele queria falar das propostas, mas a jornalista só estava interessada em esmiuçar os episódios das trapalhadas, dos colos e do Sr. Silva... deplorável).
Choca-me vir a ter um PM que não sabe dizer mais do que um monte de lugares-comuns. Choca-me vir a ter um Governo, que quer aumentar ainda mais o peso do Estado na sociedade. Choca-me ver o povo enganado com propostas completamente irrealizáveis. Choca-me ver o branqueamento feito aos anos da governação socialista. Choca-me ver o destaque dado ao aumento do desemprego (em que continuo a dizer estamos quase 30% abaixo da média europeia) e não dado à diminuição da inflação...

Quanto a já ter escolhido o meu candidato, também não é bem verdade. Ainda pondero se devo votar em branco... Porque nenhum deles merece credibilidade. Mas reconheço que o Santana me surpreendeu pela positiva pelas medidas que tomou. E isso é o que me interessa, são as medidas tomadas (que curiosamente - ou talvez não - ninguém nesta campanha contesta). Não são os malabarismos e as trapalhadas que me interessam, são as medidas concretas e objectivas tomadas, são as reformas de que este país há 30 anos precisa...  

As cartas vieram do governo (pelo menos assim aparentam e ouvi no noticiário que elas tinham sido enviadas como tal). Não têm qualquer alusão ao PSD nem incitam directamente ao voto no PSL, mas são claramente em tom de campanha.

Mais uma vez reconheço que as medidas concretas e a estabilidade é que são importantes. Reconheço que o culpado desta grande instabilidade não é do Santana e que ele no pouco tempo de governo, parece que governou bem. O problema é que o PS vai ganhar e não sei se terei melhores políticas e mais estabilidade com o PS com maioria absoluta (não presisando de perder tempo e energias a arranjar concensos) ou com o PSD (ou outro partido) com mais um deputado (que não terá nada a ver com esta discussão dos candidatos e que depois das substituições será algum desconhecido que vota aquilo que o partido lhe manda).
Basicamente a votar no PS voto para ajudar a ter maioria e nos outros voto para reforçar posições no parlamento.
Francisco  
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quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Mais duas...

A Mariana tem 6 anos e é seropositiva desde nascença. A mãe, descobriu durante a gravidez que estava infectada e, apesar da profilaxia, a Mariana também ficou infectada. O pai, toxicodependente, faleceu com uma tuberculose (por causa da SIDA) quando a Mariana não tinha ainda 1 ano.

A Mafalda tem 15 anos. Há alguns meses que tinha relações sexuais desprotegidas com o namorado de 17. Agora estão ambos infectados com o HIV... e a Mariana está grávida. A este "descuido" não há aborto que o "corrija" - e que tal se os partidos se lembrassem de defender a sério a educação sexual???

Comentários:

Obviamente que quem está grávida é a Mafalda...

E continuo a dizer que não há IVG que lhes retire o HIV e felizmente que o mais provável é que a criança NÃO nasça infectada.

Já aqui defendi a despenalização da IVG, mas continuo a pensar que MUITO mais importante do que isso é uma educação sexual adequada.  

O Ministério devia preocupar-se mais com a educação sexual das crianças. Elas gostam de experimentar tudo e os pais de hoje não têm tempo para as alertar para estas situações nem sequer pensam que lhes possa acontecer tal coisa em casa...  
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segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Às segundas leituras (II)

Esta semana foi rica em artigos ou opiniões... Como não podia deixar de ser, a aproximação das eleições, marca a actualidade nacional. Foi também durante esta semana amplamente evidente a influência dos meios de comunicação social nas decisões dos portugueses, a "labilidade opinativa" dos líderes partidários, a falta de memória da generalidade da população, o grande impedimento à modernização de Portugal e a intromissão inevitável da esfera privada na vida pública.

Internacionalmente, são ainda as eleições do Iraque que marcam as notícias e as reflexões sobre as relações Europa-EUA. Revejo-me particularmente neste texto, onde são expostas alguma noções de anti-americanismo que graçam pela esquerda intelectual europeia.
Ainda sobre o Iraque, uma reflexão sobre o papel de Portugal no conflito e a participação da GNR.
Em Madrid, assistimos a um déja vu, de causas ainda desconhecidas. Parece que (quase) tudo pode acontecer na capital vizinha.

Nas viagens pela blogosfera, encontrei acima de tudo as opiniões sobre a campanha eleitoral. Recomendo, entre todos um blog, uma história divertida e uma descontrução argumentativa do discurso do mais-que-provável-futuro-primeiro-ministro.

Finalmente, uma boa notícia de como se vai fazendo ciência em Portugal (investigação original sobre a utilização terapêutica de lentes de contacto impregnadas).
Uma notícia, no mínimo bizarra, sobre algo que é uma raridade em termos médicos - a gestação de gémeos em útero duplo.
Uma reportagem sobre a nova moda da prática médica nos EUA - ter um médico à disposição, 24h por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano - para os "impacientes" mais abastados. Eu não me importava de ter alguns clientes assim.
E ainda tempo para reflectir uma vez mais sobre a posição da Igreja acerca do uso do preservativo...

Espero que possal (re)ler estes textos e que, se não se conseguirem rever neles (como eu me revejo), que pelo menos possam reflectir e tirar as conclusões por mote próprio, não pela intoxicação da comunicação social!
Até prá semana!!! e Happy Valentine's...

Comentários:

se queres que te diga, acho que não li nada daquilo que recomendas, mas ficam anotadas as dicas...
sim concordo que devemos tirar conclusões por nós próprios...e eu estudo comunicação social!!! :)  
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Verdade? Ou ficção?

Uma história de um "erro (para)médico", acontecida nos USofA. Resumidamente, um homem é atropelado, vem a assistência paramédica, declara-o como morto. Passa 2h30m num saco para cadáveres, é metido numa câmara frigorífica e, casualmente é descoberto VIVO na morgue. Encontra-se numa Unidade de Cuidados Intensivos, em coma - não se sabendo se as lesões resultam directamente do acidente ou do "erro". Dois dos (i)responsáveis foram demitidos, outros dois estão "em re-formação"; outro ainda está em "averiguações".
Aqui fica a introdução à história:

INGLESIDE, N.C. - Larry Green stepped out of the darkness so suddenly that the car that hit him didn’t even leave skid marks. The impact sent his shoes, socks and the unopened beer in his hand flying.Green came to rest on U.S. 401 alongside a trash-strewn ditch, where he was examined by paramedics and declared dead.Over the next 2½ hours, the bloody body with a gaping head wound was zipped into a black vinyl bag, taken to the morgue and slid into a stainless-steel refrigerated drawer.There was just one problem: Green was alive.Two weeks after that shocking discovery, the 29-year-old Green clings to life in a hospital intensive care unit, paralyzed.[continua].

Apenas alguns excertos, daquilo que poderia ser hilariante, não fora tão horrível!
"...found no pulse or sign of breathing. Blood had formed a foot-wide corona around Green’s skull...told them Green was dead, but asked ... to double-check... replied that his determination was “good enough for me,”
Although the law does not require the medical examiner to go to accident scenes, ... showed up half an hour later and began examining the body, lifting and twisting Green’s broken right leg, rolling him over and inserting a gloved finger into the gash in Green’s head.“That’s more than I need to see!” Lamell shouted.
...several firefighters ...noticed what appeared to be an in-and-out movement in Green’s chest and abdomen. “Doc, is he breathing?” ... it was just air escaping or moving around inside the body.

Paramedics put Green in a body bag and drove him to the morgue... There, Perdue examined the body a second time. He took a blood sample, lifted Green’s eyelids and sniffed around the man’s mouth for alcohol. ... thought she noticed twitching in Green’s right eyelid. She asked Perdue if he was sure Green was really dead... responded that the twitching was a spasm, “like a frog leg jumping in a frying pan.” She asked Perdue again if he was sure Green was dead. He reassured her.
The body bag was zipped back up, and Green was placed in the portable morgue unit, where the temperature is kept a few degrees above freezing. Green probably would have remained in the stainless-steel container ... determine the direction from which Green had been struck.
This time, Perdue observed slight movement. He could not find a pulse in Green’s neck, thigh or wrist, even with a stethoscope. Perdue summoned paramedics and an electrocardiogram, which was able to pick up a faint heart rhythm."

O efeito dos "preconceitos" ou uma séria inqualificável de erros sistemáticos: Não tinha pulso, não foi iniciado suporte básico de vida, não foi transportado para o hospital, não foi determinada a morte correctamente (pelo menos deveria ter um traçado electrocardiográfico, um exame pupilar, uma pesquisa de reflexos), foram ignorados sinais clínicos de respiração... e se o acidente não lhe fez muito mal (não se sabe se sim ou se não), aposto que o frio, não o deixou em muito melhor estado!

O golpe de misericórdia, são as declarações de uma vizinha: who’s to say the paramedics weren’t right, and that Green did not come back from the dead?

Comentários:

mas que problema!

mas ja tenho ouvido faalr em casos desses, em que as pessoas acordam nas morgues - é mais naqueles programas sobre ´pos morte e o regresso dos mortos ao mundo dos vivos! lol

mas impressiona-me que isso possa acontecer...agora o individuo pode estar em coma devido ao congelamento...ui!  

Chocante é o mínimo...  
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Portugal profundo


... ou como alguns trabalham enquanto eles falam, falam, falam, mas não os vejo a fazer nada!
Algarve - Praia do Burgau - Agosto 2003

domingo, fevereiro 13, 2005

Doação de Medula Óssea

O João tinha 6 anos e uma leucemia. Há 6 meses que praticamente não saía do hospital. Tudo tinha começado com uma fadiga generalizada. Já não brincava como antes. Entretanto veio a febre, a perda de apetite, a dispneia (falta de ar). Começaram a aparecer manchas pelo corpo (petéquias) e os pais resolveram trazê-lo ao hospital.

O primeiro exame, revelou algo de anormal. Confirmado por outras análises - tinha uma leucemia. Começou a quimioterapia, ficou num estado muito fragilizado. Ficou sem cabelo e muito susceptível a "apanhar infecções". Passadas algumas semanas, começou a sentir as melhoras. Já tinha mais força, e o sorriso era mais vivo. Aparentemente estava a entrar em remissão. Foi para casa, mas cedo regressou: a leucemia tinha voltado, ainda não tinham os cabelos crescido.

Dada a agressividade da doença, foi proposto aos pais a hipótese de transfusão de medula óssea. O João não tinha irmãos. Ambos os pais fizeram as necessárias análises, mas não eram compatíveis. Puseram a hipótese de engravidar de novo, para que a colheita de células estaminais, pudesse ser feita do bebé então nascido. Mas talvez o João não pudesse esperar 9 meses.

Foi então que surgiu a grande notícia. Tinha sido encontrado um dador compatível. Entre os dadores voluntários a nível mundial, foi possível encontrar 1 compatível com o João. Menos de 1 semana depois, o João estava a ser transplantado. Tinha sido destruída toda a sua medula óssea, pelo que se encontrava muito frágil, mas não escondia a esperança de voltar a casa. Foram-lhe injectadas as células de medula óssea, que ao fim de uma semana "deram sinais de vida".

No sangue do João, circulavam agora células imunitárias do dador, saudáveis e o João parecia estar livre da doença. Pouco mais de 2 semanas após o transplante, o João teve alta. O seu sangue era agora praticamente normal e o gorro que usava para tapar a "careca" era da cor dos seus olhos azuis. O sorriso largo que apresentava, demonstrava melhor do que qualquer análise que o João "estava de volta"!

O João teve sorte em encontrar um dador. E tu, já és dador de medula óssea?

Comentários:

Eu também! ;)  

Eu inscrevi-me como dadora aqui à cerca de 1 mês quando alertada por uma amiga! Ando em campanha para outros amigos meus também se inscrever!!não custa e pode salvar uma vida =)  

eu tb sou
pena n ter podido ajudar ninguem  
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sábado, fevereiro 12, 2005

Os Homens de Canas

Que todos fossem como os homens e mulheres de Canas de Senhorim.
Pode não se concordar com a luta, pode não se concordar com os métodos, mas uma coisa há que ser reconhecida: a coragem e a persistência da população de Canas, a lutar pelos seus interesses.

Fôramos todos assim e o País estaria bem melhor! Convém reflectir a aprender alguma coisa com a luta de Canas... porque mesmo não conhecendo Canas e não sabendo as suas condições ou necessidades para ser concelho, só me apetece dizer:

Canas a concelho!

Comentários:

Relativamente ao facto de Canas de Senhorim merecer ser concelho ou não confesso que não estou suficientemente informado para emitir uma opinião sobre o assunto. Claramente não concordo com os métodos.
Com certeza que têm demonstrado atitudes de grande coragem (ou falta de ponderação....) mas não consigo evitar questionar, de cada vez que vejo o lider do movimento a falar e a incentivar as pessoas, se o que motiva o homem é mesmo a injustiça de que Canas é alvo (ou não) ou o eventual tacho de presidente de câmara que ele eventualmente gostaria de ter.....  

Preze, you're the man...  

até tento entedender a luta de Canas! concordo com a parte em que o Preze fala no tacho para Presidente da camara, e outros para secretárias, e outros para vereadores e outros para motoristas, no fim de contas Canas é "tão grande" que toda a gente ia ter um familiar directo a trabalhar na camara (uma boa medida para criar emprego - segundo uma medida de Socrates, mas isso ja é outra conversa!)

Canas se calhar não sabe que pela sua dimensão ia ter que dividir os financiamentos recebidos pela camera vizinha - Nelas, também não deve saber que o financiamento recebido não compensaria os gastos que iria ter para preencher os requisitos de qualquer terra a concelho!

também é de salientar que o objectivo nacional é diminuir o mumero de concelhos ou melhor não aumentar, tendo em conta as vias de informação e de ligação que existem entre as populações, ou seja, o serviço é prestado mais rapidamente e de forma mais eficiente (pelo menos tend epara tal) logo o dinheiro enviado para os concelhos tende a ser melhor aproveitado e mais bem repartido entre as terras, entre as freguesias, resultando daí um maior e melhor investimento na qualidade de vida dos cidadãos, dos habitantes!
eu só queria saber quais os propositos da luta de Canas, não ser freguesia de Nelas por causa dos dinheiros, ou se a independência passa pela ascensão a cargos "importantes"...  

Se achas que a preserverança cega por causas imbecis é uma atitude louvável...
Eu cá aprecio mais a ponderação, a diplomacia e, sobretudo... a inteligência  

Eu já estive em Canas.
A aldeia dos meus pais é maior que Canas.
Canas não reúne critérios nem para freguesia, quanto mais para Concelho...

"Porque sim" não é argumento.
Boicotar eleições não é método.
O direito à indignação não contempla o desrrespeito às forças da autoridade.
Ceder a esta birra é submissão política e corrupção eleitoral.

A causa dos Canenses envergonha Portugal.  
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quinta-feira, fevereiro 10, 2005

O Oráculo

... hoje falou comigo. Disse-me que daqui a 7 dias vou estar com gripe!

Desde que passei a trabalhar no serviço de Pediatria, que as "viroses" não me largam. Onde apanhei os vírus, não sei. Talvez duma ou outra crianças, duma tosse, espirro ou choro.
Mas hoje foi diferente: criança com tosse, febre, escorrimento nasal e mialgias (dores musculares) generalizadas. Influenza spp. Está com gripe. A meio da auscultação - cof - tossidela na cara. Em cheio! Aposto que vou ficar com gripe. Uma vez mais... que isto de ser médico tem o que se lhe diga.

Comentários:

Caro medman, é só para dar um abraço amigo e solidário neste momento difícil que se avizinha eheheh. Eu já tive a minha gripe este ano... Como dizia o outro na televisão: "nestas alturas abifa-te, avinha-te a abafa-te" (sic)  

Deixa lá de ser hipocondríaco! ;)
Mas por acaso é verdade... A medicina é uma profissão de risco. Estamos expostos a uma infinidade de vírus e outros agentes infecciosos!  

para a proxima usa uma mascara, mas para não assustares poe uma com uns bonecos do shrek ou qualquer coisa do genero!
ó sxenhor dotor!,mas o que fez às vacinas contra a gripe de maneira a não estar spr em recaida?tss...tss  

Malandro... não sabes para que servem as vacinas? Vais ficar com gripe uma ova, em quase 30 anos de situações dessas só apanhei a gripe uma vez, (e não tomo a vacina). Em madeira ruim não pega bicho...  

infelizmente não consigo escapar... é certo que não são gripes "a sério", mas sempre que passei pelo serviço de Pediatria, andei o tempo todo com "pingo no nariz". Mas acho que finalmente estou a ganhar imunidade!  
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Mandem já a TVI atrás dela...

Apanhada Estrela a Fugir da Via Láctea

Descoberta supreendente de uma estrela a "fugir" da Via Láctea, após ter sido "expulsa" pelas forças na proxiidade de um buraco negro.
É melhor ir já lá a TVI, que a descobre, mas não diz nada a ninguém!

Comentários:

Agora já vão tarde!
Essa estrela já fugiu há uns bons milhões de anos. Só agora é que vemos essa fuga, pois a luz demora que se farta a chegar até nós! Só viaja a 300000 quilómetros por segundo... ;)
Provavelmente, a esta hora, a estrela já foi apanhada a tiro pelo guarda de serviço. Já deve estar bem morta! :)  
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Será do Guaraná?

Porque será que o PS está tão preocupado com o modo como Santana faz campanha?
Porque será que as campanhas eleitorais tenham de passar por beijinhos a desconhecidos?
Porque será que Sócrates repetiu a mentira do apoio do Prof. Cavaco Silva?
Porque será que o Público não fez um desmentido oficial?
Porque será que alguns meios de comunicação social continuam a "levantar suspeitas" de que o Prof. Cavaco terá dito "alguma coisa"?
Porque será que o PS continua a fazer campanha sem apresentar qualquer proposta construtiva?

Porque será que alguns cardeais não permitem a reforma do Papa?
Porque será que os processos sumaríssimos são só para alguns?


Comentários:

Por favor, não conspurquem um blog médico com trampa político-eleitoral.  
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quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Somos famosos...

... hoje aparecemos no "Tempo Medicina", numa reportagem sobre "Médicos na Blogosfera".

A todos quantos nos visitam pela primeira vez, benvindos. Sintam-se à vontade para explorar os nossos arquivos, onde entre alguns desabafos e "tricas políticas" - quem as não tem nesta altura, poderão encontrar algumas estórias sobre "médicos, doentes e outras gentes" - como diria João de Araújo Correia, médico e poeta.

Contamos com a vossa participação e com as vossas visitas frequentes, para partilhar os nossos desabafos e para expiar as culpas (as nossas e as dos outros, porque nem sempre a culpa é do médico...)

Comentários:

Parabens então ...só vos posso dizer isso....  

:)
Também fui entrevistado para esse artigo do Tempo Medicina. Só que não tenho acesso ao site porque ainda não sou médico! :(
Gostava de saber o que escreveram sobre o meu blog (se é que escreveram alguma coisa...) mas pronto... Parece que vou ter que esperar 6 anos...  

quando vale a pena ser-se famoso...é-se...  

Fiquei banzado quando vi que faziamos capa do jornal!! Abraços, JC  

Francisco, se já é médico só tem que se registar no site do Tempo Medicina com o n.º de célula profissional. Assim, poderá até passar a receber o jornal em papel :-)  
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Contacto com o lar

Foi no início de Junho de 2003, que me propus a ir com outro colega para uma cidade do Alto Douro, realizar o estágio de Medicina Comunitária.
Durante 2 semanas, estabelecemo-nos numa pequena comunidade, onde ao fim do 1º dia éramos já conhecidos como "os novos doutores". Entre as muitas peripécias ocorridas (talvez fiquem para outra história), tivemos a oportunidade de contactar de perto com a realidade da população local, quer através da frequência do Centro de Saúde, quer através de visitas domiciliárias e inclusivamente através de visitas ao Lar de Idosos local.

Confesso que a minha experiência de Lares era (e continua a ser) muito reduzida. As poucas visitas que tinha feito, foram a umas "tias" velhotas que habitavam à altura um daqueles "lares 5 estrelas". O primeiro contacto com o lar, até não foi mau... Fomos apresentados ao Director, numa recepção simples mas agradável. Após 5 minutos de conversa, começamos então a visita propriamente dita. Dirigimo-nos com as enfermeiras que nos acompanhavam à "sala de convívio" e tivemos o 1º grande choque. Uma televisão num canto; cadeiras a toda a volta, com idosos sentados, de olhar absorto, sem qualquer tipo de comunicação com o meio exterior. Tentámos ainda "arrancar" uns sorrisos - o que não foi tarefa fácil - e demos a assistência técnica a quem "estava marcado". Entre uns pensos e uns conselhos gerais, ficou despachado o assunto.

Entretanto, fomos para outra ala do lar, onde estavam os "quartos". A caminho, passamos por uma varanda onde alguns dos idosos em melhor estado conversavam animadamente e por onde demorámos uns bons 10 minutos a passar, quais políticos em campanha a entregar beijinhos e frases feitas!

Chegámos então à ala dos quartos, onde a primeira impressão que retive foi o cheiro. Um misto de cheiro a urina com suor, misturado com o cheiro a "doença" e a medicamentos. Uma combinação explosiva! Os quartos, inicialmente planeados para 1 a 2 idosos, continham entre 4 e 5 camas. Tudo gente do mesmo sexo em cada ala, para não haver confusões, excepto o caso dos casais, que partilhavam o quarto com mais 2 ou 3 pessoas. Dentro das condições existentes, tentaram dar-lhes alguma dignidade, com quarto de banho privativo (para cada quarto) e 1 armário (pequeno) para cada pessoa. Fomos assistir algumas das pessoas que estavam acamadas (essencialmente tratamentos de úlceras de pressão), e percebemos que durante todo o dia, tirando os períodos das refeições, foramos a sua única companhia.

Era contudo louvável, o esforço que os profissionais deste lar faziam, para melhorar a vida destas pessoas e manter um ar "higiénico" nas instalações planeadas para 1/3 da lotação actual.

Terminamos a visita com um apertozinho no estômago, em parte devido às condições que estes "velhotes" tinham, ao seu ar de sofrimento e à falta de privacidade, mas acima de tudo pela solidão que demonstravam. Deve ser terrível, viver os últimos anos da vida, a ver os "vizinhos" morrer e permanecer sozinho na multidão...

Comentários:

tencionava comentar a Campanha Surreal. Talvez por ser tal não o consegui (e net também é surreal!). vou referir este post la no meu, tá colega? porque o achei real, real, real....não confundir com monarca  
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Campanha surreal

Jornal diz que Cavaco apoia Sócrates.
Cavaco manda dizer que é mentira.
Sócrates congratula-se pelo apoio de Cavaco.
Jornal corrige que Cavaco não disse mas pensa.
Cavaco diz que é uma perfeita mentira!
Sabemos da notícia através de "outros" jornais.

Marcelo diz mal de Governo.
Governo queixa-se de não haver contraditório.
Oposição queixa-se que é um escândalo a queixa do Governo.
Marcelo sai da TVI.
Marcelo "faz as pazes" com Santana.
Marcelo "assina" pela RTP.
Oposição queixa-se de não haver contraditório!
Santana queixa-se das queixas da oposição.
Oposição diz que Santana "não diz nada de jeito"!

Santana governa enquanto demissionário.
Oposição queixa-se de utilização de meios do estado para fazer campanha.
Santana diz que quando lá estiveram fizeram a mesma coisa.
Oposição (ex-governo) ofende-se e diz que era diferente.
Oposição obriga Rancho Folclórico a actuar em comício porque têm "contrato" com Câmara PS.
Oposição acha normal. Acha que não é abuso de poder.

Presidente da CAP visita delegação do PS.
Presidente da CAP diz que não foi expressar apoio ao PS, mas sensibilizar TODOS os partidos para as suas acções - com os quais vai ter reuniões.
Comício do PS diz que "até o presidente da CAP nos apoia".

McCarthy castigado por 2 jogos.FC Porto recorre do castigo.De castigo, castigo aumentado para 3 jogos.

Santana debate com Sócrates.
Ambos "cantam" vitória.
Santana e Sócrates com comícios no mesmo sítio.
Ambos dizem ter mais gente que o outro.
Em ambos os casos as opiniões dividem-se, mas ninguém apresenta dados concretos.

Santana diz que não quer misturar campanha com Carnaval (como sempre disse aliás!)
Santana tem acções governativas enquanto disse que não fazia campanha.
Santana acusado de fazer campanha por "utilizar o Falcon" - esse velho amigo - para ir a base áerea.
Santana convoca os jornalistas para a Residência do Primeiro Ministro.
Santana dá conferência de Imprensa onde fala de temas de campanha.
Santana acusado de usar "dinheiro do erário público" ao dar uma conferência de imprensa (deve ter sido da relva que foi preciso "replantar" no jardim)

Santana diz mal de Sócrates. Sócrates diz mal de Santana.
Sócrates diz que: "Aqueles que apenas se dedicam à maledicência é porque não têm nada de bom para dizer aos portugueses"
Santana diz que quem votar PS está a votar nos que fugiram em 2001.
Sócrates diz que quem votar PSD está a votar no "rei das trapalhadas".
Nenhum explica o que quer fazer...

Cada qual que tire as suas conclusões desta autêntica campanha "surreal"...

Comentários:

E achas bem a campanha do PS? Onde diz mentiras comprovadas (apoio da CAP), repete as mentiras, mesmo após desmentidos oficiais (caso Cavaco), acusa o PSL de governar em tempo de campanha, mas quando não o faz acusa de não governar, dizer que eles fazem a campanha pela positiva (e a única coisa que sabem dizer é falar mal do Santana)?

E já agora, não achas que o direito ao recurso de uma pena é um direito fundamental da justiça? E que ninguém deve ser penalizado por recorrer? Onde é que está a justiça nisso? Já agora, não achas estranho demorar 2 semanas a julgar o caso McCarthy e 2 dias a julgar o Pedro Emanuel? E já agora, também não achas estranho que as penas ampliadas (McCarthy e Nem) terminarem precisamente nos jogos contra o Benfica? E não achas estranho que os sumaríssimos não sejam aplicados a todos? E também não achas estranho que estas decisões tenham vindo precisamente do órgão que o presidente do Benfica, se congratulou publicamente por controlar, porque era melhor do que comprar bons jogadores, para ganhar campeonatos?

De facto, cada vez mais me sinto um "relógio num quadro de Dali"!  
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terça-feira, fevereiro 08, 2005

Pouco usada...

Estava eu no 3º ano da faculdade de Medicina, pela primeira vez de forma autónoma (mas na companhia de uma colega), a colher uma história clínica.
A D. Gabriela, tinha 72 anos e estava reformada por doença profissional (que não consegui descobrir qual) desde os 34 anos. Tinha um filho, do ex-marido de quem se tinha divorciado aos 32 anos.
Estava internada, em estado de anazarca (tinha edemas - água no tecido extracelular - generalizados), devido a descompensação da insuficiência cardíaca pós-isquémica que tinha há cerca de 7 anos.
Pode-se dizer que a D. Gabriela tinha uma história clínica simples e típica (que contava de forma pormenorizada, embora confusa), mas a sua história social tinha alguns dramas familiares. O maior dos quais tinha ocorrido quando 40 anos antes foi abandonada pelo marido, com um filho de 4 anos nos braços. Era então, operária têxtil e queixava-se já de lipotímias (desmaios) de repetição. Teve notícias do "marido" apenas 30 anos depois, quando ele apareceu de novo na "terra" e pediu o divórcio - parece que tinha estado no Brasil. Teve uma vida com necessidades vivendo actualmente com o filho, a nora e o neto.
Como qualquer história clínica de aluno do 3º ano da faculdade, estivemos horas intermináveis a "conversar" com a D. Gabriela, para espremermos mais algum sumo da história e ganhar a confiança dela. Fizemos as perguntas "da praxe" sobre a história reprodutiva e a menopausa e então, perguntámos acerca da sua actividade sexual.
E foi nesta altura que respondeu, com uma lágrima a escorrer pela face:
- Ó doutores... eu sou velha mas fui pouco usada. Só tive um homem na vida e desde que aquele &%$%&$ foi embora, nunca mais soube o que isso foi!
Ainda hoje, no meio dos sorrisos que esta expressão simples provoca, sou capaz de me lembrar da tristeza que acompanhou aquela lágrima...

Comentários:

"eu sou velha mas fui pouco usada" é lindissima essa frase faz-me lembrar, a ultima frase de "Amor em tempo de colera" de Gabriel Garcia MarqueZ é uma frase lindissima.
Apeteceu-me  

:)  
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segunda-feira, fevereiro 07, 2005

Às segundas leituras (I)

Em complemento do "pregador dominical", inicio aqui um novo espaço de partilha de "links" para notícias ou textos que considero interessantes, ou que pelo menos fazem pensar. Não concordarei necessariamente com todos, mas regra geral, colocarei textos com os quais me identifico. É assim mesmo, textos para ler às segundas, e que merecem ser lidos segunda vez!

Afinal ainda é possível recuperar o nosso património histórico.

Um herói dos dias modernos. Este homem, sabendo que o seu avião se iria despenhar, mudou intencionalmente de rota, para não cair numa área residencial.

Acerca da hipocrisia dos jornalistas que conduzem debates e se queixam de não serem respondidas as perguntas que eles não fizeram.

A ironia da Esclerose Lateral Amiotrófica. Ou em como um médico que dedicou toda a sua carreira à ELA, acaba por ser afectado por ela...

Ameaça de uma nova Guerra Fria. Fui dos que apoiou a intervenção no Iraque, que apoia a causa Israelita, acredita na luta contra o terrorismo e admira muitas das lições democráticas e de desenvolvimento da sociedade americana. Mas isto é capaz de ser um bocadinho exagerado...

Papa João Paulo II acusado de fazer playback. A confirmar-se é mais um "embuste" da igreja católica. Um entre tantos outros...

E para terminar... alguém que pensa como eu! Talvez não seja tão radical e não duvide das intensões, mas também acha que o Cenoura abriu um precedente gravíssimo. Muito mais grave do que termos governo de PSL por mais 2 anos!

domingo, fevereiro 06, 2005

E viva o líder!

Viva o líder, viva. O líder voltou...

E com o líder vieram algumas constatações (cuidado, não são contestações...)
#1. O líder devia jogar todos os dias... Mais uma vez se confirmou que em dia de jogo do líder, a afluência ao Serviço de Urgência é mais reduzida. Conclusão: o líder faz bem à saúde!
#2. O líder dá projecção a Portugal... Experimentem fazer uma pesquisa em qualquer site de agência noticiosa estrangeira com o termo "portugal". Resultado: 80% das respostas falam de futebol; a maioria do líder e dos jogadores estrangeiros (ah e desse ex-arrogante-agora-melhor-do-mundo, o mouro pequenino); o resto fala de Tiago Monteiro, Durão Barroso, um ou outro cientista ou são reportagens de Portugal enquanto destino turístico. Quanto à política ou economia... nada... são reduzidas à insignificância que merecem do resto do mundo.
#3. O líder cultiva a qualidade. Mesmo indo à frente, acha que vai mal. O líder quer sempre mais.
#4. O líder é o sector mais competitivo de Portugal. É a única actividade em que somos os melhores do mundo.
#5. O líder tem uma revista gira... Quem nunca levou a "Dica da Semana" para o WC? Ah, e também recomendo a "lasanha do líder"... É pena que este líder seja alemão...

Comentários:

o líder é competitivo porque ganha... quanto ao prejuízo, é como o défice... desde que cumpra com o pacto de estabilidade!!!

e sim... este anos tem havido muitos líderes... lol  
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sábado, fevereiro 05, 2005

E se te atirasses daqui?

Uma verdadeira pérola... Ouvi-a ontem de manhã, a caminho do hospital, numa rádio de grande projecção nacional. Um dos seus "politiqueiros" - ou comentadores políticos - queixava-se do debate da noite anterior entre Santana e Sócrates. Que não tinham discutido a economia nem a recuperação económica e estabilização das contas públicas (mas porque será que os jornalistas se queixam de não ter sido debatido, quando os candidatos tinham que "responder" às perguntas que lhes colocavam - e não as colocaram como deviam... mas enfim, adiante).
A dado momento diz algo assim do género: "Bem, Santana Lopes ainda falou acerca de medidas concretas para lutar contra o défice, mas isso não tem grande interesse porque ele não vai ser primeiro-ministro! Interessava era saber as posições de Sócrates..." - enfim... uma questão de... colos!

E que tal se deixasses de nos insultar a inteligência... ou então que tal atirares-te daqui a baixo?


Cabo de São Vicente - Algarve - Portugal Posted by Hello
O "fim" (ou o início...) da Europa virada para o Atlântico ou o embrião dos Novos Mundos que demos ao Mundo.

Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»

Pena que haja poucos Homens assim...

sexta-feira, fevereiro 04, 2005

O "derby" como não podia deixar de ser...

O Cartaz da Discórdia...


"Sabe mesmo quem é? Que obras lhe conhece? Que vitórias obteve? Que decisões tomou?" Eis o texto do cartaz que tanto escandalizou o líder do PS... ou será que foi por ter ficado feio na fotografia? E já parecia uma virgem ofendida... Ele que apelidou o actual PM de "rei das trapalhadas", cujo partido usou e abusou das "santanetes" e do ar de "playboizinho"; que o acusou de fugir aos impostos, vem-se agora queixar de uma qualquer alusão a "outros colos", que segundo o próprio e alguns analistas faz alusão a uma queixa de que "Sócrates está a ser levado ao colo." - quem é agora que mais se "arma em vítima"?
Então em Julho de 2004, a uma entrevista ao infame "Expresso", José Sócrates diz que é muito liberal relativamente ao casamento entre homossexuais e agora vem dizer que é contra? E disse no início da semana que o seu programa de governo era muito claro relativamente a isso e ontem afirma que o programa de governo não diz nada porque é preciso esperar por um "consenso" na sociedade?
Depois de muito criticar as "metas aspiracionais" do ministro António Mexia, José Sócrates transforma "promessas" em "objectivos políticos". - afinal não foi isso que ele andou a contestar durante as últimas 2 semanas?
"Inglês para todos no básico" - será que o candidato a PM não sabe a diferença entre Ensino Básico e Primeiro Ciclo, ou os cartazes são só para enganar? E já agora, porque não Francês, Alemão ou Espanhol?
Já não suporto o chavão "continuidade ou mudança. Isso é que os portugueses têm de decidir, entre a continuidade ou a mudança"... - se calhar devia ter aprendido línguas no Ensino Básico, pelo menos a "sonoridade" era diferente, já que o conteúdo é sempre o mesmo.
E vejam só a "substância" desta magnífica resposta...

RC (já agora, diga-se que irmão de António Costa, um dos "ministeriáveis" do PS)
Diga. Então, explique-as aos Portugueses porque eu, sinceramente, não as percebo.
SÓCRATES
Já fiz as contas e, em primeiro lugar, quero esclarecê-lo de que não é aumentar as pensões, é dar uma prestação extraordinária.
RC
Desculpe, então, gastar mais para compensar as pensões baixas.
SÓCRATES
Exacto. É uma prestação extraordinária. E é agir naquela área em que a pobreza é mais desesperante, onde a pobreza não tem voz, que é na pobreza nos idosos. Nós temos a seguinte situação em Portugal: nós temos uma taxa de pobreza muito semelhante à média europeia, nas classes mais baixas, mas temos o triplo da taxa de pobreza nos idosos. É, portanto, nos idosos, que nós temos de actuar. E se nós queremos fazer alguma coisa pelos idosos, não podemos apenas esperar que as pensões sociais e as pensões mínimas se possam aproximar, lentamente, como tem sido o caminho, do salário mínimo nacional. Nós temos que ir mais além disso. E quero dizer o seguinte: com o Partido Socialista, a pobreza vai voltar à agenda política. O combate à pobreza vai ser uma prioridade, porque, verdadeiramente, uma sociedade que se… para se respeitar si própria, tem de combater a pobreza. Nos últimos três anos, subiu muito… subiram as desigualdades sociais, em Portugal, mas também foi muito esquecido o combate à pobreza. E é nesta área, na pobreza dos
idosos, onde se verifica… onde se verificam situações mais escandalosas. E é aqui que temos de actuar. E isto está muito quantificado e muito… o programa está muito claro. Nós podemos fazer em quatro anos, dar a todos os idosos que tenham rendimentos apenas da… provenientes das pensões, que não tenham outros rendimentos, nós podemos dar-lhe uma prestação extraordinária que os tire da pobreza. Porque, quando uma sociedade tem possibilidades - e tem - de combater a pobreza, também o deve fazer. Não peçam a um socialista para virar a cara para o lado quando existe pobreza em Portugal. Isso vai ser uma prioridade do Governo.

Quanto a medidas concretas... ou metas aspiracionais, ou objectivos políticos, como lhe queiram chamar... sugiro que leiam o texto integral em www.sic.pt e que descubram as diferenças. De um lado uma mão cheia de chavões e frases feitas, do outro propostas concretas, que não foram contestadas (tal como as medidas tomadas pelo governo), e cuja réplica máxima que mereceram foi: "então se tem tantas ideias, porque é que não as aplicou em 3 meses de governo?" - 3 meses? Está tudo bêbedo? Como é que é possível aplicar medidas em 3 meses que outros não aplicaram em 6 anos?.
Razão tinha um tribuno romano, quando no século I dizia, referindo-se aos lusitanos: "Pobre povo este, que não se governa nem se deixa governar!"

Comentários:

Haverá alguém que, com a cabeça e não com o coração, seja capaz de me explicar qual é melhor e porquê?
Mudando de assunto, que o país não pára neste carnaval (o mais longo... até 21) comentem este post "a liberdade dos outros termina onde começa a minha" em http://tabemexisto.blogspot.com/  

Francisco, globalmente concordo com os teus comentários. Quanto ao facto de PSL não ter feito nada na Câmara de Lisboa, não conheço exactamente os factos, mas acho que houve algumas medidas boas (requalificação do Parque Mayer, reabilitação urbana e acessibilidades viárias); contudo confesso que só conheço a situação por alto.

Já quanto aos "episódios que prejudicaram o país", não estou de acordo. Ou o país é prejudicado por dizer mal de um comentador político e por um ministro se demitir e acusar alguém de traição? Globalmente acho que foram feitos grandes escândalos mediáticos acerca de muito pouco coisa... ou como diria Shakespeare: "Much ado about nothing"!  

Já agora, quanto aos cartazes acho que não há nada de novo. Vejam-se os cartazes do Bloco de Esquerda (só para dar um exemplo) nas últimas 3 eleições.
É um estilo de "publicidade" a que não estamos habituados em Portugal, mas que é muito usada em todo o mundo (nomeadamente nos EUA com as constantes guerras Pepsi/Coca-Cola e McDonalds/Burguer King).
Se dá resultado? Não sei nem me interessa. Isso é da responsabilidade de quem a faz. Acho é que não deve ser contestada nem considerada ofensiva...
Isto é tipo mentalidade de Bloco de Esquerda: nós podemos dizer mal de tudo, que é um acto democrático; mas ai de quem diga mal de nós... não tem integridade para o fazer!  

#1. Os cartazes são o preço a pagar pelo "combate político". Têm que estar preparados para isso. Da mesma forma que as figuras públicas têm que estar preparadas para aparecer nas revistas cor-de-rosa, mesmo quando não querem. Se fosse a MINHA cara espalhada por aí e estivesse em "combate político", até podia não gostar, mas tinha que comer e calar.

#2. Tenho pena que não queiras debater mais... Afinal parece que não é só o Sócrates (desculpa lá a piadinha...)  

Comentários aos comentários dos meus comentários...
#1. Cartazes do PSD. Eu não disse que gostava ou que achava bonitos. Disse e continuo a dizer que são legítimos. E acho que os visados não se devem armar em vítimas relativamente a isto. Se as pessoas não gostam (e têm o seu direito de não gostar) julgarão isso nas eleições. Disse e continuo a dizer que os cartazes não são ofensivos.
#2. O caso do túnel do Marquês, ainda vai dar muito que falar. Mas para já os tribunais dão razão à CML... que não era preciso estudo de impacto ambiental. Donde a paragem das obras, com tudo o que isso acarreta, não é responsabilidade do PSL.
#3. A reabilitação do Parque Mayer ainda está muito longe de estar concluída, mas foi um projecto iniciado pelo PSL. E sim, inclui a construção de um casino, e vai ter um projecto do Frank Gehry, e aposto que vai trazer dinheiro a Lisboa. Tirar o mérito (ou demérito) disto ao PSL é como tirar o mérito (ou demérito) do Euro 2004, ao governo socialista que iniciou o projecto.
#4."o país é prejudicado quando um ministro comete o crime de falar com o Paes do Amaral e diz que ou o Marcelo se modera ou a TVI perdia as hipóteses num concurso para o estado". Onde é que viste isto? Aconteceu mesmo? Até que me provem o contrário, continuo a acreditar que o "caso Marcelo" foi criado pelo próprio para criar desestabilização e tirar dividendos políticos disso.
#5. Lembras-te quando o Carrilho se demitiu, quais foram as "bocas" que mandou ao Guterres? E aí não houve "caso".
#6. O caso da colocação dos professores, foi mau... foi muito mau. Importa é saber se aprenderam com os erros.. ah, mas já me esquecia, que não vão poder aprender porque não lhes deram tempo para isso.
#7. Continuo à espera que me dêem exemplos fudamentados e com alternativas credíveis para medidas que o governo tomou e não devia ter tomado e medidas que não tomou e devia ter tomado.
#8. Eu nunca fui fã do PSL, confesso que pelas medidas que tomou o seu governo me surpreendeu pela positiva; que considero que o governo tinha pessoas muito válidas e com bom trabalho mostrado, e continuo a achar que devia ser julgado pelo seu trabalho no fim do mandato; no fim dos quatro anos para os quais foi planeado o programa de governo porque agora, sempre que disserem que o governo prometeu e não fez, tem sempre uma boa desculpa: não teve tempo para tomar todas as medidas!  
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quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Acreditem... é a mesma notícia!

Segundo o "O Primeiro de Janeiro" de ontem, conforme alertado pelo médicoexplica:

A família de uma jovem de Darque, Viana do Castelo, que ontem morreu depois de “dias a fio a correr para o hospital” ameaça processar o Centro Hospitalar do Alto Minho por alegada negligência médica. “Ainda ontem a minha cunhada foi ao hospital duas vezes, cheia de dores de barriga, e das duas vezes a mandaram embora para casa. Receitaram-lhe uns comprimidos e disseram-lhe para ter paciência que as dores haveriam de passar. De manhã, dei por ela morta na cama”, contou Carla Costa. Segundo esta familiar, desde sexta-feira que a cunhada, de 26 anos, “andava a correr todos os dias para o hospital, sempre cheia de dores e de vermelhões no corpo”, mas “nunca foi vista com a atenção que justificava”, até porque a jovem tinha dado à luz a 7 de Janeiro, após uma “gravidez de risco”.“O parto foi de cesariana e os médicos decidiram fazer-lhe uma laqueação das trompas, por considerarem que uma futura gravidez poderia ter ainda maiores riscos. Ora, como se entende que uma pessoa com estes antecedentes vai ao hospital cheia de dores de barriga e mandam-na assim para casa, sem verem o que se passa?”, insurgiu-se Carla Costa. Garantiu que vai esperar pelo resultado da autópsia para saber por que razão a sua cunhada morreu e que, caso se venha a provar que houve negligência, processará o Centro Hospitalar do Alto Minho (CHAM), “para que a culpa não morra solteira”.

Segundo o "Público" de hoje:

O director clínico do Centro Hospitalar de Viana do Castelo (CHAM), hospital onde foi atendida por várias vezes a jovem que acabaria por falecer e sobre o qual recaem agora acusações de negligência médica, anunciou ontem que foi aberto um processo de averiguação ao que terá acontecido na noite de anteontem.
De acordo com os familiares, Manuela Morgado, a jovem de 26 anos que acabaria por falecer em casa, terá sido atendida por cinco vezes naquela unidade, mas sem que tivesse ficado internada. Uma versão desmentida pelo CHAM, que apresenta o termo de responsabilidade assinado pela jovem na mesma noite e ainda o documento que comprova que esta teve "alta contra parecer médico".
Em declarações ao PÚBLICO, Adriano Magalhães revelou que a jovem, residente em Darque, Viana do Castelo, possui um longo historial clínico no CHAM e era já conhecida naquele hospital. "A mulher era conhecida porque era utente do regime de consulta externa, já que era toxicodependente. Era também seropositiva, tinha sífilis e possuía também antecedentes de bronquite crónica", argumentou o médico, sublinhando que as cinco entradas no Serviço de Urgência (SU) do CHAM eram relativas a três dias diferentes e que os sintomas eram de dores torácicas e falta de ar, sem qualquer sinal de febre alta.
Na unidade hospitalar, e no último dia de entrada no SU, salientou ainda o clínico, foram efectuadas radiografias ao tórax, abdómen e coluna e feitas análises sanguíneas, "tendo o médico concluído que a imagem pulmonar era compatível com o quadro de pneumonia". Só que "a doente recusou fazer a gasimetria [exame aos gases arteriais do sangue] ou ser submetida a qualquer outro tratamento", tendo abandonado a unidade hospitalar com "alta contra parecer médico" e com termo de responsabilidade, documento a que o PÚBLICO teve acesso.
Para o responsável, confrontado com as acusações de negligência médica e a possibilidade de existir um processo em tribunal, "será importante aguardar pelos resultados da autópsia [realizada ontem ao fim do dia e cujos resultados ficam agora sob segredo de justiça]". O CHAM já accionou os mecanismos para que fosse aberto um processo de averiguações.
Recorde-se que a família da jovem, que tinha um menino de apenas três semanas, alega que exigiu que a mulher ficasse internada, mas sem sucesso, pelo que esta terá falecido por falta de assistência em casa.

Ou seja, de uma dor de barriga numa recém-mamã a quem laquearam as trompas não-se-sabe-bem-porquê, passamos a uma pneumonia numa imunodeficiente que recusou continuação do estudo e internamento. Tinha competência para decidir... decidiu ir embora - assinou termo de responsabilidade contra parecer médico - caso encerrado.
Parece que a família exigiu internamento... infelizmente a família não manda... e os médicos também não!
E mais um exemplo de brilhante jornalismo (o primeiro, o jornalismo sensacionalista de massas) ou de um jornalismo que apenas tenta ser competente (o segundo).


Comentários:

Espero bem que o caso vá a tribunal... mas com os Hospital a processar a família e o primeiro jornal por calúnia e difamação! Infelizmente notícias destas têm aparecido muito frequentemente e se é certo que um Médico que cometa um erro deve pagá-lo; também deve ser indeminizado por difamações.
CrisVSousa  
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quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Mais uma pérola jornalística da TVI

Passou ainda há pouco no Jornal da Noite... Era sobre a infertilidade.

Que a infertilidade é um drama, para todos aqueles que querem ter filhos, é certo, mas há que ter decência quando se transmitem as "reportagens".

Ora não é que segundo a TVI, a infertilidade afecta 1 milhão e meio de portugueses? Na verdade, estima-se que a infertilidade atinja cerca de 10% dos casais em idade fértil (e que ao fim de 1 ano de relações sexuais regulares, sem métodos contraceptivos, não conseguem engravidar). Vamos então fazer algumas contas... Segundo o INE, em Portugal existem 7 064 300 habitantes entre os 15 e os 64 anos. Se considerássemos que todos estes, estariam em idade fértil e com relações sexuais regulares, mesmo assim, o número estimado de afectados, seria menos de metade do número anunciado pela TVI (cerca de 706 mil)

O outro destaque da reportagem era que "em Portugal é preciso pagar para ter um filho". Que os tratamentos de inseminação in vitro custavam cerca de 5000 euros e que os casais andavam a poupar durante anos, para terem dinheiro para os tratamentos. Depois, aí em 10 segundos da reportagem, dizem que afinal, os hospitais públicos oferecem estes tratamentos, mas que não têm capacidade de resposta adequada e que as listas de espera são intermináveis (entre 1 a 2 anos). Ora pergunto eu, um casal que "poupa dinheiro durante anos", não podia aproveitar esse tempo para estar na lista de espera? E 1 a 2 anos é um "tempo interminável" para uma situação não urgente?
E os milhares de casais tratados no serviço nacional de saúde? Não contam? Esses não aparecem na reportagem, para poderem "mostrar" como o atendimento "gratuito" no SNS foi eficaz?

Haja paciência para aturar este jornalismo de vão de escada!

Comentários:

O truque é naturalizarem-se chineses ou indianos...Com custos mto longe dos tais 5000 euros...

http://www.zonafranca.blogspot.com/  
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Chegada a Lamego

Lamego, 5 de Janeiro

Primeiro dia de trabalho no Hospital de Lamego . Depois uns (bastantes) anos pela Faculdade de Medicina/Hospital de S. João, com o curso (finalmente) acabado, houve a necessidade de escolha do sítio para onde ir fazer o Internato Geral/Ano Comum/estágio/escravatura (whatever). Premissas para a escolha? Longe de um Hospital Central e perto do Porto.

Longe de um Hospital Central porque:
  1. Estou farto de hospitais mega/giga/tera grandes. Não estou gordo para ter de fazer km e km dentro de um edifício diariamente. (medman, peq indirecta).
  2. Quis ir para um sítio onde de facto fizesse falta, não sendo apenas mais um.
  3. Um sítio onde pudesse acompanhar os doentes, onde os doentes interessantes não fossem logo para sub-especialidades, para sobrar para a Medicina Interna apenas os cacos (que também têm direito a médico, e deviam ter direito a uma especialidade só sua, Geriatria, mas isso é tema para um post by it self)
  4. Onde não houvesse Sr. Prof. que esperam que a gente lhes lamba o **** todos os dias (pelo menos os dias em que se digam em lá pôr os cotos - mais um post)
  5. Onde me sinta parte integrante de uma equipa.

Perto do Porto, porque sim, porque tenho aqui os meus amigos, a minha vida, o meu computador, os meus locais de lazer.

Daí que as minhas escolhas foram os Hospitais Distritais à volta do Porto, a uma distância suficiente para poder vir jantar ao Porto sempre que me apeteça. Quis a minha média e as escolhas dos outros que ficasse em Lamego. Ainda bem, a escolha seguinta era a Horta. Adeus jantares no Porto. A não ser que algum dos meus amigos políticos me dessem acesso ao Falcon do Governo.

Lamego é uma cidade fabulosa, com uma população simpatiquíssima, com uma gastronomia fabulosa, a 1h15/1h30 do Porto (A24-IP4-A4).

Primeiras impressões.

Dia 28 fui ao Hospital perguntar em que dia me devia apresentar ao serviço, onde, quando me precisaria de preocupar com o contrato, que papeis devia levar, essas coisas. Fui imediatamente recebido pelo Director do Hospital! Boas vindas, de onde era, apresentação do hospital e de como funcionavam as coisas, se precisava de ajuda com alojamento e afins.

Dia 3 fomos (eu e as 3 colegas que lá foram colocadas também) recebidos novamente pelo Director, desta feita com umas boas vindas mais formais, e pelo Director de Internato que nos esteve a mostrar o Hospital, Centro de Saúde, Lamego no seu geral (touring guide) e tratámos das rotações. Comecei por Medicina, tutorado pelo Dr. Calhau!

O Hospital de Lamego funciona num edifício com 120 anos. O serviço onde estou, Medicina, teve obras de remodelação recentemente, pelo que as enfermarias têm muito boas condições. O mesmo não se pode dizer do Serviço de Urgência. O bloco operatório mete inveja aos nossos (ainda digo nossos!) do S. João. Espaçoso e bem equipado.

Recursos humanos. O serviço onde estou, medicina, tem 60 camas entre homens e mulheres (cá ainda não chegaram os indefinidos), 24h de Urgência, consultas e apoio aos outros serviços para 4 Internistas! Trabalha-se duro. O quadro são 8, e espera-se que durante este ano apareçam 2 novas almas. Let's see. A malta de enfermagem é nova, entusiasmada, dedicada e competente. Boa gente.

Métodos Auxiliares de Diagnóstico. Aqui é que a porca torce o rabo. Ou não. Por exemplo, não temos TAC. Mas enviamos o doente fora, a uma clínica convencionada, acompanhado de um enfermeiro e/ou médico se necessários. Pede-se de manhã, faz-se à tarde, relatório por fax ao fim da tarde, imagens dia seguinte de manhã. Lembro-me do HSJ em que se tinha de ir pessoalmente pedinchar por um TAC cerebral aos neurorradiologistas, que nos faziam 3 dias depois, por favor. Hemograma e BioQ na hora (24h/dia). Imunologia segue para o Hospital de Viseu. Parece que as coisas funcionam.

Surpresa. Até na cantina do Hospital se come bem. Prato do dia - Caldeirada de cabrito - 2,6€ :)

Isto comparado com o feedback dos meus colegas do Porto...

Comentários:

Parabéns e bem-vindo. Quanto à indirecta, olha que os km percorridos estão a ter os seus efeitos.

Ainda bem que as coisas estão a correr bem por aí... E de facto é diferente estar longe de um hospital central... com tudo de bom e de mau que isso traz!

Espero pelos próximos posts...  

Tiveste sorte em seres recebido pelo Director.
Tiveste sorte em teres escolhido um distrital médio, porque se fosse um distrital grande (Braga, Guimarães, Vila Real, etc) as vantagens eram desvantagens (simbiose dos defeitos dos grandes com as insuficiências dos pequenos, e mesmo sem Profs, há-os).
Tiveste sorte em ir para Lamego, que por acaso é a terra que me viu nascer.
Mas já agora permite-me que que conte uma história que vivi em janeiro de 1977, quando como tu cheguei a um distrital, o de V N Famalicão.
Fomos extraordináriamente recebidos por um senhor muito simpático, de cabelos grisalhos, que nos mostrou o hospital, etc, etc.
No dia seguinte descobrimos que esse senhor não era o director de nada, mas um simpático (e oportunista)DIM  

Gosto do pormenor dos "uns (bastantes) anos na Faculdade"...
Estiveste lá mto tempo, foi?
E viva o dr. Calhau...

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1º Post

Corria ainda o mês de Dezembro quando o medman me convidou para participar neste projecto internético por ele idealizado. Aceitei. Não comecei logo a postar por estes lados, embora vontade de fazer estragos sobre politica de saúde (ou falta dela), irritações burocráticas ou desabafos ideológicos não faltassem, achei que devia começar com textos que viessem na essência deste blog. Histórias ou estórias médicas. E como apenas comecei a minha vida profissional como médico há um mês, num local longínquo onde ainda não tenho net, fui escrevendo os textos na velha forma - papel e caneta (uma boa maneira de exercitar para escrever nos processos), pelas terras frias peri Douro. Já tenho 3 textos, escritos durante o mês de Janeiro e que postarei durante esta semana. Prometo. Se não houver emergências pelo hospital que me mantenha por lá. Ou jantares cá pelo Porto. Ou...

Comentários:

Bem-vindo à blogosfera...Mto sucesso!!!

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Daquelas que não lembra a ninguém....

Hoje de manhã, tinha já visto os doentes que me estão "atribuídos", resolvi ir falar com um colega que trabalha um piso abaixo. Encontrei-o e fui ajudá-lo a ver os doentes (que são bem mais que os meus, ainda por cima no serviço de medicina) quando dei de caras com um senhor velhinho, daqueles que um tipo não conhece de lado nenhum mas que acha uns castiços quando fala com eles. Este senhor (senhor X) estava internado porque tinha tido, e segundo o colega que o seguia, uma agudização de uma DPOC. Como o senhor era no momento o único da enfermaria que estava sem visitas pus-me a falar com ele e vai dai ele conta que tinha tido alta daquele serviço dois dias antes... Pelos vistos, a ambulância em que foi transportado a casa (que não devia ter balas de oxigénio pelo que percebi) era conduzida por alguém que achava que a fome que tinha era mais importante que o transporte que fazia... vai daí o homem fica na ambulância a penar mais de uma hora e o resultado é o que se vê.... lá está ele internado mais uma vez, com uma boa disposição que mete inveja (pronto, e já agora ficam a saber que sabe umas anedotas do melhor, as quais não podem ser contadas aqui) e a dizer a quem vai passando que quer ir para casa mas "com aquele motorista é que não" (sic).

Comentários:

lol...
Deixar alguém dentro de uma ambulância porque se vai almoçar é crime!!! Se tinha assim tanta fome, ia almoçar antes de fazer o serviço. Este era mais um que devia ir engrossar a lista de desempregados!  

Caro Francisco,

Já quase estou como o outro..... As garrafas de oxigénio (que é aquilo a que me refiro) são também muitas vezes conhecidas como balas de oxigénio.... Este não foi do word. Já aprendeste qualquer coisita hoje estás a ver.  
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terça-feira, fevereiro 01, 2005

Azar?

Não, não me vou referir à derrota do FCP com o Braga, nem tão pouco à dissolução da AR.
Esta estória, passou-se numa consulta de Ginecologia no 5º ano da faculdade. Estava, juntamente com um colega e uma médica ginecologista, a assistir a uma consulta de uma senhora de 74 anos. A senhora queixava-se de incontinência urinária. Perdia urina quando tossia, quando defecava ou quando fazia esforços.
É uma doença relativamente comum, especialmente em mulheres de idade. Naquele caso, parecia não ser uma das formas mais graves e iria iniciar terapêutica farmacológica.
Entretanto, a D. Ermelinda - era assim o seu nome - dirigiu-se para a marquesa para fazer o exame ginecológico. Primeiro vai a ginecologista fazer o toque ginecológico, depois faz a observação com o espéculo e, não encontrando alterações de relevo, pergunta-nos se queremos "praticar" o toque ginecológico.
Ficamos ambos um pouco inibidos (até aí tínhamo-nos mantido na parte da "cabeceira" da doente e portanto ainda não tínhamos visto as suas partes pudendas), mas sabíamos que era algo que tínhamos que "treinar".
Assim, perguntei à D. Ermelinda, se autorizava que fizéssemos nela o toque ginecológico (mais 2 vezes).
De pronto responde, "malandra" a D. Ermelinda:
- Ó Doutores, estejam à vontade... Eu sei que vocês têm que aprender. Têm que aprender agora, que é para depois poderem fazer direito quando fôr preciso... Tiveram foi azar...
- Azar... Porquê D. Ermelinda?
- Ora, porque vos saiu uma velha! Se fosse uma nova aproveitavam melhor...

Comentários:

Ah!! Então é essa a desculpa que os meninos da medicina dão... é só para poderem aprender...
Podiam lembrar-se de desculpinha melhor...  
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